Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

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Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

#59661 | Sérgio Sodré | 05 mar 2004 23:40

Caros confrades

Prossigo a divulgação de informação genealógica sobre este ramo dos Pereira.

RODRIGO ÁLVARES PEREIRA foi legitimado pelo Rei D. Pedro a 26 de Agosto de 1357. A 06 de Setembro de 1356, Álvaro Fernandes, seu tutor, escudeiro do Infante D. Pedro, por carta de doação e morgado, deu-lhe as quintas de Vale de Orjaes e de Águas Belas (Ferreira do Zêzere) com todas as dependências, senhorio, couto, honra, jurisdição e padroado da igreja. A instituição do morgado de Águas Belas foi confirmada pelo Rei D. Pedro a 20 de Maio de 1361. A 14 de Dezembro de 1375, o Rei D. Fernando doou-lhe o senhorio das vilas de Sousel, Vila Nova, Vila Ruiva, e das azenhas de Anhalouro e de Bamlhequero no termo de Estremoz.
Esteve entre os defensores de Lisboa durante o cerco dos castelhanos, em 1384. No decurso do cerco que D. João, Mestre de Avis, fez a Torres Vedras foi aprisionado, sendo libertado em Santarém, quando esta caiu para D. João I. Este, a 09 de Março de 1424, doou-lhe Vila Nova de Cerveira. Mas por desinteligências, acabou por morrer em Castela, perdendo algumas mercês. Era meio-irmão do Condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Casou com Maria Afonso do Casal, de quem teve:
ÁLVARO PEREIRA, 2º Senhor de Águas Belas, possuiu vários reguengos em Melgaço. Foi Mariscal do Rei D. João I. A 21 de Agosto de 1415, participou na tomada de Ceuta. A 08 de Abril de 1423, o Rei D. João I doou-lhe as terras de Santa Maria, Cambra e Refoios. a 25 de Agosto de 1423, o mesmo doou-lhe todas as propriedades de Gil Martins Doutel que fugira de um combate com os castelhanos. O Condestável, seu tio, deu-lhe o senhorio de Sousel e as rendas do Lamegal, Borba e Vila viçosa.
Casou com Inês Lourenço de Abreu ou com Isabel do Carvalhal. Teve:
GALIOTE PEREIRA, 3º Senhor de águas Belas, Senhor de Sousel e de Palmeira. Fidalgo da Casa Real. A 18 de Maio de 1447, foi feito Alcaide-mor de Castelo Mendo e dos lugares de Bouças, Covas, e Póvoas de El-Rei. Foi Alcaide-mor de Lisboa, nomeado entre 1450-54. Em 1463, era membro do Conselho do Rei D. Afonso V, de quem foi camareiro. A 17 de Janeiro de 1463, é substituído como Alcaide-mor de Lisboa, pelo Conde de Monsanto, e a 24 recebe a alcaidaria de Lavre e o senhorio da vila com a jurisdição, como compensação, e parece que outros direitos sobre Montemor-o-Novo.
De Inês Fernandes, teve:
JOÃO PEREIRA, legitimado a 27 de Abril de 1463, 4º Senhor de Águas Belas, e Senhor do morgado de Palmeira. Fidalgo da Casa Real. Parece que, em 1490, recebeu a capitania da Ilha de São Tomé. A 07 de Setembro de 1491, foi nomeado vedor das tercenas reais e do armazém da cidade do Porto.
Casou com Isabel Ferreira, de quem teve:
VIOLANTE PEREIRA, tia de João Pereira, 6º Senhor de Águas Belas, que era demente e morreu sem descendentes, pelo que a Coroa tomou posse do senhorio. Era irmã de Rui Pereira, 5º Senhor de Águas Belas, que se distinguiu na conquista de Azamor, em 1513.
Intentou uma acção judicial contra o procurador dos feitos da Coroa, porque, após a morte de João Pereira, o corregedor de Tomar a esbulhara da propriedade do morgado de águas Belas com base num foral do Rei D. Manuel que contestou. A decisão judicial favorável apenas aconteceu no tempo de seu filho.
Casou com FRANCISCO SODRÉ, que morreu na Índia. Os seus descendentes foram os Sodré Pereira, chefes do nome e armas de Sodré e Senhores de Águas Belas.

Cumprimentos a todos
Sérgio Sodré

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RE: Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

#238447 | Sérgio Sodré | 08 set 2009 14:36 | Em resposta a: #59661

Nesta exposição há erro em datações relativas a RODRIGO ÁLVARES PEREIRA e a ÁLVARO PEREIRA. As datas dos anos 1423 e 1424 ainda estão na Era de César. É, pois, preciso descontar 38 anos. Assim, RODRIGO recebeu Vila Nova de Cerveira em 1386 e ÁLVARO as suas benesses em 1385. Os bens de Gil Martins Doutel foram-lhe retirados por ter fugido da própria Batalha de Aljubarrota, como consta na carta da Chancelaria régia, e ÁLVARO recebeu-os 11 dias depois, sendo referido como Mariscal na carta de doação. Assim, ÁLVARO PEREIRA foi o Marechal do Exército português em Aljubarrota (responsável máximo pela logística e disciplina), e não era filho de RODRIGO mas sim meio-irmão, como já é apresentado por alguns autores, daí não ter o patronímico Rodrigues. RODRIGO passou a Castela em 1389-90 e tudo perdeu em Portugal (existe a carta de transferência de Vila Nova de Cerveira em 1390) mas Águas Belas continuou na família Pereira através do seu irmão (e não filho como muito mais tarde se pensava).

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RE: Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

#238914 | Sérgio Sodré | 12 set 2009 22:21 | Em resposta a: #238447

Continuando a investigar este assunto reparei que a Crónica de D. João I mostra o erro de genealogistas e do ex-director da Torre do Tombo, António Baião, em identificar este ÁLVARO PEREIRA com o 2º Senhor de Águas Belas. Na verdade são personagens diferentes. Fernão Lopes revela que o ÁLVARO PEREIRA Mariscal do Reino era primo e não irmão do Santo Condestável e que morreu pouco depois de Aljubarrota. Adiante refere um outro ÁLVARO PEREIRA, que apresenta como fiel companheiro do Condestável e que recebeu deste Alvaiázere. Esta localidade tem Ferreira do Zêzere (e Águas Belas) logo a sueste. Será que este viria a ser 2º Senhor de Águas Belas? e qual o seu eventual parentesco com RODRIGO ÁLVARES PEREIRA? É para estas questões que vou orientar-me. Entretanto, fica o alerta para as confusões entre os dois feitas por Felgueiras Gayo e muitos outros.
De qualquer forma fica demonstrado que é muito difícil certezas no espaço temporal entre RODRIGO e VIOLANTE PEREIRA.

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RE: Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

#239404 | Sérgio Sodré | 17 set 2009 11:29 | Em resposta a: #238914

Nuno Álvares Pereira oferece Alvaiázere a ÁLVARO PEREIRA na sequência das tréguas com Castela firmadas por 15 anos em 1393. Este ÁLVARO não é referido no que sobrou da chancelaria de D. João I (excepto numa pequena passagem num documento em que talvez seja ele...). Sendo um dos principais companheiros do Condestável e não um jovem pajem fica a dúvida se seria filho de RODRIGO ÁLVARES PEREIRA. Se o fosse, era natural que Fernão Lopes o referisse como sobrinho ou familiar do Condestável quando o menciona na lista das benesses dadas pelo Condestável, mas isso não acontece... Daí a dúvida se foi efectivamente o 2º Senhor de Águas Belas e se o 2º Senhor era mesmo filho do primeiro (RODRIGO) ou apenas parente.

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RE: Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

#239603 | Sérgio Sodré | 19 set 2009 17:12 | Em resposta a: #239404

Na Crónica da Tomada de Ceuta, de Gomes Eanes de Zurara, capítulo XCVI, sobre como os Infantes filhos de D. João I foram feitos cavaleiros após a tomada de Ceuta, também se refere alguns que eles, depois e por sua vez, armaram cavaleiros. Aí aparece um ÁLVARO PEREIRA que foi feito cavaleiro pelo Infante D. Henrique. Seria o 2º Senhor de Águas Belas? Seria o mesmo que aparece entre os companheiros do Condestável na Crónica de D. João I? Zurara também diz que os homens deixados em Ceuta e que pertenciam à força chefiada pelo Infante D. Henrique lá ficaram sob o comando do cavaleiro JOÃO PEREIRA (as forças doutros senhores ficaram sob o comando doutros cavaleiros).

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RE: Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

#239604 | Sérgio Sodré | 19 set 2009 17:14 | Em resposta a: #239603

O problema é que nem o ÁLVARO PEREIRA da crónica de D. João I nem o da crónica da Tomada de Ceuta são nelas referidos como Senhores de Águas Belas.

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RE: Senhores de Águas Belas, até Violante Pereira

#239692 | Sérgio Sodré | 20 set 2009 17:13 | Em resposta a: #239603

Noutro ponto da crónica este JOÃO PEREIRA é denominado JOÃO ÁLVARES PEREIRA e referido como um dos principais fidalgos da hoste comandada pelo Infante D. Henrique... "todos estes levavam a libré do Infante", escreve Zurara.

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