Origem muçulmana dos Gusmões/Medina Sidónia
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Origem muçulmana dos Gusmões/Medina Sidónia
Sabem que a "nossa" D.Luisa de Gusmão, primeira raínha da dinastia de Bragança e filha dos duques de Medina Sidónia, afinal descenderia por varonia de um mouro convertido?
Quem o afirma (indirectamente) é a actual chefe da Casa Medina Sidónia, Luisa Isabel Alvarez de Toledo, numa curiosa entrevista dada à revista espanhola Verde Islam em 1995.
Os Duques de Medina Sidónia procedem comprovadamente de Alonso Pérez de Guzman (1256-1309), conhecido por "Guzman El Bueno", o famoso herói que para defender a praça de Tarifa aceitou o sacrifício do próprio filho às mãos dos sitiantes, sendo depois recompensado pelo rei de Castela com o senhorio de Sanlucar de Barrameda (futura sede da casa Medina Sidónia na Andaluzia).
A historiografia tradicional sempre afirmou que este Alonso Perez "El Bueno" era um grande senhor Leonês (filho de D.Pedro Nuñez de Guzman), o qual, após uma quezília irrelevante com Afonso X de Castela, se exilara voluntariamente em Marrocos, onde se tornou no favorito do Emir Abu Yusuf. Incompatibilizado mais tarde com o filho deste, passa de novo ao serviço dos Cristãos e notabiliza-se, conforme referido, na defesa de Tarifa (1293).
Ora, conta-nos agora a sua descendente Luisa Isabel Alvarez de Toledo ter descoberto em Sevilha um pergaminho de 1288 (contemporâneo portanto de "Guzman El Bueno") no qual se afirma que este senhor nasceu "allen mar", ou seja em Marrocos! Para a duquesa de Medina Sidonia, o fundador da sua família era indubitavelmente um mouro convertido e não um mero transfuga leonês e a argumentação que apresenta faz bastante sentido.
Aqui fica esta nota engraçada, com os desejos de uma boa Páscoa para todos!
Nuno Maria
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RE: Origem muçulmana dos Gusmões/Medina Sidónia
Caro Confrade
Apreciei muito esta sua informação.
Frei V.Diego Carro OP, autor de uma notável biografia sobre Domingo de Guzman (São Domingos de Gusmão),edit. OPE. Guadalajara (España) se refere que "Por los Austrias y Borbones pasó el apellido Guzmán a la mayioria de las cortes europeas". E tb,certamente,em algumas famílias portuguesas (obs. minha).
Uma Páscoa muito agradável para si e todos os seus.
Rafael Carvalho
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RE: Origem muçulmana dos Gusmões/Medina Sidónia
Caro Rafael Carvalho
Estava precisamente a pensar se S.Domingos poderia ser destes Gusmões andaluzes...mas ainda não fiz nenhuma verificação, nem sequer da cronologia.
Agradeço e retribuo os votos de boa Páscoa!
Nuno Maria
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RE: Origem muçulmana dos Gusmões/Medina Sidónia
Bom dia
a Duquesa de Medina Sidónia, comunista feroz que não poupa insultos à família real espanhola e aos outros duques espanhóis (principal víctima sendo a Duquesa de Alba), se fez amarrar à mesquita de Cordoba em fevereiro ou março de 2002 quando um encontro de mulheres muçulmanas estava a ter lugar em esta cidade. A duquesa foi levada à delegacia de polícia onde aproveitou para fazer controversas declarações à imprensa. Eu li isto tudo no "El Mundo" edição de Andaluzia pois eu estava em Málaga à época.
Suponho que ainda se possa ler os artigos no "El Mundo" on-line
Alberto Penna Rodrigues
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RE: Origem muçulmana dos Gusmões/Medina Sidónia
Caro Monigo:
Passo a transcrever as mencionadas declarações da Duquesa de Medina Sidónia:
"El fundador de nuestra familia es Guzman el Bueno. Aparece en la historia como caballero leonés, que baja y en la primera guerra con los musulmanes coge prisionero a un emir de quien se hace íntimo amigo. Cuando se pelea con Alfonso X, el emir le invita a Marruecos. Se va a Marruecos, hace fortuna. Viene a guerrear con Alfonso X. Vuelve a Marruecos en tiempos de Abey Yacob. Se pelea con el hijo, se viene aquí y pasa lo que pasó. Hace siete años, una amiga mia me dice que en Santa Inés de Sevilla hay un documento de Guzman el Bueno. Efectivamente, ahi está, en un pequeño pergamino de 1288. En este documento se dice que este señor nació "allen mar". El unico sitio donde se dice de dónde es. Allen mar, o sea, un musulman. Porque toda esta historia abracadabrante de que en un torneo se pelea - nadie se peleaba - con Alfonso X? Sencillamente, porque el héroe de Tarifa no podia ser de origen musulman. Al fin y al cabo era un heróe. Habia sacrificado a su hijo por defender la plaza. Tenia que ser un cristiano viejo.(...) se monta toda la historia de esa infancia extraña y de esa pelea con el rey que no cabe en cabeza humana, para hacerle cristiano viejo. Y de pronto aparece ese documento y digo: Ah, "allen mar" (...) Oséa, que este tío es del otro lado del mar. Como hasta Aben Yacob no habia fuerzas cristianas, porque Zaid no las tuvo nunca en Marruecos, pues no podia ser hijo de un crisitano que se hubiese ido."
(in Revista Verde Islam, Número 1. Verano, 1995).
Sei (sabemos todos) que Luisa Isabel Álvarez de Toledo é a "Duquesa Roja". Que foi esquerdista, anti-franquista, inconformista e entusiasta das raízes e cultura islâmicas da Espanha.
Mas sei também que possui um dos mais ricos espólios documentais privados da Europa e que há trinta anos se dedica com competência à investigação histórica (ou não fosse neta materna do famoso historiador e académico Gabriel Maura!).
Também não me consta que seja uma mentirosa compulsiva. Se afirma publicamente ter encontrado em Santa Inês de Sevilha o tal documento, há que dar-lhe, pelo menos, o benefício da dúvida...
A argumentação dela também não me parece nada tola. E que a velha história rocambolesca do cavaleiro leonês constantemente amuado com todos os reis de Leão e Marrocos custa a engolir, lá isso custa!
Resta a questão da adopção dos nomes e apelidos (ou seja, um muçulmano passar a chamar-se Alonso Perez de Gusman). Mas essa não era uma prática rara nos recém convertidos: recordo-lhe que o príncipe mouro Cidi-Haya, da família dos reis de Granada, se converteu no sec. XV ao cristianismo com o nome de Pedro de Granada, recebendo dos Reis Católicos o senhorio de Campotejar e o hábito de cavaleiro da Ordem de Santiago. Ou que o nosso Conde D.Pedro de Menezes, 1º governador de Ceuta, por volta de 1419 galardoou um servidor seu com o apelido e armas da sua própria linhagem (cf. A. Braamcamp freire, Brazões da Sala de Sintra, Tomo I, p.396).
Em resumo, à luz da referencia documental indicada e de tudo o resto, não me parece de excluir liminarmente a possibilidade de Guzman el Bueno, fundador da Casa Medina Sidónia, ter sido realmente um prócere muçulmano convertido ao cristianismo e ricamente recompensado pelos reis de Castela com o senhorio de Sanlucar de Barrameda, adoptando nomes próprios cristãos e um grande apelido leonês (se é que Guzman não foi neste caso a mera "castelhanização" de um nome árabe).
Aqui fica a hipótese, à espera de dados mais precisos que a confirmem ou infirmem. Mas não deve ser posta de lado só porque a senhora é politicamente inconveniente ou porque atira umas "bocas" à prima Duquesa de Alba!!!!!
Com os melhores cumprimentos
Nuno Maria Côrte-Real
Mas aqui o que importaSo what?
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