Delegado da Polícia Maritima
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Delegado da Polícia Maritima
Caros Confrades
Tenho um antepassado, Nuno Ferreira de Novaes Ribeiro, que era Delegado da Polícia Maritima na cidade do Porto.
Alguém sabe que posto ou função era esta e onde posso consultar o arquivo relacionado com esta profissão?
Agradeço a Vossa ajuda.
Melhores cumprimentos
JMSA
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RE: Delegado da Polícia Maritima
Caros Confrades
Renovo o meu pedido com o apelo à vossa ajuda. A minha dúvida é se o posto de Delegado da Policia Maritima era ou não militar e se o posto de policia tem alguma comparação com o que é hoje. Gostava também de saber onde será o Arquivo referente ás pessoas que tiveram este posto (Exército, Marinha, Policia?)
Cumprimentos
JMSA
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RE: Delegado da Polícia Maritima
Caro confrade
Porque até agora não teve resposta à sua questão atrevo-me a dar um palpite e com ele poderá surgir a correcção por algum dos Oficiais de Marinha que frequentam este Fórum, ficando nós a ganhar com esse possível esclarecimento.
Ao tempo do Estado Novo havia uma espécie de Marinha de Guerra de 2ª linha, chamada “Brigada Naval” incumbida dumas determinadas funções que pertencendo de facto à Marinha não eram por estas desempenhadas por várias razões, sendo talvez a principal a exiguidade do seu quadro de pessoal a todos os níveis, Oficiais, Sargentos e Praças. Naturalmente, se este quadro de pessoal efectivo da Marinha de Guerra fosse alargado para assim desempenhar todas as funções que lhe deviam ser cometidas, tal acarretaria pesado encargo ao Orçamento Nacional, o que era de todo impensável, na política daquela época com a verdadeira contenção de despesas que se praticava.
Alguém palpitou a ideia da dita Brigada Naval para acudir a necessidades mais prementes como policiamento das praias, embarcações, actividade piscatória, licenciamentos diversos, socorros a náufragos, etc. Era em regímen de voluntariado, ou quando muito, contra um pagamento muito reduzido, quase simbólico, para essas funções ditas de “marinheiros de água-doce”, mas que eram absolutamente necessárias.
Esses voluntários ofereciam-se normalmente pelo gosto de envergar uma farda (bem ao contrário de hoje que os militares de carreira parecem ter vergonha de envergar uma farda…), algum exercício de autoridade, afirmação social e política, etc. Tinham postos idênticos aos da Marinha de Guerra, não passando os seus “comandantes” de 2º Tenente nas respectivas Zonas de Intervenção. Simplesmente um 2º Tenente da Brigada Naval tinha cá uma “panache” que não raro metia num saco um Comodoro ou mesmo um Contra-Almirante!
Dizia-se que também podiam informar politicamente, mas creio que tal não sucederia senão a nível de Governador Civil.
Não asseguro, mas creio que havia por esse país fora várias Delegações da dita Brigada Naval.
Em termos de autoridade, um “cabo-de-mar” podia deter um indivíduo por qualquer infracção cometida, mas não o podia conduzir senão à Capitania da zona, essa comandada por um Oficial da Marinha a “sério” que fazia o julgamento e distribuía a respectiva pena (sem apelo nem agravo!) quando a ela houvesse lugar. Os comandos superiores e até mesmo os intermédios desta organização eram, naturalmente, pessoas da maior confiança do regímen vigente.
E qualquer um, desde que devidamente fardado podia viajar nos eléctricos “de borla”, desde que o fizessem nas plataformas, um por cada! Podiam abastecer-se na Manutenção Militar (então subida honra!), e eram tolerados nas matinées dos cinemas, mas sujeitos aos incómodos saltinhos desde que aparecesse o dono da cadeira…
Conheci um “sr. Comandante” que fazia um figurão nos casamentos, com a sua reluzente farda de gala, cheia de alamares e luzidias dragonas douradas; bicórneo com plumas, cruzando (impecável) a espada com Oficiais “a sério”, numa velha praxe de cortesia! Por acaso esse simpático e muito imaginativo cavalheiro qDt , é mostrado nesta BD como Oficial de Marinha, quando na realidade foi tão só um “comandante” da Brigada Naval!
Mas não é por aí que vem o mal ao mundo…
É minha convicção de que foram úteis em seu tempo, como também o foi a muito propalada e detestada Legião Portuguesa, com a distribuição gratuita do seu suculento caldo acompanhado dum grosso naco de sêmea nas escolas primárias oficiais e a quem o solicitasse aqui em Massarelos, se que se tivesse de “confessar” sobre a sua raça, os seus credos políticos e religiosos…
Cmptos,
MM
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RE: Delegado da Polícia Maritima
Caro Confrade
Muito obrigado pela sua esclarecedora e bem-humorada resposta, mas...este irmão do meu Trisavô nasceu no princípio do sec.XIX! Provávelmente a sua explicação não está muito longe da realidade embora com um século de avanço. Em vários assentos que tenho ele aparece sempre com a profissão de proprietário e Delegado da Policia Maritima...logo devia ter algum orgulho nesse posto. Posso deduzir pela sua explicação que a haver algum Arquivo deste posto, e sobre este meu Tio, ele estará no Museu da Marinha, não é?
Melhores cumprimentos
JMSA
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RE: Delegado da Polícia Maritima
Possivelmente. De facto não sei responder concretamente aos enquadramentos, usos e costumes da Polícia Marítima no séc. XIX
Mas como disse há por aqui muitos Oficiais de Marinha com muito saber.
Esperemos por eles.
Cmptos.
MM
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RE: Delegado da Polícia Maritima
Caro JMSA
Segundo o Anuário de 1909 a Divisão Maritima do Porto era a sede do departamento Maritimo do Norte,e abrangia as Capitanias de Aveiro,Caminha,Espozende,Figueira da Foz,Leixões,Porto(Douro),Viana do Castello e Villa do Conde.
Seria natural a existência de delegados nestas localidades...
Cumprimentos
João Barroca
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