Parada e Silva Leitão

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Parada e Silva Leitão

#71949 | MSPAGraça | 30 ago 2004 13:27

Caros Confrades

Haverá algum conhecedor desta família, que povoou pelo Porto entre as Guerras Liberais e a República?

Tenho dois nomes:

- José Guilherme de Parada e Silva Leitão, liberal, nome de praça no Porto, Lente da Academia, etc., etc. ...

- Estevão Eduardo Augusto de Parada da Silve Leitão, mestre-de-obras e arquitecto, autor de uma famosa casa Arte Nova da Rua da Galeria de Paris...

Queria saber mais sobre este segundo e a possível paternidade daquele sobre este...

Desde já agradeço qualquer informação

Manuel Azevedo Graça

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RE: Parada e Silva Leitão

#71957 | quadros | 30 ago 2004 15:38 | Em resposta a: #71949

Caro Manuel Azevedo Graça:

Disponho dos seguintes dados:

José Guilherme de Parada e Silva Leitão, n. em 1841, filho do Dr. José de Parada e Silva Leitão e de D. Guilhermina da Silva. Casou com D. Maria Augusta Dias Correia, sem descendência.

Estevão Eduardo Augusto de Parada e Silva Leitão, primo co-irmão do anterior, n. em 1844, filho de Luiz Augusto de Parada e Silva Leitão e de D. Maria das Dores Soares de Brito. Casou com D. Gertrudes Glória Salema de Sales Barreto. Com descendência.

Com os cumprimentos do
Américo A. M. de Quadros

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RE: Parada e Silva Leitão

#72007 | MSPAGraça | 31 ago 2004 08:42 | Em resposta a: #71957

Caro Américo A. M. de Quadros

Não sabe o que esses dados me ajudam nas pesquisas que tenho em curso... Faltava-me esta filiação, que me permitirá compreender melhor o percurso de Estevão Eduardo Augusto Parada da Silva Leitão, como técnico (mestre-de-obras, condutor de obras públicas e arquitecto - os três títulos que assinou) e como artista (poderá ter sido por si riscado um dos raros exemplares de Arte Nova no Porto, para além de algumas mais surpresas que trarei a público muito, muito em breve)...

Mais uma vez obrigado.

Os meus melhores cumprimentos
Manuel Azevedo Graça

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RE: Parada e Silva Leitão

#72026 | quadros | 31 ago 2004 16:12 | Em resposta a: #72007

Caro Manuel Azevedo Graça:

Mais uns esclarecimentos.

Luiz Augusto de Parada e Silva Leitão, pai de Estevão Eduardo, nasceu em Elvas, a 23.06.1811, onde o pai era capitão.
O Luiz Augusto frequentou, de 1826 a 1828, a aula régia de Desenho de Figura e Arquitectura Civil; de 1834 a 1835, estudou na UC Filosofia e, em 1841 a 42, o 1º ano de Matemática.
Foi moço-fidalgo, engenheiro civil e lente da Escola Politécnica de Desenho do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa.
Autor de " Jardim Portuense - ensaio de cultura, aclimatação, nomenclatura, vulgarização e comércio das plantas tanto económicas como industriais, como de
recreio e ornato - Porto 1844".
Colaborou em alguns jornais politicos do Porto e de Coimbra.
O Estevão Eduardo é filho do 2º casamento. Casou, em primeiras núpcias, em Coimbra com D. Theresa de Jesus Maire.
Creio que residem no Porto dois netos do Estevão Eduardo: Gustavo Henrique de Parada Leitão Hardman e João Guilherme de Parada Leitão Hardman.
Descendem dos Leitões de Sernache de Bonjardim e de Penacova, donde, também, descende a família de minha mulher.

Com os cumprimentos do

Américo A. M. de Quadros

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RE: Parada e Silva Leitão

#72040 | magalp | 31 ago 2004 18:19 | Em resposta a: #71949

Caro Manuel

Não me canso de mostrar a visitantes da nossa Invicta as tuas belas placas verdes de notícia histórica e com vaidade, vou dizendo que a larga maioria foi feita por um jovem e sábio parente meu!

Pois em relação ao Mestre Estevâo da Silva Leitão, imagino que a tua colega Drª Maria da Conceição Lobo e Silva, incansável investigadora, poderá dar-te muita informação.
Por outro lado, sei que “O Tripeiro” tem as informes que precisas, mas não sei onde! Se me deres a localização dessa biografia (no mínimo, série e ano), copio esse texto enviando-o por e-mail, com muito gosto.

Já encontrei a nossa parente Laura Madureira, mas as gerações de Madureira Lobo apontadas em NFP continuam muito nebulosas, tanto quanto os Queiroz Navarro, os Magalhães Pimentel e ainda os Pinto Bacelar. Nestes, é a cronologia daquela longa sequência de Fernões (antes e depois da Aclamação), não me convence grande coisa…

Abraço,
MM

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RE: Parada e Silva Leitão

#72109 | MSPAGraça | 01 set 2004 13:18 | Em resposta a: #72026

Caro Américo A. M. de Quadros

Mais uma vez, muito obrigado pela ajuda, que tão preciosa foi...

Melhores cumprimentos

Manuel Azevedo Graça

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RE: Parada e Silva Leitão

#72112 | MSPAGraça | 01 set 2004 13:28 | Em resposta a: #72040

Caro MMM

Essa de «jovem e sábio», acerta só no jovem... quanto ao sábio (!!!...), por vezes duvido muito (!!!...)... mas, quando fala das «belas placas verdes de notícia histórica» espero que não esteja a mencionar as novas placas toponímicas, verdinhas-verdinhas e de risco douto de conhecidos senhores arquitectos da nossa praça... De resto, nessas placas há só uma ou outra data e nome confirmados por mim... os textos devem-se a uma excepcional técnica dos serviços toponímicos da Autarquia...

Já quanto aos remos... aí a coisa é diferente... alguns textos são meus e outros que ainda estão na calha provavelmente também o serão... Com algumas falhas, confesso que também é obra que me agrada... (que falta de modéstia a minha!), mas também aqui houve enorme colaboração e espírito de equipa, sobretudo com uma outra também excepcional técnica do AHMP.

Quanto aos Parada Leitão, creio já dispor dos dados necessários... é que me interessam mais os filhos Estêvão Eduardo Augusto de Parada e Silva Leitão e José Guilherme de Parada e Silva Leitão, do que propriamente os pais... E sei que o resultado final vai interessar a alguns dos nossos leitores, nomeadamente ao Confrade Alexandre Burmester e ao Gonçalo VS... Mas, garanto, tem mais que ver com a Arquitectura e o Património, que com a Genealogia...

Uma abraço grande e amigo

MSPAG

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RE: Parada e Silva Leitão

#72238 | manelsp | 03 set 2004 01:32 | Em resposta a: #72112

confesso que é melhor não ajudarem o meu primo MSPAG a babar-se ainda mais... Aposto que ele nem dormiu quando leu aquilo de "jovem e sábio"... Pois é, vamos lá ver se esse trabalho avança mesmo, caro primo... Já sabes que podes contar comigo

um abraço amigo

sabes quem sou (Maria Alice)

Manuel S. P.

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RE: Parada e Silva Leitão

#292592 | rbkiko | 09 dez 2011 23:10 | Em resposta a: #72007

Caro Américo
Fiquei curiosa com este forum.
Ando a ver se descubro a minha familia.
Meu pai chama-se Fernando Alberto de Parada da Silva Leitão Nogueira.
Fui informada que venho de uma familia muito antiga (Paradas Leitões)
vou continuando nestas pesquisas.
Cumprimentos,
Rosa branca

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RE: Parada e Silva Leitão

#292593 | rbkiko | 09 dez 2011 23:21 | Em resposta a: #71949

gostava de comentar sobre este assunto,
Meu pai pertense a esta familia chama-se Fernando Alberto de Parada da Silva Leitão Nogueira.
Cumprimentos,
Rosa Branca

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RE: Parada e Silva Leitão

#303910 | eb | 24 abr 2012 00:13 | Em resposta a: #292593

Boa noite, Sra. Rosa Branca,

Estevão Edaurdo Augusto de Parada e Silva Leitão era meu trisavô, filho de Luiz Augusto de Parada e Silva Leitão. Estou a construir a minha árvore neste ramo Parada Leitão e disponho de alguns dados, de Eugénio Ivo de Parada e Silva leitão, meu bisavô, a José da Silva Leitão, meu pentavô.

Se quiser, contacte-me, pois teria todo o interesse em conjugar os seus dados com os meus.

Cumprimentos,

Eugénio Leitão Borges

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RE: Parada e Silva Leitão

#312005 | Francisco Queiroz | 16 ago 2012 18:56 | Em resposta a: #303910

Caro Eugénio Leitão BOrges: encontrou referências a projectos para monumentos ou túmulos, por parte do seu tetravô?
Obrigado.
FQ

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RE: Parada e Silva Leitão

#312244 | eb | 21 ago 2012 10:27 | Em resposta a: #312005

Bom dia, Caro Francisco Queiroz,

Relativamente ao meu tetravô, Luiz Augusto, não tenho grandes referências. Do meu trisavô Estevão Eduardo é que se encontram bastantes referências.

Cumprimentos,

EB

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RE: Parada e Silva Leitão

#315055 | psilva | 09 out 2012 19:52 | Em resposta a: #71949

Boa noite,
no âmbito da investigação que estou a elaborar de momento, gostaria de saber e se possível as datas de nascimento e falecimento de estevão eduardo augusto de parada e silva leitão, bem como se realmente foi arquiteto.

Muito obrigado.

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RE: Parada e Silva Leitão

#318525 | eb | 02 dez 2012 02:19 | Em resposta a: #315055

Boa noite,

Aqui pode consultar algumas referência genealógicas da família Parada Leitão.

http://pagfam.geneall.net/6606/pessoas.php?id=1131743

Não disponho ainda das certidões de baptismo e óbito do meu trisavô, mas brevemente terei essa informação.

Sim, ele assinou projectos como Eng. Civil, Mestre de Obras e Arquitecto... Nunca investiguei se tinha ou não o título académico.

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RE: Parada e Silva Leitão

#318582 | psilva | 03 dez 2012 11:21 | Em resposta a: #318525

Bom dia,
muito obrigado pela sua ajuda.
Se for possível quando tiver as certidões de baptismo e de óbito, agradeço que me as faculte.
Muito obrigado,

Pedro Silva

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#383969 | Advisor | 28 ago 2017 17:47 | Em resposta a: #71949

Una familia española que tiene entre sus antecesores al general de Artillería e ingeniero Jose Vitorino Damasio, me ha proporcionado fotocopias de tres cartas que escribió en 1875 Jose de Parada Silva Leitão al general Carlos Ribeiro, cuñado de Damasio.

Cabe suponer que con motivo del fallecimiento del ingeniero en octubre de 1875, Ribeiro pidió a Silva Leitão, intimo amigo que había sido del fallecido, que narrase pasajes de la vida, sucesos y convivencias que conociese de Damasio, tal vez con el ánimo de elaborar una biografía de su pariente. El resultado fue una serie de cuatro cartas de las que mi colección comienza en la segunda, y constituyen un panegírico del difunto, una encomiable exaltación de la amistad y una muestra de la calidad humana de Silva Leitão , pues como escribió Cicerón, nisi in bonis amititia esse non posse.

Desconozco si las cartas han sido ya publicadas en algun otro medio, pero como hace años en este mismo tópico el señor Manuel Azevedo Graça buscaba noticias de unos Parada da Silva Leitão, voy a enviar la transcripción de la primera de mis cartas, y en el caso de que el contenido tenga interés para alguien, haría lo mismo con las otras dos.
Advisor

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#383970 | Advisor | 28 ago 2017 17:50 | Em resposta a: #71949

Carta del 25.11.1875 (I)
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Ilmo e Exmo Snr. Carlos Ribeiro
Sem mais preambulos porque o tempo urge, pe/ço licença para continuar n’esta carta, a tratar o asum/pto que encetei na minha precedente; e no memo tom;/ isto é, como se tivesse a honra de estar conversando/ con V. Excia, e expondo os factos á medida que a memoria/ m’os fornece; deixando ao cuidado de V. Excia a sua coorde/nação, que me seria impossivel, visto que estes aponta/mentos tem de combinar-se com os que se obtiverem/ de outras origens./
Como V. Excia diz na sua carta, a minha amizade/ com José Victorino Damazio, foi na verdade bastante/ longa e bastante intima, para eu poder conhecer aque/lle nobillisimo caracter, e fornecer agora alguns dados/ aos seus biographos. A sorte, que em quasi tudo me/ tem sido adversa, foi n’este ponto extremamente gene/rosa commigo, pois me concedeu um amigo, o que já/ é raro, e um amigo como José Victorino Damazio o/ que é rarissimo; vivemos en estreitas relações, e por/ longas temporadas en intima convivencia, durante/ meio seculo; sem que nem um instante a nossa ami/zade fosse desmentida, nem o seria, por mais que a/
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vida de ambos se prolongasse: havía entre nos pontos de/ analogia; que explicão tal vez esta sympathia mutua; era/mos da mesma idade e os mesmos sentimentos/ principiaram os nossos trabalhos na mesma epocha; fo/ram da mesma ordem e do mesmo grau os nossos infortu/nios, fomos camaradas em campanha, companheiros na/ emigração, condiscipulos na Universidade, collegas no/ magisterio, e sempre unidos em política, militando cons/tantemente no mesmo campo; n’estas differentes condi/ções e situações tive por longo prazo favoraveis ensejos/ de o conhecer, estudar e admirar; mas é essa mesma/ longa observação, que me cauza agora embaraço, por/que não sei que factos deva acolher, para dar uma idea/ de quem foi José Victorino Damazio, pois a practica/ constante de toda a sua vida , em todos os instantes, e/ em todas as circunstancias, merece citar-se como mode/lo de generosidade, de abnegação, de modestia, em fim/ de todas as virtudes; nom podendo com tudo escrever mi/nuciosamente a vida d’este homem, pois sou apenas en/carregado de fornecer apontamentos, escolherei, d’entre/
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muitos outros, alguns rasgos da sua vida, que me/ parecem sufficientes para dar a conhecer aquelle caracter singular.
Principiaram os seus trabalhos, assim como os meus,/ em 1828, tendo-nos então ambos nos alistado no Bata/lhão Academico. Como é sabido, o movimento mili/tar de 1828 para sustentar a Carta Constitucional,/ abortou; e os que n’elle tomaram parte, tiveram de/ emigrar para Hespanha; a divisão constitucional, por/ motivos ainda hoje mal diffinidos, e que não me cum/pre agora investigar, retirou de Porto, e tão precipita/damente, que nem tempo houve para recolherem/ alguns dos seus destacamentos e piquetes avançados;/ um d’esses destacamentos pertencente ao Batalhão Acade/mico, em situação arriscadissima, non tendo recebido/ avizo algum, ficou abandonado e como que entregue ao ini/migo; quando, já fora da cidade, constou isto aos academi/cos –que se primarão en valor, não primarão em dis/ciplina-, todo o batalhão, de voz en grito, reclamou/ do seu commandante a salvação d’aquelle destacamento; / o commandante respondeu-lhe, que era forçoso confor/
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marem-se com a sorte da guerra, que já não era/ possivel salvar aquella gente, que o destacamento cum/pria o seu dever, não se retirando sem ordem, mas/ que para lhe mandar essa ordem ou avizo, seria nece/ssario sacrificar, e inutilmente, mais gente porque/ a cidade estava já dominada pelo inimigo; como os/ academicos não se contentarem com estas exhortações,/ o commandante disse-lhes “eu não ordeno a ninguem/ que vá avizar o destacamento, mas se alguem se quer/ arriscar a tanto, eu não me opporei; sahia á frente/ quem se atrever a isso”; mal tinhão acabado de soar/ estas palavras, José Victorino Damazio, então muito novo, deu dois passos em frente e disse “prompto vou/ eu”; e com o consentimento do commandante e pasmo/ dos camaradas, tomou o caminho da cidade para/ cumprir a sua promessa; ora para isso tinha não so/ de percorrer tudo o Porto de norte a sul, mas tambem/ de atravessar o Douro, não o podendo fazer pela ponte,/ que já estava tomada; parecia impossivel, mas para/ Damazio não havia impossiveis; tudo venceu e conse/guiu assim salvar aquelle destacamento, que, sendo de/

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#384017 | Advisor | 30 ago 2017 17:04 | Em resposta a: #383970

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voluntarios academicos não tinha a esperar mizericordia/ do inimigo. Em todas as cidades, sem exceptuar/ mesmo o heroico Porto, ha uma horda de barbaros/ prompta sempre a saudar o sol nascente e apredre/jar o sol poniente; essa horda estava já em movimen/to, e corria pressurosa a receber em triumpho os/ que entravão como vencedores; o destacamento e o seu/ salvador tiveram pois de atravessar essa multidão/ dezemfreada, o que a muito custo conseguiram, mas/ finalmente chgaram a reunir-se ao seu bata/lhão, sãos e salvos, graças ao denodo de José Victorino/ Damazio! Este facto, que eu assevero porque tive/ parte n’elle, sendo uma das praças d’aquelle destaca/mento, e por conseguinte um dos que então deveram/ a vida a José Victorino Damazio, este facto digo, / pode ser confirmado por alguns dos que fazião par/te d’aquella força, que ainda vivem; entre outros/ citarei, pela sua respeitabilidade, o nome do Conse/lheiro José Silvestre Ribeiro. Desde então come/çaram os motivos de gratidão da minha parte pa/ra com o nosso chorado amigo./
O que foi d’ahi por diante José Victorino Damazio/
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como militar, bem sabido é por todo o Exercito; o seu/ comportamento sempre exemplar, briozo sempre, che/gou muitas vezes a tocar as raias do heroismo; como/ por exemplo na defesa do reduto de Vanzeller, onde elle/ commandou a artilheria na acção chamada de Brou/mont, uma das mais renhidas do cerco do Porto. Pe/la sua coragem e intrepidez, José Victorino Damazio muito contribuiu para se obter a victoria n’esse me/moravel dia; posso assevera-lo com todos os que entra/ram n’essa acção: ainda muito tempo depois, o com/mandante d’aquelle ponto da linha, fallando com/migo/ na praça de Elvas, a tal respeito recordava com/ enthusiasmo, a impavidez e sangue frio com que/ José Victorino Damazio esperou, sem se perturbar,/ com a presença de forças muito superiores, o momento,/ em que mais proficuamente podia empregar a sua/ arma; e tão bem escolhido foi esse momento, que/ desde então a victoria se declarou em nosso favor./ Quando, durante o periodo dos nossos desvarios/ politicos, rebentou aquelle movimento militar conhe/cido pelo titulo de revolta de marechaes, achavamo/-nos, Damazio e eu, em Coimbra; e sendo a cidade /
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ameaçada pela força do Duque de Saldanha, fomos/ chamados pela authoridade respectiva, que pretendia/ organizar ali uma resistencia aos invasores, resis/tencia para qual se contava com o Batalhão Nacional/ de Coimbra; deixando agora pormenores desnecessa/rios, basta dizer que, tendo trabalhado toda uma noite/ para dispor essa resistencia, e tendo conhecido que o/ batalhão , com que se contava, estava resolvido pelo con/trario a receber o ataque de braços abertos, ao rom/per d’alva achamo-nos quasi sós; em taes circuns/tancias, não querendo annuir aquelle movimento, na/da mais nos restava fazer senão subtrahirmo-/nos as vistas dos invasores; refigiamo-nos pois em/ casa de nosso amigo Dr. Cezario Augusto de Azevedo/ Pereira, que pertencia ao nosso campo politico, e de/ ali presenceamos a habil manobra que o Duque/ fez executar á sua força na entrada em Coimbra; / manobra de un effeito verdadeiramente theatral,/ em que un punhado de homens e de cavallos, se af/figuram un exercito aos olhos dos habitantes, como/ convinha ao habilissimo general, a bem da causa/ que então defendia. José VictorinoDamazio, tendo obser/
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vado da janella esta manobra, com a attenção de/ quem procurava calcular a força real, a travez de/ todos aquelles aparatos, voltou para dentro e começou/ a passear pela sala a largos passos, silencioso e/ meditabundo; eis que de repente lança mão da banda/ da espada, e do bonet, e dis-nos adeus, dirigindo-se á/ porta para sahir. Onde vai, lhe preguntamos, vocé:/ ao Porto; é necessario que lá se saiba con exa/ctidão o que aqui se passa. mais é-lhe impossivel,/ disemos, sahir d’aqui assim fardado, porque pa/ra ir para a rua, tem de passar pelo quartel general (effectivamente a estrada era commum). Não mudo/ de traje, não sei disfarçar-me, respondeu, e partiu/ a cumprir a missão que se tinha imposto passando/ incolume por entre os seus adversarios, que vendo-o/ fardado, nen sequer imaginavão o arrojo das suas intenções...
P.S. Em outra carta continuarei estes aponta/mentos, apressando-me agora en remetter a V. Excia os que estão feitos, e que lá poderão ser necessarios./ Rogando a V. Excia me desculpe a falta d’ordem n’estes trabalhos, tenho a honra/ de assignar-me
Stª Comba-Dão, Souto Da V. Excia
25 de Novembro 1875 O mais attº Venor e amigo obrgdmo
José da Parada e Silva Leitão

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