Famílias e brasões - dúvidas
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Famílias e brasões - dúvidas
Ex.mos Senhores:
Estou a tentar conhecer alguns pormenores acerca da minha familia, e confesso que são muitas as dúvidas que se me colocam continuamente.
Começo por Fernão Velho de Araújo, Senhor do Paço de Refoios, e vejo que, segundo o Genea, embora o pai pertença à familia dos Azevedos, e tem Azevedo no nome, este seu primeiro filho passa a pertencer à familia dos Araújo. O filho de Fernão Velho, por seu lado, Baltazar da Gama de Azevedo e Araújo, já pertence à familia dos Gama, nome que não é de nenhum dos pais mas da avó paterna. A cada uma destas familias corresponde um brasão de armas diferente, o que também me parece pouco coerente. Poder-me-ão ajudar a interpretar estas alterações, para mim mais burocráticas do que genéticas? Obrigada. Susana Gama.
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Qual o Brasão da Família Galiza!
Olá pessoal!!!Help, quero saber o Brasão da minha família Galiza, quem puder me ajudar, agradecida.
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RE: Famílias e brasões - dúvidas
Olá Susana Gama!
Não estou a perceber ao certo qual é a sua dúvida!
Cumprimentos e votos dum bom 2005!
Nuno Figueira
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RE: Famílias e brasões - dúvidas
Cara Susana Gama
Vamos ver se consigo dar-lhe uma ajuda. Se bem entendo está com duas dúvidas: uma relativa àquilo que chama família e outra relativa a brasões de armas. Vamos a cada uma de sua vez pois me parece que assim será mais fácil.
Do que escreveu depreendi que a sua dúvida sobre famílias tem a ver com o que encontra na Base de Dados do Genea Portugal. Entrando por um dos seus antepassados vai encontrá-lo numa "família" mas os seus pais já estarão noutra, etc. etc.
Esta é uma situação que já, em tempos, discuti com os proprietários deste serviço. O conceito de família, tal como aqui aparece, faz pouco sentido. Consideram-se pertencentes à mesma família pessoas que têm o mesmo apelido e, pelo contrário, pessoas que de facto são da mesma família mas com apelidos diferentes, como parece ser o seu caso, são dada como pertencentes a diferentes famílias. Assim, em minha opinião, ignore esta classificação e concentre-se na sua árvore de costados, e nos seus descendentes. É aí que está a sua família.
Daqui saltamos para a segunda questão que me parece ser a seguinte: Se não sei qual é a minha família como hei-de saber qaul é o meu brasão?
Mais uma vez a resposta estará na sua árvore de costados. Mas começaria por esclarecer o que é um brasão, ou melhor dizendo, o que são armas.
As armas surgem, ao que se sabe, na idade média, como forma de diferenciar os diferentes cavaleiros nas suas actividades. Podemos imaginar que todos eles seriam muito semelhantes quando, a cavalo, usavam as suas armaduras. Assim usavam, pintadas no escudo, nos arreios dos cavalos e na túnica sobre a armadura, desenhos e cores que permitiriam a sua identificação.
Posteriormente o Rei passou a controlar e a atribuir o direito ao uso de armas, através da passagem de uma "Carta de Armas". Nestas cartas se descrevem as armas e são estabelecidos vários direitos, nomeadamente o de as transmitirem aos seus descendentes. Estas cartas referem textualmente o direito de as usar em guerras, de as apôr nas suas casas, etc., etc..
Do que atrás disse ressalta claramente que as armas são individuais (porque possibilitam a identificação) e apenas se transmitem por sucessão ou por atribuição pelo Rei (mercê nova).
O aparente paradoxo que acabo de referir, serem inviduais e poderem ser transmitidas por sucessão, é resolvido com as chamadas diferenças: a cada indivíduo descendente de um armigerado cabiam as armas com a sua diferença. Esta diferença (uma pequena peça colocada sobre o escudo, ou outra forma de diferençar) era, segundo as ordenaçoes manuelinas, definida tendo em conta a origem das armas relativamente ao seu portador (dependia de lhes virem pelo pai, pelo avô, pela mãe, pela avó, etc.).
O único que tem direito (e obrigação) de usar as armas plenas e sem qualquer diferença é o Chefe da Linhagem.
Posto isto, voltemos à árvore de costados. Para saber se tem direito a usar armas não lhe basta ter um apelido relativamente ao qual exista, nesta base de dados ou noutro local, um escudo de armas. O que é apresentado, aqui, como noutras publicações, são as armas do Chefe de uma dada Linhagem a quem, em tempos, foi atribuído o direito ao seu uso. Terá, por isso, que verificar se nos seus antepassados encontra uma ou mais pessoas nestas condições. Quando as encontrar terá o seu problema resolvido.
Uma vez que neste momento não há Rei de Armas não tem quem lhe passe uma carta de armas de sucessão. Assim, restam-lhe diuas hipótese: assumir as armas a que se considera com direito, com as devidas diferenças ou solicitar ao Instituto da Nobreza que lhe passe, substituindo-se ao Rei de Armas, um alvará de carta de armas. Como é óbvio este pedido terá que ser fundamentado e documentado.
Espero ter contribuido para dissipar as suas dúvidas.
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: Famílias e brasões - dúvidas
Caro João Cordovil Cardoso:
Muito agradeço as suas explicações, que considerei bastante esclarecedoras e por isso mesmo uma grande ajuda para a minha investigação.
Segundo posso concluir, as armas são atribuidas a individuos (e por sucessão a suas familias) e não a nomes familiares. É importante saber isto, dado que na minha família, e como na minha família penso que noutras, os últimos apelidos deixaram de ser utilizados por qualquer razão, sem que houvesse no entanto quebra de varonia.
Hoje folheei pela primeira vez um Nobiliário - o de Felgueiras Gayo - e fiquei com essa mesma sensação: no capítulo dos Araújo encontravam-se pessoas que não tinha apelido de Araújo, no dos Costas o mesmo...
Gostaria agora de saber onde posso encontrar esas "Cartas de Armas" de que fala. Será que cada sub-capítulo assinalado com $ no Nobiliário corresponde a uma nova carta de armas, ou uma nova arma com "diferença"? Será que todos os filhos N têm direito a usar o brasão de armas, com a "diferença"? E será que um Capitão de Armas de Cavalaria tem uma Carta de Armas ou Mercê nova?
Por último, eu chego a um certo ponto da minha pesquisa e o Nobiliário, no que me diz respeito, "acaba". Será que poderei encontrar mais informações em Nobiliários mais recentes?
Como pode ver, as minhas dúvidas são primárias.
Com os melhores cumprimentos, agradeço uma vez mais a atenção que me puderem dispensar,
Susana Gama.
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RE: Famílias e brasões - dúvidas
Cara Susana Gama
Gostaria de começar por me congratular com o facto de estar a consultar o Felgueiras Gayo. Demonstra o seu interesse na genealogia e na pesquisa científica. Se faço este reparo é porque surgem, por este Fórum, de vez em quando, uns “pseudo genealogistas” que pretendem que tudo lhes apareça no colo sem fazer qualquer investigação ou pesquisa bibliográfica. Os meus parabéns, portanto.
Felgueiras Gayo será, provavelmente, um dos nosso maiores genealogistas e o seu nobiliário é sempre um óptimo ponto de partida para uma investigação. Todavia, atendendo à época em que foi escrito, quando não eram fáceis as deslocações, temos que ter presente ter sido feito, em grande parte, sem o recurso às fontes primárias mas sim a outros nobiliários e a documentação dispersa. Torna-se, por isso, muito importante a confirmação documental do que de lá se retira. Mas, como este é um problema conhecido, muita desta confirmação já foi feita por outros investigadores e aparece, com frequência, nos trabalhos publicados.
A forma usada no FG para descrever as genealogias descendentes (aquelas em que se começa por um individuo e se apresenta a sua descendência) é uma forma clássica. Partindo de um dado casal são apresentados todos os seus filhos e, logo em seguida, a descendência do filho mais velho. A descendência dos restantes irmãos é apresentada em parágrafos diferentes, que se vão abrindo à medida das necessidades. Este processo vai sendo sucessivamente repetido nas gerações subsequentes.
Deste modo um parágrafo não corresponde, habitualmente, a uma nova família mas tão só a uma forma de facilitar a leitura das gerações. Do mesmo modo não haverá uma relação directa com atribuição de armas novas ou de sucessão a cada ramo. Creio também que não poderemos afirmar que todas as pessoas tratadas em FG tivessem direito ao uso de brasão de armas.
Outra questão que refere é a existência de diversos apelidos, dentro da mesma linha sucessória. Há tempos afirmei, creio que neste Fórum, que a única regra conhecida em Portugal para a atribuição de apelidos era a de que não havia regra nenhuma. De facto é perfeitamente possível, e encontramo-lo a cada passo, que um filho de uma senhora Silva e de um Sousa se chame Montenegro, sem que encontremos este apelido nos seus antepassados mais próximos. Por outro lado, e ao contrário do costume de usar o apelido do pai em último lugar (um “francesismo” de importação recente), era usual usar o apelido da varonia em primeiro lugar (aquilo que chamamos “à espanhola” mas que seria o “à portuguesa” ou quando muito “à ibérica”). É por isso que não é fácil traçar uma linha genealógica partindo de uma pesquisa de apelidos. Por outro lado, e para complicar ainda um pouco mais, por vezes os nosso antepassados usavam, ao longo das suas vidas, diferentes apelidos...
Como provavelmente sabe em seguida ao terramoto de 1755 ocorreu em Lisboa um pavoroso incêndio que terá destruído muito mais do que o terramoto em si. Infelizmente, para nós, o Cartório da Nobreza foi uma das vítimas desse incêndio e assim se perdeu para sempre documentação de seiscentos anos de história. Por esta razão é raro o conhecimento de cartas de brasão anteriores aquela data..
No entanto o trabalho de vários investigadores tem vindo a encontrar estes documentos, ou suas cópias e transcrições, em arquivos diferentes e na posse de particulares. Tem havido um trabalho de divulgação deste espólio, sobretudo em revistas da especialidade de que destacaria a “Armas e Troféus” do Instituto Português de Heráldica e a “Raízes e Memórias” da Associação Portuguesa de Genealogia.
Foi, contudo, o Visconde de Sanches de Baena o primeiro a publicar uma compilação de CB então conhecidas. Esta compilação consta do seu livro “Arquivo Heráldico Genealógico”. Nos nosso dias devemos a Nuno Borrego, nosso confrade neste site, a edição de dois volumes (e ao que sabe um terceiro vem a caminho) do livro “Cartas de Brasão” que compila tudo o que foi publicado desde o livro de Sanches de Baena e ainda acrescenta diversas cartas inéditas. Diria que estes três livros cobrem tudo o que, de momento, se conhece sobre CA.
Quanto às suas duas últimas questões a resposta não é imediata. Um Capitão de Cavalaria, só por esse facto, não era necessariamente Fidalgo de Cota de Armas. Por isso a investigação terá que prosseguir. No que respeita ao “fim da linha” no FG refere-se ao sentido ascendente (partindo de si) ou descendente? Existem outros Nobiliários, mais antigos, onde poderá encontrar a sequência de algumas linhas do FG. Mas este baseou-se, por vezes, nestes últimos pelo que poderá não encontrar mais nada. Entre estes destacaria A “Pedatura Lusitana” de Alão de Morais, O Livro Velho de Linhagens, o Livro do Conde D. Pedro, etc.
Finalmente uma sugestão: se estiver em Lisboa esteja com atenção aos anúncios dos cursos de Introdução à Genealogia e à Heráldica e, se lhe for possível, inscreva-se. São uma boa forma de sistematizar ideias e conhecimentos já adquiridos.
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: Famílias e brasões - dúvidas
Caro João Cordovil Cardoso
Muito grata uma vez mais.
É com grande pena minha neste momento que lhe digo que não vivo em Lisboa, mas no Porto, onde não há cursos, e onde penso que as investigações serão mais difíceis. Acho que mesmo na Biblioteca Municipal não irei encontrar a bibliografia que procuro.
Susana Gama.
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RE: Famílias e brasões - dúvidas
João Cordovil Cardoso,
Tenho me esforçado na identificação de alguns brasões que encontrei pesquisando minha família Pacheco, de origem Portuguesa. Caso tivesse seu e-mail, poderia remetê-los para uma discussão de suas origens.
Lutércio Pacheco
lutepacheco@yahoo.com.br
União da Vitória(PR)-Brasil
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