O conceito de Casa
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O conceito de Casa
Gostava de saber, nas vossas doutas opiniões, o qual é o conceito de Casa, em termos genealógicos e nobiliárquicos.
Se me parece que não existe definição concreta, por outro lado, costuma estar ligado a uma existência de um ou mais vínculos/senhorios (que sustêm a continuidade), presença fisica (de um imóvel, pelo que mais do que só um vínculo religioso), poder económico (com clientela e dependentes, como os irmãos do senhor da dita casa), talvez bens da coroa, etc...
Parece então óbvio que só poderia haver casas anteriores ao liberalismo, será?
E também parece lógico que não está intimamente ligado à existência de títulos ou sequer grandeza... houve famílias que pela acumulação de vínculos e foros poderiam, e foram, chamados "da Casa de.."
Sem querer complicar demais, podemos ainda referir que em termos muito estritos e elevados de Casa (com fidalgos próprios, oficiais, ou até chancelaria) só existiram a dos Duques de Bragança e Vila Real, com fidalgos próprios, e de Aveiro e Cadaval, com chancelaria própria.
É claro que se exclui desta pergunta as Casas dos Infantes, tão comuns na dinastia de Aviz.
Sem mais,
Os meus comprimentos,
Diogo de Belford Henriques
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RE: O conceito de Casa
Caro Diogo deBelford Henriques
Creio bem que não está a fazer uma pergunta.
Produziu uma afirmação que envolve um conceito muito correcto no seu todo. Particularizou até e mto. bem.
Tenho alguma dúvida que o Liberalismo tenha destruído o conceito de Casa. Sequer terá sido essa a sua pretensão. Na prática, modificou dalguma maneira a forma da sua sucessão e permitiu que se podessem alienar (para se poderem fazer mais gastos no jogo e nas "chicas", por exemplo...) bens patrimoniais absolutamente intocáveis, pela razão de ser dos mesmos, dádiva real pela memória que Lhe repesentava e repectivos feitos do primeiro agraciado.
De modo identico, se considerará a Casa-berço de qualquer família mais ou menos antiga, nobilitada ou não, conhecida ou a conhecer.
Subjectividade de talvez difícil explicação, ou mesmo aceitação nos topos da pirâmide social, mas que nosso íntimo se não deixa de sentir.
As doutas opiniões que referiu, (e que não duvido bem andam por aqui) provavelmente estão de férias, pois senão aqui teria já, longa e detalhada explicação. Cumprimentos,
Magalhães
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RE: O conceito de Casa
Ex.mo Senhor,
O Prof. Nuno Gonçalo Monteiro, in:"O Crepúsculo dos Grandes (1750-1832)", cap. 4 - Casa e Linhagem: o vocabulário, págs. 79-97, pode ajudá-lo de certa forma.
Cumprimentos,
Nuno Borrego
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RE: O conceito de Casa
Ex.mos Senhores,
Quero, antes de mais, agradecer a amabilidade da resposta do Senhor Magalhães e da referência dada pelo Senhor Nuno Borrego.
Tendo já lido a importante (e longa) tese do Prof. Doutor Nuno Gonçalo Monteiro continuo a ter várias dúvidas:
O referido autor, por ser um investigador e não um doutrinador, demonstra as várias divergências que existiram (e existem) na actuação da sociedade, nomeadamente da nobreza; a importância dada à geração de um varão e, ao mesmo tempo, como fomos o país europeu que maior relevancia deu à linha materna; por vezes é a linhagem e por outras é a Casa que é mais importante; etc..
No entanto, e depois de reler o capítulo sugerido pelo Senhor Nuno Borrego, penso que podemos citar o seguinte:
" a Casa de um Grande do reino (maiúsculas do autor..) surge-nos, assim, como uma entidade institucional e simbólicamente consagrada, cuja reprodução repousava em mecanismos de autoridade e em noções de dever (...)"
Belíssima definição, quase aplicável ao conceito de Nobreza, mas óbviamente muito abrangente...
Além do mais este autor, na minha modestíssima opinião, liga demasiada importância às relações de apelido ("haviam três casas Mascarenhas", etc..)e menos às relações concretas e geográficas dos senhorios e dos vínculos (excepção feita ao pacto dos Puritanos, que ainda merecia maior estudo).
Não nos podemos esquecer na Corte importavam também as funções oficiais, ou seja, o Marquês estribeiro-mor (Marialva, por ex.) precederia outro Marquês enquanto oficial da Casa Real, e, muitas das funções repousavam em determinadas Casas (como a do Cunhal das Bolas dos Sousa e Menezes copeiros, referidos na polémica aqui ao lado), pelo que isto acrescia a importância da Casa...
O problema do livro do prof. doutor Nuno Gonçalo Monteiro é ser único! São precisos mais, pois assim vemo-nos tentados a encontrar defeitos e faltas que, para serem superadas, necessitariam do trabalho e da cultura de várias pessoas.
Por exemplo, em relação à heráldica, este autor liga irreversivelmente um apelido e/ou título a um brazão de família! Não liga as armas à pessoa, só à família.
Sem contar nem procurar as evoluções duma família, nos casamentos e no poder, na sua representação visual (mais importante que o número de bestas que podíam levar o seu coche!).
Sem mais, que esta já vai longa,
Diogo de Belford Henriques
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RE: O conceito de Casa
Caro Magalp,
Esqueci-me, na mensagem anterior, de referir dois comentários seus:
O que eu pretendo questionar sobre o liberalismo é se seria possível criar uma Casa depois de 1834? sem vínculos ou senhorios?Quanto a manter uma Casa não tenho dúvidas que, o esforço e o mérito, a distância do pano verde e das "chicas", permitiram alguns bons exemplos de continuidade!
Se, além da sua e do Senhor Nuno Borrego houver mais opiniões e mais doutas, que estejam em férias, eu, pacientemente, espero!
Cumprimentos,
Diogo Afonso
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RE: O conceito de Casa
Na minha modesta opinião, e salvo algumas partiicukarizações já referidas noutras mensagens, Casa é geralmente entendida como descendência. Do mesmo modo os bens da Casa tal serão os bens que pertencem aos descendentes de uma dada família. Claro que se existirem bens vinclulados, provavelmente será a estes que nos referimos.
Em abono do que digo citaria a Biblia: José e Marai foram recencear-se a Belém pois José era "da Casa e descendência de David"
Cumprimentos
Joao Cordovil Cardoso
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