Título «Comendador»
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Título «Comendador»
Prezados Membros deste Forum
A quem tenha conhecimento das diversas funções públicas exercidas em Portugal no século XVI e XVII, apreciaria me informassem:
Qual a natureza da função e responsabilidade de um «Comendador» ? ex: «Comendador de Arouca» ou «Comendador de São Salvador da ....»
A quem devia este, a sua nomeação e suas obrigações ? (sociais ? ou administrativas ? ou jurídicas ?)
Agradecimentos anticipados.
Victor M. Pinheiro
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RE: Título «Comendador»
Tanto quanto sei os Comendadores não exerciam funções públicas. A sua nomeação, função e responsabilidade estava determinada pelos estatutos da ordem militar a que pertenciam as Comendas ou o domínio senhorial.
Embora exista mais bibliografia sobre o assunto, pode encontrar algumas pistas em: As vésperas do Leviathan: instituições e poder político: Portugal - século XVIII / António Manuel Hespanha. Coimbra: Almedina, 1994.
Cumprimentos
Jorge Afonso
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RE: Título «Comendador»
Prezado Jorge Afonso
Digo-me muito grato pela informação enviada. Por ela, fico desde já a saber que se trata de uma função militar. Interessar-me-á ainda saber qual a distinção entre «comenda» e «domínio senhorial». Aprofundarei então essa informação através da bibliografia referida, na minha próxima passagem por Portugal, a não ser que a mesma possa ser consultada através da Net, o que duvido.
Melhores cumprimentos e agradecimento.
Victor M. Pinheiro
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RE: Título «Comendador»
Caro Victor M. Pinheiro
Embora tenha referido as ordens militares, a função exercida não era militar. As comendas mais não eram do que determinados territórios detidos pelas Ordens (o seu domínio senhorial) entregues a membros dessas Ordens e por eles administrados, daí obtendo um determinado rendimento.
Embora não tenha acesso ao livro na Net, sempre tem o site do autor (http://www.hespanha.net/), onde está um artigo sobre comendas e muito mais.
Cumprimentos
Jorge Afonso
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RE: Título «Comendador»
Prezado Jorge Afonso
Muitíssimo obrigado pelo complemento de informação, ou antes, preciosa informação. Consulto de imediato o site referido.
Cumprimentos.
Victor M. Pinheiro
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RE: Título «Comendador»
Caros confrades, saúde.
E os comendadores do Vaticano, dos quais houve muitos no Brasil no século XIX e princípio do vinte? E, que eu saiba, em geral, portugueses e italianos.
Cumprimentos do
Luiz M. Sá
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RE: Título «Comendador»
Caro confrade
No séc. XIX e XX, com o liberalismo e a sociedade contemporânea, as comendas são apenas títulos honoríficos ou meras condecorações. Ademais as próprias ordens militares religiosas foram extintas e as suas comendas e conventos expropriados e vendidos a particulares como "bens nacionais". Só os nomes e os símbolos se mantiveram, agora "emprestados" às condecorações concedidas pelo Estado.
Cumprimentos
Sérgio Sodré
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RE: Título «Comendador»
Prezado Membro
A informação que prodiga na sua mensagem leva-me a pensar que tem com certeza um grande conhecimento da função dessas comendas e de seus comendadores. Permita-me então perguntar-lhe qual a função, na época (c.1550) do Comendador de Arouca em relação à sua comenda. O que é que ele administrava ou regia nessa Vila de Arouca? A que ordem pertenceria a mesma comenda ?
O facto de residir no estrangeiro impede-me de ter accesso fácil a essa informação, razão pela qual ouso solicitar-vos.
Agradecendo, com os melhores cumprimentos,
Victor M. Pinheiro
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RE: Título «Comendador»
Caro Victor M. Pinheiro
Mais algumas achegas, agora que deu informação mais concreta. A Comenda de Arouca pertencia, muito provavelmente, à Ordem de Cristo. Não tenho ainda dados mais concretos, mas certamente na Torre do Tombo devem existir os tombos desta comenda, documentos onde se poderá perceber o que era administrado, por quem e como. Pode ser que se indicar o nome do comendador se possa chegar a outros elementos, pois sobre as comendas da Ordem de Cristo já existe alguma bibliografia.
Recomendo mais bibliografia:
A estrutura dominial portuguesa dos séculos XVI a XIX (1834) / Armando Castro. Lisboa: Caminho, 1992;
The Military Orders established in Portugal in the Middle Ages: a historiographical overview / Paula Pinto Costa. Disponível em pdf em http://www.brown.edu/Departments/Portuguese_Brazilian_Studies/ejph/html/current.html (tem uma vasta bibliografia e bastante actualizada).
Aproveito para fazer uma correcção em relação ao que foi dito sobre as comendas enquanto títulos honoríficos ou meras condecorações. Pode parecer que é recente esta situação, mas a história é outra. D. Maria I em 1789, portanto nem no século XIX nem no XX, reformou os estatutos das ordens militares e extinguiu a independência ou autonomia dos respectivos mestrados, chamando a si e para aos seus sucessores os destinos das ordens militares. É necessário entender que as ordens militares no final do século XVIII já não tinham qualquer relação ou semelhança com as antigas ordens de cavalaria. Já nem sequer a sua actividade correspondia aos ideais que deram origem à sua criação. Sendo assim, tratou-se apenas de uma medida financeira, para ajudar um Estado que naquela época já andava bastante depauperado, tendo alguns bens sido incorporados no património da Coroa e outros vendidos, numa operação muito semelhante às actuais privatizações. Sendo assim, foi no final do século XVIII que se procedeu a uma alteração profunda do estatuto das «comendas», tendo passado a honoríficas as chamadas comendas vagas, ou seja as comendas que na época não tinham administrador. Das que restaram, algumas chegaram a ter o seu comendador ou comendadeira até quase ao final do século XIX!
Resta a questão das insígnias. A reunião das três principais ordens, Cristo, Avis e Santiago, deu origem a uma insígnia exclusiva dos monarcas, hoje do Presidente da República, a «Banda das Três Ordens» e à designação de Grã ou Gão Mestre das Ordens Militares. De modo algum se pode ou deve confundir as antigas comendas com as que actualmente são atribuídas. Mais ainda, porque o título de comendador é apenas um dos graus concedido dentro de cada Ordem Honorífica e tem sido assim praticamente desde 1789!
Cumprimentos
Jorge Afonso
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RE: Título «Comendador»
Prezado Jorge Afonso
Uma vez mais agradeço a sua intervenção e em particular os novos elementos de informação que me enviou, os quais, para os fins imediatos em causa, me são mais que suficientes.
Com eles me sinto amplamente gratificado na minha curiosidade. Aguardarei porém melhor oportunidade para consultar os arquivos do Tombo que refere.
Informo que os dados que me preocupam (curiosidade unicamente) dizem respeito aos Comendadores de Arouca, Pantaleão Roiz Malafaia e seu filho, Melchior de Malafaia, respectivamente da Comenda de S.Salvador da Várzea, e da Comenda de Trancoso (Ordem de Cristo).
Será pouco retribuir, mas queira dispor se em algo posso ser de alguma utilidade.
Sinceros cumprimentos.
Victor M. Pinheiro
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