Qual a imporatncia da Genealogia??

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Qual a imporatncia da Genealogia??

#96689 | alexandre,o grande | 27 jul 2005 06:02

caros amigos

é elementar que todos sabemos qual a importancia da genealogia em nossas vidas...
Entretanto gostaria de saber: qual a sua opinião a respeito da importancia da genealogia para o ser humano?

eis a questão proposta.

meus cumprimentos

Eduardo Oliveira Ferreira

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RE: Qual a imporatncia da Genealogia??

#96745 | chartri | 27 jul 2005 20:05 | Em resposta a: #96689

Para quem dispoe de tradição nobiliarquica documentada - merces, cartas, escrituras ... - facil se torna seguir honestamente o curso genealogico descendente ou ascender as origens atraves dos elementos que interligam a estratificaçao das gerações.
Mas muito dificil se apresenta a tarefa para quem tem de reconstruir, por si só, toda a sucessão ascendente de avoengos quando atinge o topo dos registos paroquiais e estes emudecem para alem do seculo XVII o que e normal ou XVI no melhor dos casos, por inexistentes.
Em Lisboa, por exemplo, o terramoto de 1755 e o incendio consequente destruiram muitos dos livros dos arquivos paroquiais. Dai que, em algumas paroquias da capital, só se encontrem registos posteriores salvo alguns assentos de datas anteriores lavrados a pedido dos interessados e com autorizagao superior com base em certidoes canonicas ou do Santo Oficio. E algumas, bastantes, aldrabices foram feitas.


O interesse dos particulares era raro. - Exceptuando situações de ordem pratica, as pessoas desinteressavam-se dos registos, ou ate se furtavam a eles, como amargamente se queixava, no declinar do seculo XVIII o paroco de S. Juliao de Lisboa escrevendo no livro de obitos que os seus fregueses enterravam nos mosteiros e conventos os seus defuntos sem declarar o obito para nao pagarem emolumentos.
Aos assentos, alias, era dado o valor de registo do sacramento: o baptismo com os Santos Oleos, o casamento com o rito tridentino da Santa Madre Igreja e o obito com a extrema unção e nao o valor registral, de fé publica, dos actos de nascer, casar e morrer.
Deste modo é muito vulgar encontrar-se o baptismo de alguem que nao consta nos matrimonios nem nos obitos, como tambem deparar-se o assento de casamento sem que se veja o baptismo, ou encontrar-se o obito de um viúvo ou viuva de quem nao figuram o baptismo nem o matrimonio.
De resto as pessoas, muito frequentemente, nasciam, viviam e morriam em casais perdidos no isolamento dos campos e, ou nunca vinham a vila ou se o faziam era com preocupações diferentes das de procederem aos seus registos e da sua progenitura.
Os parocos, pacientemente, lá iam procurando que os seus fregueses cumprissem os sacramentos, ao menos os que ficavam mais ao alcance da porta da Igreja.

Mas a população não nobre era maior do que a nobre, daí que hoje é raro poder-se dizer que os nossos avoengos são dos tais nobres com registos, nomeadamente devido a compras e vendas de grandres propriedades (que eram, essas, sim registadas em notários)

A pesquiza genealogica, para quem não descende de familias muito ilustres (e isto é a maioria dos cidadãos do mundo) em cujos cartórios gerações de Capelaes foram inscrevendo e fazendo guardar os sucessos das familias historiadas em manuscritos onde se registavam os nascimentos, os casamentos e os óbitos, as idas a Africa, à India ou ao Brasil, as carreiras militares e as honras recebidas entre outros factos dignos de memória, não é facil, nem cómoda tal pesquiza.

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Lembro que os apelidos era coisa muito pouco cuidada, pois davam-se os apelidos dos padrinhos (este na maioria dos casos nobres) ou do paí ou da mae se um destes era mais conhecido (ou rico) la no sítio. Daí que muitos quando descobrem um antepassado com , por exemplo o apelido de Menezes, não cuidam de saber se o apelido foi dado por um padrinho (ou pelo médico (!) o cuidou ) ou se descendia verdadeiramente de um Menezes (neste caso). Muito dos apelidos estrangeiros (alemaes e ingleses) foram adquiridos pela estadia de soldados que acompanhavam o Conde de Liepp no século XVII e XVIII ou de um oficial que acompanhava o exercito britânico durante a guerra peninsular, por exemplo.

Quem quiser alcançar os seus remotos antepassados e reconstruir a evolução da sua família, tem de precaver-se com a maior reserva de paciencia, teimosia, pertinácia, método, atenção e vontade firme, e honestidade intelectual, sem o que mais vale não se aventurar nestes domínios.

Mas quem, prevenido, o queira fazer, encarando a investigação genealogica como un desafio às melhores qualidades do seu caracter r do seu espirito e da sua honestidade, há-de alcançar resultados que, sejam quais forem e chegue onde chegar, lhe darão a maior satisfação que uma tarefa de pesquiza intelectual pode dar a alguem.

Dí, caros colegas, que quando vejo alguem dizer que tem antecedentes conhecidos e garantidos no século XII, permito-me de duvidar. E digo-vos com conhecimento de causa.

Um abraço amigo e desculpem este desabafo que preferi fazer no "off-line" para não ser deturpado, como já aconteceu com outros confrades

Ricardo Charters d'Azevedo

PS: não sei porquê mas a maioria dos acentos, foram-se

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RE: Qual a imporatncia da Genealogia??

#96789 | JCC | 28 jul 2005 11:10 | Em resposta a: #96745

Caro Ricardo Charters de Azevedo

Gostaria de lhe testemunhar a minha concordância com muito do que diz. Então no que se refere às linhagens medievais não podia estar mais de acordo: sem fontes primárias muitos vão "criando" as suas genealogias baseadas em semelhança de nomes (e, como sabemos, nos tempos dos petronímicos haveria muita gente com os nomes identicos, para falar apenas destes), numa mais ou menos existente coerência de datas, extrapolando dados dos antigos nobiliários e livros de linhagens que, como se sabe, muita vezes repetem os mesmos erros à força de servirem de fontes uns dos outros, etc., etc..

Ainda há dias, num dos tópicos deste site, e em tempos bem mais próximos, havia dois nossos confrades que admitiam pertencer à mesma família uma vez que tinham antepassados, neste caso senhoras, que usavam o mesmo "apelido". Acontece que, no caso em apreço, o referido "apelido" era, muito provavelmente, um nome próprio já que as senhoras se chamariam (e agora invento) Pulquéria da Anunciação e Marília da Anunciação. Como é "óbvio" ambas pertencem à mesma famíla dos "Anunciação" pese embora as terras da sua naturalidade distarem umas dezenas de quilómetros e "Anunciação", neste casos, não ser provavelmente mais do que o nome das ditas senhoras que, como era frequente nas classes populares, não usavam qualquer apelido.

No entanto já não estou tão de acordo quando diz que o povo não se preocupava com os assentos. De facto povo não estaria preocupado mas, como a sua religiosidade estava muito vincada, para que pudesse ter acesso aos sacramentos e/ou a um funeral cristão, precisava que o seu pároco tivesse registado os acontecimentos mais marcantes da sua vida religiosa.

Pelo menos na região em que tenho feito a maior parte dos meus estudos, o Alentejo (freguesias rurais do concelho de Évora) tenho encontrado e conseguido reconstituir muitas linhas até ao início dos livros de assentos, de gente humilde, tabalhadores rurais, rendeiros e lavradores e não apenas dos grandes senhores das terras. Admito perfeitamente que noutras regiões possa ser diferente, mas esta é a minha experiência.

É claro que para trás do inicio dos registos as fontes primárias apenas podem surgir em testamentos, escrituras, mercês, etc. o que as limita aqueles que tinham bens ou se distinguiam da mediania.

Cumprimentos

João Cordovil Cardoso

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