casamentos 100 anos lisboa

Completámos o levantamento sistemático e a indexação de todos os casamentos realizados em Lisboa entre 1 de Janeiro de 1800 e 31 de Dezembro de 1900. Este levantamento está desde hoje disponível no Geneall. A indexação destes cem anos de casamentos na capital é em si, um marco histórico para a Genealogia portuguesa. Para quem investiga, Lisboa tem seguramente a maior dificuldade de pesquisa no país. Aqui se concentraram gentes vindas de todos os cantos e, naturalmente, do estrangeiro. Lisboa é o maior aglomerado populacional de Portugal com as suas 48 freguesias. Encontrar um casamento em Lisboa no século XIX era procurar uma agulha num palheiro. A partir de hoje deixou de ser.

Ao longo dos séculos, foram vários os marcos que caracterizam os paroquiais como fonte primária da investigação genealógica.

O primeiro é o da sua própria criação, decidida no Concílio de Trento no séc. XVI. A partir de então, todo o mundo católico passou a registar, em livros próprios, todos os baptismos, casamentos e óbitos.

Para Portugal, outro importante marco é o Decreto de 1911 que cria o Registo Civil. Simultaneamente, este decreto manda recolher aos arquivos distritais os paroquiais anteriores das igrejas. Esta medida, que foi mal recebida na época, teve a vantagem de assegurar a preservação desses arquivos. Ao contrário do que se passou em grande parte do resto da Europa, proporcionou-se a sua conservação em bom estado. A centralização destes registos nos arquivos nacionais e distritais, uniformizou os critérios de acesso aos investigadores, tendo também permitido uma possibilidade alargada de pesquisa.

Nos anos '90 do século passado, o Secretário da Cultura António de Sousa Lara determinou a completa inventariação dos paroquiais, dando origem a 2 volumes do "Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais", publicados pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Já no séc. XXI, o programa Digitarq, que tem como objectivo digitalizar toda a documentação existente nos arquivos nacionais e disponibilizá-la na internet, iniciou a sua divulgação on line. Apesar de todas as vicissitudes que o projecto tem sofrido ao longo destes últimos anos e que são conhecidas de todos os investigadores, é incontestável o enorme avanço que se alcançou, permitindo o acesso a este núcleo arquivístico com maior facilidade e, sobretudo, sem os constrangimentos dos horários ou o imediato acesso a grande parte dos arquivos existentes nas capitais de cada distrito.

Contando em Lisboa com a intervenção do Gabinete de Estudos Olissiponenses e da Associação dos Amigos da Torre da Tombo, que executaram em tempo a conversão dos microfilmes para formato digital, quase todo o Distrito de Lisboa está já acessível na net, ao contrário do que se passa com os restantes arquivos nacionais (à excepção dos arquivos da Universidade de Coimbra e do Arquivo Distrital do Porto).

Se a disponibilização das imagens on line é, como referimos, uma importantíssimo avanço histórico, a indexação dos seus conteúdos é um instrumento fundamental para a eficácia das pesquisas. E, nessa medida, 100 anos de índices de casamentos de Lisboa não pode deixar de ser considerado, também ele, um marco na história dos registos paroquiais. Esta tarefa levantou, no seu arranque, muitas dúvidas a importantes responsáveis dos arquivos nacionais que duvidavam da sua continuidade. Estão agora definitivamente esclarecidos: a obra está completa e acessível. Iremos prosseguir, para já, até 1911 - ano em que terminam os registos paroquiais da Igreja com carácter exclusivo e oficial. Seguiremos depois para os séculos anteriores e de Lisboa, partiremos para mais.

A experiência acumulada de 15 anos de gestão de uma base de dados única como o Geneall, a criação da página das "Memórias Genealógicas de Lisboa" - agora em reformulação - e este levantamento sistemático dos índices de casamentos de Lisboa, estimulam-nos a pensar em voos ainda mais altos. Lá iremos!

A equipa do Geneall

06 maio 2016