Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
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Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Estou habituado a ver as senhoras de extractos sociais não elevados identificados nos paroquiais apenas pelos nomes próprios, aliás mais vulgarmente nome próprio e invocação religiosa por vezes transmitida de mãe para filha; e se algum apelido aparecia era normalmente o da mãe. Aliás já vi alguns casamentos em que a noiva assina com apelido e o padre não lho dá no assento.
Fiquei assim surpreendido com um assento de casamento entre Estefânia de Melo, f.d. Manuel de Melo e Bernarda de Melo, com Francisco Fernandes Caldeira, f.d. Manuel Fernandes e Isabel Fernandes. Ele contraente primeiro c.c. Maria dos Ramos, f.d. Manuel Domingues e Maria Francisca; segundo c.c Filipa Vaz, f.d. Silvestre Jorge e Maria Jorge; terceiro c.c. Ana Francisca, f.d. (ilegível) Francisco e Madalena Francisca.
Por curiosidade, segui alguns assentos do mesmo livro e confirmei que, quase sempre, as mães apareciam com o apelido dos maridos o que, seria concerteza em prejuízo da invocação porque, na grande maioria dos casos, seriam conhecidas. Idiossincracia daquele padre ou ocorre com alguma frequência?
A. Luciano
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Caro A. Luciano,
A experiência que tenho quanto a esse assunto é que, praticamente até ao século XIX, e em freguesias rurais mesmo até à segunda metade do século XIX, quase nunca encontrei as senhoras designadas pelo apelido do marido, salvo, evidentemente, quando o tinham pelos seus próprios ascendentes. Como é assunto que também me interessa muito, gostaria de saber em que época e local encontrou esses exemplos; será seguro que essas senhoras não tinham esses apelidos pelos seus ascendentes?
Genericamente quanto a apelidos de senhoras até ao século XIX encontrei de tudo, mas praticamente nunca a adopção do apelido do marido; encontrei apelidos de devoção, apelido do pai, ausência de apelido, apelido da mãe, de uma avó de uma bisavó ou mesmo de algum ascendente mais recuado por uma ou outra via. Isto em extractos sociais variados, embora haja maior variedade nos extractos mais elevados, com o aparecimento de apelidos múltiplos, em alguns casos a partir do século XVI, mas com maior frequência a partir do XVIII, quando surgem casos com três ou quatro apelidos. Teria o maior interesse identificar os casos de adopção do apelido do marido antes do século XIX; a ideia que tenho é que, pelo menos em alguns casos, terá começado em meios comerciais devido aos nomes das firmas e à designação das viúvas de comerciantes. Na segunda metadde do século XIX já se encontram muitos exemplos e no século XX terá passado a ser a regra, tendo agora começado outra vez a declinar (lentamente).
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Caro António Bivar,
A experiência que tem é idêntica à minha e por isso fiquei surpreendido. Ainda não posso asseverar que não se trate de concidência e elas tenham os apelidos pelos ascendentes e passar-se-ão meses antes de ter tempo de ir aprofundar essa questão. No entanto parecem-me coincidências excessivas.
A citada Estefânia de Melo poderá ser uma que me interessa mas se for, o que é provável, será por um segundo casamento e realmente, com o pouco tempo de que disponho, investigar o 1º marido e os seus casamentos anteriores, não me parece.
O contexto é a primeira metade do séc. XVIII - o assento é de 7.6.1739 de Cadima, no concelho de Cantanhede - e creio tratar-se de gente de classe média em meio rural mas apenas tenho indícios indirectos pois nada mais pesquisei do que paroquiais e nunca me apareceu uma profissão, excepto e em casos raros um licenciado ou um capitão de milícias como padrinho ou testemunha.
Do que já me apercebi alguns apelidos - neste contexto temporal e regional - parecem ter mais "força" do que outros. Este Melo é sempre transmitido, as senhoras usam-no e as mais das vezes os varões vão buscá-lo às mães preterindo os paternos. Pode ser que tenha origem nobre pois apresenta o mesmo comportamento de Barreto, este com origem nobre originado em Velhos (embora sem ligação conhecida aos célebres Barretos Velho) e ligação a Barbudas. Mas, por exemplo, Murta, para que não antevejo origem nobre nem sequer única, tem um comportamento semelhante e, nas duas ligações que encontrei, transmitiu-se com prejuízo de Melo e de Mendes Barreto, que já vinham assim ligados há 3 ou 4 gerações.
Não creio que seja possível formular regras gerais em Portugal, mas com os paroquiais on-line e muitos curiosos a fazerem levantamentos sistemáticos das suas freguesias parece-me vir a ser possível identificar tendências regionais num dado quadro temporal.
Pessoalmente, acho horrível o que está a acontecer com a actual ditadura informática mas de facto, é apenas um novo desenvolvimento do que tinha acontecido com a aplicação pelos liberais de 22 das regras do código administrativo napoleónico. E, verdade seja dita, quase sempre houve a tendência para preferir um apelido banal mas anódimo, tipo Silva, Santos, etc. - a outro mais invulgar mas que denotava origem popular.
Nesta gente que estou a levantar, encontrei 2 gerações de "Vergonhas" - podem haver mais para trás - que, por eles ou, mais certo por iniciativa do padre, foram transmutados em Borgonhas e logo de seguida desaparecerem nos Marques, Gomes ou Mendes, maternos.
A. Luciano
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Caro A. Luciano,
Nessa época e numa freguesia rural parece-me realmente um caso muito interessante e que merece esclarecimento. Até ver, ainda apostaria em coincidências pois havendo essa preferência por determinados apelidos (o que também tenho encontrado sistematicamente) e tratando-se de um meio pequeno aumenta a probabilidade de uso do mesmo apelido por um par de noivos; tenho encontrado diversos exemplos dessa situação e lembro-me de um caso em que até terá havido provável confusão do padre, aumentando artificialmente a coincidência de apelidos. Trata-se do casamento de uma minha "tia-antepassada" em que o padrão de nomes no assento era: a noiva D. Rosa Teresa de Castro, filha de Inácio Rebello de Castro e D. Jacinta Antónia de Castro, o noivo António de Castro Soares, filho de António Filgueira de Castro e Francisca da Rosa (freguesia de Badim, Monção, entre 1723 e 1724 - a data certa está ilegível). Ora o pai da noiva nunca aparece com "Castro" em mais nenhum documento nem na respectiva assinatura, nem sequer num processo de HSO de um neto em que se esclarece a sua filiação e em que também não aparece rasto de Castros (chamam-lhe sempre e só Inácio Rebello, com pais galegos); quanto ao Castro de D. Rosa Teresa parece vir pela Mãe e tem origem próxima muito distinta do Castro do noivo, só se ligando eventualmente séculos antes. Nos assentos subsequentes referindo este casal (baptismo de filhos, por exemplo) aparecem sempre referidos como "António de Castro e Rosa Teresa de Castro" parecendo exemplo de adopção do apelido do marido pela mulher quando manifestamente o não é, como já o não era o uso de Castro pelos pais da noiva atribuido no assento de casamento.
O Castro de António pode ser seguido no Gayo e confirmado até certo ponto no processo de habilitação para a Ordem de Cristo do pai, sendo dos de Melgaço, ao passo que o de D. Jacinta, mãe da noiva, vem da Galiza (Salvaterra), vindo de uma ligação Pereira de Castro - Castro Sarmento (Sarmento de Valladares) que por uma linha parece entroncar nos "Pereira de Castro Caldas Lobato" de Monção no século XVI mas em que o uso próximo do Castro neste ramo de Sarmentos de Valladares tem ainda outra explicação em que não está esclarecida a ascendência Castro mais remota, sendo de suspeitar que também entronque nos de Monção, devido ao uso também do apelido "Lobato". Ou seja, a ligação presumível com o Castro do marido parece ser anterior ao século XVI. É de notar que também nos assentos referindo os avós maternos de D. Jacinta (Cabreira, Salvaterra, Galiza, primeira metade do século XVII em diante) aparece uma vez "Francisco Pereira de Castro" e "Maria de Castro Sarmento", mas na maioria aparece a mulher apenas como Maria de Castro, o que poderia levar à conjectura que o Castro poderia vir pelo marido; neste caso só não seria provável que se fizesse essa conjectura porque o nome do marido aparece mais frequentemetne abreviado em "Francisco Pereira".
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Discussão muito interessante. Partilho da mesma opinião em tudo.
E, já agora, que me dizem de um marido que adopta o apelido da mulher, na primeira metade do século XIX? Aconteceu com um antepassado meu. O que se dizia na família é que ele gostava tanto da mulher que adoptou o apelido dela. Aliás, se bem me lembro, eles terão falecido ambos no espaço de alguns dias e o(a) segundo(a) morreu "de desgosto".
Cumprimentos;
Francisco Queiroz
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Caro António Bivar,
Não tenho realmente tempo para aprofundar este caso mas continuo a entender que seriam coincidências excessivas. Ao reler a sua primeira mensagem e cotejando a sua experência com esta gente que estou a levantar, verifiquei apenas duas omissões: não me aparecem apelidos anteriores a avós e nunca me aparecem mulheres casadas apenas com o nome próprio. E mesmo as solteiras, intervindo como testemunhas (raramente) ou madrinhas, só têm apenas o primeiro nome quando identificadas como filhas de X e entendo isso como pressupondo o uso do mesmo apelido do progenitor, à semelhança do que vejo em asssentos de casamento em que o noivo aparece como, p.ex., João, filho de Francisco Marques da Silva e nos assentos de baptismo dos filhos é João Marques da Silva.
Admito por isso que, por motivo que desconheço, a "cultura" obrigasse à identificação com mais do que apenas um nome próprio. Assim, especialmente em casos em que os pais dos nubentes eram de freguesia ou mesmo apenas lugar diferente, seria possível que apenas com a informação do nome próprio, o padre acrescentasse de sua autoria o apelido do marido. Seria assim idiossincracia do padre mas não adopção do apelido pelas próprias.
Um outro exemplo - não único mas o mais expressivo - pode de certa forma corroborar esta possibilidade. Uma Teresa, casa Teresa do Espírito Santo na freguesia natal mas vai viver para a freguesia do marido, onde é mãe de 9 filhos e aparece como Teresa de Jesus - o nome de devoção da mãe dela - como Teresa Mendes e como Teresa dos Santos - sendo Mendes dos Santos os apelidos do pai - mas nunca mais como Teresa do Espírito Santo. Concluo daqui que ela nunca usou outra coisa do que Teresa, adoptou o "do Espírito Santo" para efeito de casamento mas quando lhe nasce o primeiro filho já nem disso se lembraria; nos baptismos dos filhos, seria o próprio padre que lhe adicionaria outro nome dentro da gama disponível nos nomes dos avós maternos do baptisando.
A. Luciano
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Já agora vou no mesmo sentido do Francisco: Em 1710 um meu 7º avô adoptou o apelido da mulher...nome que chegou à minha mãe.
cumprimentos a todos
luis
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
A minha experiência também sugere que, até meados do século XIX, os segundos nomes (ou já apelidos, como se queira entender) das mulheres, quando eram ligados a uma devoção religiosa - "Espírito Santo" "de Jesus" "do Amor Divino" " de Santa Rosa" "da Assunção", etc. - eram os que mais vezes se abandonavam ou trocavam por outros, ao longo dos anos - não sei se por iniciativa da própria mulher, ou por outros factores. Em alguns casos de carências documentais, estas alterações fazem mesmo duvidar que estejamos perante a mesma pessoa.
Cumps.
Francisco
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Caro A. Luciano,
também pesquiso nos paroquiais de Cadima, e já me deparei com essas situações, tendo as mesmas dúvidas e as mesmas "certezas" quanto à adopção de apelidos. Aliás, o meu Silva, vem trocando de "lado", tendo já sido de homem, passando para uma filha que o passou a umas 5 gerações de filhas até à minha bisavó, depois para o meu avô e daí para o meu pai e para mim ...
No que diz respeito aos Vergonha ou Bergonha, existem bastantes nos registos paroquiais de Outil, tenho algumas dezenhas de registos indeitificados com esse nome, mas ainda não vi transformar-se em Borgonha.
Cumprimentos,
Nuno Silva
http://gesteira-sanguinheira.blogspot.com
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Caro A. Luciano,
Também me parece possível que fosse o padre a identificar pais de noivos dessa maneira sumária, quando não conhecia o apelido da mãe; mas não deixa de me espantar que o próprio padre tivesse essa «cultura» de atribuir à mulher o apelido do marido, que, nessa época, não me parece nada vulgar. Trata-se de um «estudo de caso» que me parece realmente interessante.
Quanto à relação entre os nomes escritos nos assentos e o que os próprios ou próprias usavam, tenho também encontrado situações muito variadas; quando há a sorte de se encontrarem assinaturas, podemos ter certezas quanto ao uso dos próprios e também se conclui que não há regras aplicáveis universalmente. Retomando o grupo familiar do exemplo que transmiti no mail anterior, a uma irmã daquela D. Rosa Teresa de Castro (que depois do casamento nunca mais encontrei referida com o "Dona", ao contrário da própria mãe que o mantém em assentos muito posteriores) chamavam-lhe alternativamente apenas Caetana Maria, Caetana Maria Rebella, Caetana Maria Sarmento (no casamento, por exemplo) e Caetana Maria de Castro. Por sorte (nossa), sabia assinar e também aqui encontei três assinaturas distintas: só Caetana Maria, Caetana Maria Sarmento e Caetana Maria de Castro. Parece que se considerava possuidora de um património de apelidos que usava a seu "bel prazer"; a sua mãe também aparece referida nos assentos como "D. Jacinta Antónia Lobato", "Jacinta Antónia de Castro", "D. Jacinta Sarmento", por vezes sem o "Dona" e outras vezes com esse tratamento. O mais curioso é que de todos os apelidos familiares, o que passou à descendência de Caetana Maria foi o "Pereira" que nem ela nem os pais alguma vez usaram e que vinha, pela mãe, de um seu bisavô, que no outro mail eu referi (Francisco Pereira de Castro), não sendo usado desde aí até à geração dos filhos de Caetana, com excepção de um irmão desta, chamado António Pereira Rebello. Nenhuma destas senhoras alguma vez foi referida com mais de um apelido de cada vez e a que encontrei a assinar também nunca usou mais de um apelido por assinatura; no entanto, na geração seguinte, o casamento de Caetana Maria com um Caldas (em 1705) deu origem ao apelido duplo "Pereira Caldas" que se manteve até à actualidade quer em varões quer em senhoras.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
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RE: Apelidos dos maridos em paroquiais do séc. XVIII
Caro António Bivar,
Só agora dei conta deste interessante tópico, daí este contacto tardio.
Vinha pedir-lhe a sua opinião sobre o caso de um casal, que aparecem ambos com o apelido Freitas, no assento do casamento da filha Emília da fregª da Madalena, Montemor-o-Velho (ver slide 9, 4ºDir, em http://193.137.201.197/pesquisa/ODDisplay.aspx?DOId=3309&NodeID=_278953).
O pai raramente se documenta com Freitas, ao contrário da mãe que aparece quase sempre com esse apelido. Como poderá ver abaixo na árvore Soza-Stradonitz da Emília, enquanto o Freitas da mãe está plenamente justificado, no caso do pai não encontro rasto de tal apelido na ascendência.
O que seria mais plausível: um apelido escondido (p. ex. os Mascarenhas são Freitas), o assumir de um apelido da mulher ou um erro do assento ?
* Geração 1
o 1 - Emília Rosa de Freitas Mascarenhas Leal, 1805
* Geração 2
o 2 - José Esteves de Freitas Mascarenhas 1772-
o 3 - Margarida de Freitas Ramos Leal 1781
* Geração 3
o 4 - Joaquim Rodrigues Esteves 1743
o 5 - Maria da Graça de Jesus 1745
o 6 - Teotónio de Freitas da Silva 1755
o 7 - Maria Ramos Leal 1751-
* Geração 4
o 8 - António Rodrigues Esteves, Escrivão do Judicial
o 9 - Teodóra Francisca da Costa
o 10 - José António Mascarenhas ca 1710
o 11 - Conceição do Nascimento Gonçalves
o 12 - Bernardo de Freitas ca 1729
o 13 - Maria Correia ca 1733
o 14 - João Ferreira Leal
o 15 - Felicitas Ramos
* Geração 5
o 16 - Francisco Rodrigues
o 17 - Helena Francisca
o 18 - Manuel Rodrigues da Costa
o 19 - Antónia Fancisca Ribeiro
o 20 - Manuel António Marques Mascarenhas ca 1688
o 21 - Isabel Gaspar
o 22 - António Gonçalves Marvão
o 23 - Maria Jorge
o 24 - Francisco de Freitas da Silva ca 1704
o 25 - Luísa Libânia Xavier ca 1705
o 26 - Manuel Gonçalves Correia da Costa ca 1689-
o 27 - Maria Chacão
o 28 - António Ferreira
o 29 - Maria Leal
o 30 - José Ramos
o 31 - Maria Jorge
Fico desde já agradecido pela sua resposta.
Um abraço,
Ângelo da Fonseca
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RE: Adenda à minha questão
Caro António Bivar,
Esclareço melhor que o assento de casamento de Emília de Freitas Mascarenhas com Cândido Pimentel a 14/2/1831 começa no final do slide 9, mas a parte substancial vem no início do slide 10. Aí, os pais da noiva aparecem como José de Freitas Mascarenhas e Margarida de Freitas Mascarenhas, mas aparentemente o pai não é Freitas e a mãe não é Mascarenhas.
Um abraço,
Ângelo da Fonseca
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RE: Adenda à minha questão
Caro Ângelo,
Neste caso já estamos no século XIX, pelo que julgo que diversas explicações são possíveis, pois parece-me ser uma época de transição quanto a esta questão; pode já o padre no casamento da filha atribuir o apelido do marido à mãe da noiva, ou porque ela já o usasse ou porque o padre o presumisse, ou pode ter sido puro engano. Mais estranho é o Freitas do pai; parece mesmo ser engano. Como virá no baptismo da filha, por exemplo? haverá mais algum assento em que o pai é Freitas e a mãe Mascarenhas? Julgo que só poderemos conjecturar com mais alguma segurança o que se passou se dispusermos de outros assentos referindo o mesmo casal. Como já referi algures, encontrei um assento na primeira metade do século XVIII em que todos os intervenientes num assento de casamento têm o apelido Castro, conjugado ou não com outro apelido, excepto a mãe do noivo; apurei que os noivos, o pai do noivo e a mãe da noiva usavam todos esse apelido (a mãe da noiva só por vezes, noutros casos usava outros a que tinha igualmente "direito"), mas o pai da noiva estou convencido que foi distração do padre, pois nunca mais o encontrei com esse apelido e não aparece nos pais (não lhe conheço mais ascendentes); terá sido contaminação dos restantes Castros nesse assento, mas fica em aberto a hipótese, quanto a mim pouco provável, de ser mesmo apelido de algum ascendente que por vezes (ainda que muito raramente) usasse em conjugação com o que sempre usou, ou seja, Rebello...
Um abraço,
António Bivar
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RE: Adenda II à minha questão
Caro António Bivar,
Muito obrigada pela sua opinião.
Como sugerido, esclareço que o casal só aparece com os nomes José de Freitas Mascarenhas e Margarida de Freitas Mascarenhas no referido assento, conforme resumo que estive a recordar:
No casamento dos próprios, aparecem como José Esteves Mascarenhas e Margarida de Freitas Ramos Leal
No baptizado dos filhos Maria, Emília e Maximiano, aparecem como José Mascarenhas e Margarida Leal
No casamento da filha Emília, aparecem como José de Freitas Mascarenhas e Margarida de Freitas Mascarenhas
No baptizado do neto Francisco, aparecem como José Mascarenhas e Margarida Leal
No baptizado da neta Vergínia, aparecem como José Esteves Mascarenhas e Margarida Leal
Quando encontrei o assento, a minha primeira inclinação, foram os apelidos "escondidos" porque o meu avô materno, também de MMV e bisneto da referida Emília, referia uma memória em que seriam parentes afastados dos Mascarenhas com campa na Igreja de Alcaçovas no interior do Castelo de Montemor-o-Velho, que entretanto eu já tinha verificado ser a campa de Gaspar da Fonseca Andrade, * c. 1500 + Montemor-o-Velho 12.11.1559 e de Leonor de Mascarenhas, a qual de acordo com o Gaio/Geneall era filha de Nuno Mascarenhas de Freitas, + Índia, Cochim 30.07.1526 e neta de Martim de Freitas Mascarenhas.
Contudo, tendo recuado os "meus" Mascarenhas até ao final dos paroquiais, verifiquei serem oriundos do Couto das Alhadas, na altura termo de MMV, sempre sem Freitas associado, embora estes também existam no dito Couto. Face a isto, passei a considerar como mais provável o erro do Padre, até à altura em que li este tópico, onde se referiam casos da adopção do apelido da mulher pelo marido.
Qual é agora a sua opinião com este quadro mais completo ?
Para mais dados poderá ver a mensagem http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=265599 .
Um abraço,
Ângelo da Fonseca
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RE: Adenda II à minha questão
Caro Ângelo,
É difícil ter certezas nesta questão, mas a explicação mais simples parece ser uma confusão do padre nesse único assento em que aparecem os dois cônjuges com o apelido duplo. Talvez o facto de se tratar de um apelido duplo conhecido na região tenha levado a essa confusão; mas não deixa de ser estranho...
Um abraço,
António
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