Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
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Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades,
Gostaria de saber o que se sabe sobre a ascendência de Nuno Gonçalves.
Por outro lado: para além dos "Painéis de S. Vicente de Fora" conhece-se mais alguma obra da sua autoria?
Os meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur Camisão Soares
É conhecido, pelo menos, um São Sebastião, na postura habitual, amarrado a uns galhos de árvore, três-quartos-nu, razão da popularidade que, durante séculos, gozou junto do beatério feminino mais recalcado.
Diz-se que é um retrato do filho de D. João II, que morreu jovem, de uma queda de cavalo nas margens do Tejo. Tem a mesma cara que a figura central dos painéis exibia, antes de o pintor ter pintado por cima a que hoje conhecemos.
Cumprimentos,
Manel.
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Manuel,
Em boa hora veio a sua mensagem. Confesso-lhe, que já andava meio perdido (na net) a pesquisar uns avoengos de D. João de Granada: os "Solis"!
A informação que dá é-me preciosa. Confirma, na realidade, o carácter singular de Nuno Gonçalves: nem sempre aquilo que se vê corresponde à realidade. Um bom exemplo é o famoso tríptico, o qual tem dado azo a múltiplas interpretações: o que me intriga e fascina.
Aconselha-me alguma obra literária que trate desta questão?
Quanto ao São Sebastião: gostaria que me dissesse onde o posso encontrar. A figura central foi repintada em que altura?
Meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur Camisão Soares,
Embora nao seja o melhor interveniente para o assunto apreciei o livro "Os paineis de Nuno Gonçalves" (2000, Editorial Verbo) de Jorge Filipe de Almeida e Maria Manuela Barroso de Albuquerque.
Ao cabo de muito interessante e minuciosa investigaçào os autores datam o celebrado poliptico "de S. Vicente" de 1445, ou seja dos anos da regencia de D. Pedro, e nào de 1475.
Obviamente que sendo assim a identificaçào de personagens tem em conta o facto de ser obra anterior a Alfarrobeira (1449).
Mas nao "tenho voz" contra ou a favor dessa interessante analise.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Carlos Silva,
Cita, e muito bem, essa obra. Os autores acharam num pormenor, anteriormente tido por arabesco, a data 1445 e a sigla Ngs (assinatura do pintor Nuno Gonçalves): que foi certificada por uma peritagem feita pela Torre do Tombo. O políptico estaria centrado em D. Fernando morto em Fez em 1443, e não em S. Vicente. A esta conclusão já tinha chegado José Saraiva na sua obra "Os Painéis chamados de S. Vicente" (1925)!
Para isto contribuiu, e muito, a dendrocronologia.
Permita-me citar, com a devida vénia, um estudo de Nuno Crato: em (...)
Será que andávamos enganados?
Meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Meus Caros
Recomendo a consulta de (...) que apresenta um estudo totalmente inovador pela análise aos pormenores dos painéis, e que passaram ao lado da grande maioris dos investigadores, embora ainda não esteja concluído.
Cumprimentos
Clemente
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Clemente,
É sem dúvida inovador. Gostaria de lhe chamar a atenção, contudo, para uma problemática: a relíquia. O meu cunhado João Erse de Goyri O'Neill, professor catedrático de Anatomia da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, descreve-a como um fragmento dum osso: o occipital. O João, juntamente com o arquitecto José Tudela, fizeram uma comunicação (15 de Maio de Maio de 2006) no âmbito das I Jornadas de Anatomia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa:
12h45m -13h00m. “Anatomia e a História nos Painéis de São Vicente”
Prof. J. Goyri O’Neill, Arq. José Tudela
Melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur
Obrigado pela sua informação. Como é que posso obter essa comunicação? Tenho, no entanto, o livro do Arq. José Tudella publicado em 2005 sob o título “Os painéis de D. Afonso V”
Cumprimentos
Clemente
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Clemente,
Não tem de quê. A comunicação está inserida numa "pasta" do computador do meu cunhado. Já pedi para ma enviarem por email.
O Arq. José Tudella é meu vizinho, e sou amigo do seu filho Pedro (por sinal arquitecto da Câmara Municipal de Lisboa). Já agora: o que acha do livro?
Cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur
Já li sobre este assunto muitos livros, partes de livros, artigos de jornais e pesquisas na internet e, por isso, não estou a localizar neste momento o conteúdo/teor desse livro. Teria que o ler novamente para dar uma opinião mais correcta.
Cumprimentos
Clemente
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Clemente,
Debateremos, se assim o quiser, mais tarde.
Renovados cumprimentos
Artur João
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Carlos Silva,
O estudo de Nuno Crato está no site do Instituto Camões. Eis o que lhe oferece dizer:
"A Dendrocronologia e os Painéis de Nuno Gonçalves
A análise aos anéis da madeira dos painéis de Nuno Gonçalves permite tirar 30 anos à datação da obra. Como se pode estar seguro?
É um debate já com alguns anos. No livro Os Painéis de Nuno Gonçalves, publicado em 2000, Jorge Filipe de Almeida e Maria Barroso de Albuquerque defenderam uma revisão radical da leitura dos célebres painéis. Encontraram num pormenor, anteriormente interpretado como simples arabesco, a data 1445 e a sigla NGs, assinatura do célebre pintor do século XV. O facto de a pintura estar assinada e datada cerca de 30 anos antes do que até aí se supunha permitiu a esses dois autores efectuar uma leitura diferente do políptico, indo ao encontro de teses defendidas em 1925 por José Saraiva. Assim, o quadro estaria centrado em D. Fernando, morto em Fez em 1443, e não em S. Vicente, como se pensava.
Muitos especialistas duvidaram deste achado. Contudo, uma peritagem da Torre do Tombo atestou tratar-se da assinatura do quadro e da sua datação. Recentemente, também, um exame técnico às pranchas de suporte que foram pintadas permitiu datá-las, apontando para uma data provável de pintura algures entre 1442 e 1452. Tudo isto é fascinante para os historiadores. E também para os cientistas, que vêem nestas análises uma prova do sucesso de uma disciplina que tem menos de 100 anos: a dendrocronologia.
O nome vem do grego — «dendron» refere-se a árvore, «cronos» a tempo e «logos» a estudo — e entrou no vocabulário científico graças ao esforço persistente de um astrónomo da Universidade do Arizona chamado Andrew Ellicott Douglass (1867-1962). Em contacto com o grande Sudoeste americano, com as suas florestas milenares, Douglass interessou-se pela influência do ciclo solar no clima terrestre e decidiu estudar os anéis das árvores para perceber essa influência.
Há muito que se suspeitava que as condições de desenvolvimento das árvores afectam os anéis que se formam anualmente nos seus troncos. Esses anéis resultam da formação de um novo tecido exterior, chamado xilema primário, que é produzido para substituir o anterior, que é transformado em lenho e passa a constituir o chamado xilema secundário, no interior do novo revestimento. Sabe-se, por exemplo, que em 1729 o naturalista francês Comte de Buffon (1707-1788) tinha discutido o problema e avançado alguns argumentos razoáveis. Em condições climáticas favoráveis, é natural que a árvore cresça mais rapidamente e, por isso, que o novo anel que nesse ano recobre o seu tronco seja mais espesso. Em condições desfavoráveis, passar-se-á o contrário. O processo repete-se durante toda a vida da árvore. Como cada anel é, no ano seguinte, recoberto por um outro novo, é natural que as condições de crescimento fiquem registadas no tronco da árvore.
Douglass teve o mérito de estudar estas hipóteses, verificá-las, quantificar os ritmos de crescimento, ver as diferenças entre as diversas espécies e tornar a leitura dos anéis num método de medir as condições envolventes, desde a humidade e temperatura do ano em causa até aos incêndios e ataques de insectos. O seu trabalho estendeu-se por mais de meio século e incidiu sobre milhares de árvores, dezenas de espécies e climas muito variados.
A dendrocronologia tomou-se numa ciência. Passou a basear-se em princípios estabelecidos com base em estudos empíricos muito vastos e sólidos. O primeiro desses princípios é o da uniformidade, que o geólogo escocês James Hutton (1726-1797) tinha já formulado em 1785: «O presente é a chave do passado.» Em termos simples, isto significa que os processos actuais de geração dos anéis das árvores são essencialmente os mesmos que se registaram anteriormente, pelo que se podem compreender as condições que determinaram o crescimento passado dos anéis percebendo as condições que hoje determinam esse crescimento.
Outro princípio básico da dendrocronologia é o da datação cruzada. A ideia essencial é muito simples: as características essenciais dos anéis, como a sua espessura e densidade, são comuns na mesma espécie e nas mesmas condições. Isto permite, por exemplo, comparar sequências de anéis semelhantes em árvores vivas e árvores mortas. Sabendo os anos exactos de uma determinada sequência de anéis numa árvore, é possível atribuir as mesmas datas a uma sequência semelhante encontrada noutra. O processo foi utilizado vezes sem conta, e a datação cruzada estabeleceu-se em bases sólidas. Os peritos são hoje capazes de datar com grande segurança anéis de árvores de idade desconhecida.
Os peritos são hoje capazes de datar com segurança anéis de árvores de idade desconhecida
A dendrocronologia tem sido uma ajuda inestimável no estudo do clima terrestre, tendo conseguido obter séries de temperaturas de milhares de anos. E tem sido uma ajuda preciosa no estudo de pinturas antigas feitas sobre madeira. Habitualmente, os peritos raspam ligeiramente os bordos dos painéis com uma lâmina afiada, revelando assim os anéis da madeira sem afectar a pintura. Analisam depois essa superfície ao microscópio, o que lhes permite saber a espécie de onde foi talhada a tábua e datá-la.
Foi isto que fez recentemente um laboratório da Universidade de Hamburgo aos diversos painéis de Nuno Gonçalves. Do estudo concluiu tratar-se de madeira de carvalho de uma região do Báltico, o que não é surpreendente para os especialistas, pois sabe-se que era essa a origem habitual da madeira utilizada pelos mestres da época. Dataram depois os anéis por comparação com padrões conhecidos de crescimento dessas árvores. Juntaram-lhe uma margem para a secagem da madeira e outra para os anéis exteriores, naturalmente desaproveitados nas pranchas para conseguir madeira de qualidade uniforme. Puderam assim estabelecer datas prováveis para a pintura. A conclusão é inequívoca: o célebre políptico de Nuno Gonçalves pode ter sido pintado a partir de 1442, muito provavelmente perto de 1445."
Renovados cumprimentos
Artur João
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur João,
interessantissimo estudo!
Muito obrigado
C. Silva
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur Camisão Soares
Confesso, depois de dar uma volta pelo meu papel impresso, não saber dizer-lhe onde vi comparados o semblante do São Sebastião e o rosto primitivo da figura central dos painéis. Faço-o sem o lamentar excessivamente, pois o seu tópico levantou tanto interesse que, decerto, só não o elucidaram sobre o ponto em questão por delicadeza para comigo.
Pergunta-me que obra deve ler sobre a questão. Não sou especialista nesta matéria, e agora chegou o momento de lamentar alguma coisa, pois bem gostaria de o ser, dado o fascínio que, desde sempre, o assunto me despertou; mas penso que, tal como no caso da nacionalidade do Cristóvão Colombo, tão abundantemente tratada neste fórum, também neste, o “homem de um livro só”, é equivalente ao homem de nenhum livro.
No caso do Colombo, li uma vez uma enumeração das teorias que o ligavam a esta ou aquela nação, lista tão extensa e com tão surpreendentes entradas, que o autor, no final, espantava-se que nunca o tivessem considerado como um índio americano que saiu para uma noite de boémia, se perdeu, e que, muito saudoso, mais não queria senão voltar para casa. Quem apenas leu um livro sobre Colombo, correspondesse ele à mais reputada obra de todas, que pode saber sobre o assunto?
Neste caso as teorias não são tantas, talvez apenas porque a polémica teve início nos finais do séc. XIX e conta, por isso, com alguns séculos de atraso; mas, quem sabe, se lhe derem um tempinho...
Cumprimentos,
Manuel.
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Carlos Paulo,
Sem dúvida, meu confrade.
Um abraço
Artur João
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Manuel,
Essa do «...indío americano...» é demais. lol lol
Falando a sério: estive ontem com o Pedro Tudela (filho do arquitecto José Tudela), e falámos sobre o assunto. Abordámos, nomeadamente, a questão da "Escola Flamenga".
Melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Camisão Soares
Pedindo desculpa de intervir neste seu tópico e pegando numa pergunta que fez sobre o que poderia ler relacionado com a história do famoso políptico do Museu das Janelas Verdes, tomo a liberdade de, em resposta, lhe juntar uma lista com uma bibliografia a esse propósito recolhida na net:
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PERSPECTIVAS RELACIONADAS COM OS PAINÉIS
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Nuno Gonçalves, Novos Documentos,
Instituto Português de Museus / Reproscan, Lisboa 1994
Paula Freitas, Maria de Jesus Gonçalves,
Painéis de S. Vicente de Fora – uma questão inútil?
Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa 1987
Albino Lapa,
História dos Painéis de Nuno Gonçalves,
Edição do autor, Lisboa 1935
Dagoberto Markl,
O Retábulo de S. Vicente da Sé de Lisboa e os Documentos,
Editorial Caminho, Lisboa 1988
Dagoberto Markl,
O Essencial sobre Nuno Gonçalves,
Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa 1987
António Bélard da Fonseca,
Dom Henrique? Dom Duarte? Dom Pedro?
Lisboa 1960
António Bélard da Fonseca,
O Mistério dos Painéis (5 vols.),
Lisboa 1957/1967
Artur da Motta Alves,
Os Painéis de S. Vicente num Códice da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa 1936
António Manuel Gonçalves,
Do Restauro dos Painéis de S. Vicente de Fora,
Amigos do Museu de Arte Antiga, Lisboa 1960
Joaquim de Vasconcellos,
Táboas da pintura Portugueza no século XV – Retrato Inédito do Infante D. Henrique,
Lisboa 1960
Francisco de Holanda,
Da Pintura Antiga
(intro. e notas de Angel González Garcia),
Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa 1984
Reynaldo dos Santos,
Nuno Gonçalves,
Phaidon Press, Londres 1955
Reynaldo dos Santos,
As Tapeçarias da Tomada de Arzila,
Lisboa 1925
António Osório de Castro,
Os Painéis do museu de Lisboa e D. Carlos da Catalunha,
Livraria Civilização Editora, Porto 1988
Teresa Schedel de Castello Branco,
Os Painéis de S. Vicente de Fora – as Chaves do Mistério,
Quetzal Editores, Lisboa 1994
Jorge Filipe de Almeida, Maria Manuela Barroso de Albuquerque,
Os Painéis de Nuno Gonçalves,
Editorial Verbo, Lisboa 2000 (1ªediçao), 2003 (2ª edição aumentada)
José Luís Conceição e Silva,
Os Painéis do Museu das Janelas Verdes,
Guimarães Editora, Lisboa 1981
Manuel Sampayo Ribeiro,
O Verdadeiro Retrato do Infante D. Henrique,
Editorial Notícias, Lisboa 1991
Não será provavelmente a mais completa e actualizada (só de memória, lembro faltar aqui uma referência ao Prof. Adriano Gusmão), mas é ainda assim uma das melhor conseguidas.
Não tenho qualquer veleidade em ser um expert sobre a matéria, mas permito-me recomendar uma destas obras (não num mas em cinco livros), mais precisamente a de
António Bélard da Fonseca,
O Mistério dos Painéis (5 vols.),
Lisboa 1957/1967
Daquelas que li, sobretudo entre os estudos e artigos que me permitiram fazer desafogadamente uma cadeira de História da Arte, esta foi a que mais me marcou pela sua seriedade, rigor e persistência na defesa e prossecução daquilo a que o seu autor meteu mãos.
Por último, não pondo em causa os mais actuais estudos científicos de datação, lembro que esta obra não, pela sua dimensão, foi feita nem em dois dias, nem em dois anos. Foram anos de trabalho, possivelmente de mais que um pintor e, siga-se ou não Bélar da Fonseca, feita com recurso a trabalho realizado no estrangeiro, pelos próprios pintor/pintores ou outros que lhe enviaram esboços ou mesmo retratos das principais personagens residentes lá fora - eu sei, estou-me a deixar levar pela obra deste autor e da pretensa homenagem à Família de Coimbra, do infante D. Pedro.
De qualquer forma, mesmo com as alterações dos restauros, com o Salazar à mistura, são inegáveis algumas das comparações feitas com Carlos de Borgonha, ou com os seus primos de Cléves.
E por aqui me fico, reiterando o meu pedido de desculpas pela intromissão abusiva.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Camisão Soares
Só uma correcção num dos meus últimos parágrafos, do texto anterior. Aonde está "...lembro que esta obra não, pela sua dimensão, foi feita nem em dois dias, nem em dois anos.", deve ler-se:
... lembro que, pela sua dimensão,esta obra não foi feita nem em dois dias, nem em dois anos.
Refiro-me, claro está, ao número de personagens, à sua qualidade pictórica que deixa advinhar os traços psicológicos daqueles que aí estão retratados e fazem deste políptico a obra maior da pintura portuguesa. A sua pintura, as deslocações dentro e fora do país para recolher os retratos daqueles que importava representar levou anos e anos de trabalho. Por outro lado há todo um conjunto de pormenores que (auxiliados pelos actuais meios de datação e investigação) nos permitem ver muito do que está por baixo daquilo que apenas vemos a olho nu. Neste domínio de investigação, a história do traje, das armas e a heráldica têm muito a dizer e a ajudar na identificação de algumas das principais personagens aí retratadas.
Atentamente,
José Filipe Menéndez
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro José Filipe Menéndez,
Os meus agradecimentos, o confrade tem toda a liberdade em mas indicar e tecer consideração sobre elas. É de louvar quem estuda de forma aturada e rigorosa.
Os pormenores: o chapéu do Infante (mais próprio de um genovês); o bigode (numa altura em que o mesmo em Portugal não se usava); o vestuário ( rico e garrido); a preocupação em traçar contornos de forma precisa...
E o que me diz da relíquia, propriamente dita?
Meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro José Filipe Menéndez
A figura representada e aceite como sendo o Infante D. Henrique, poderá ser mesmo é seu cunhado, Filipe o Bom!!!
http://genealogia.netopia.pt/pessoas/pes_show.php?id=1482
Cumprimentos
Zé Maria
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades
Não tenho comigo os volumes da obra do Belard da Fonseca, a que atrás fiz referência, uma vez que os tenho na minha casa de família, na Figueira da Foz. Daí, que aquilo que para já vos posso adiantar possa, eventualmente, estar eivado de algumas imprecisões, uma vez que estou a falar de cor.
Ainda assim, a propósito da relíquia, de que me fala o Camisão Soares, não tenho dúvida que ela é aí identificada como um osso da cabeça, supostamente de Santo António, trazida de Itália pelo Infante D. Pedro, a quem foi confiada para a levar (trazer, na nossa perspectiva cisalpina) para Portugal, no decurso de uma das suas viagens. Mas a sua identificação não é exactamente como a descreve o Professor João O’Neill. Isto é, ainda que geralmente tida como um fragmento ósseo de um crânio, a relíquia seria um parietal do grande taumaturgo português (na perspectiva de Belard da Fonseca). Seja como seja, que eu não percebo nada de anatomia, fica apenas aqui esta menção.
Já agora, se me permitem, quero deixar um esclarecimento quanto à minha inclinação pela aturada investigação de Belard da Fonseca. A minha admiração não significa que esteja sempre de acordo com as suas teses. Pontos há em que tenho as minhas reservas quanto à sua interpretação, designadamente das leituras feitas das letras, ou rabiscos ornamentais aonde tantos autores pretenderam ler o(s) nome(s) do(s) pintor(es).
Para um mais completo entendimento das sucessivas interpretações, permito-me juntar o seguinte endereço, que possivelmente até já conhecem:
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/artigo3641.pdf
Com a devida vénia, recomendo-lhes este estudo de Dagoberto L. Markl, a pág.s 293 da recensão aí apresentada, sobre a obra de Jorge Filipe de Almeida e Maria Manuela Barroso de Albuquerque – “Os Painéis de Nuno Gonçalves”.
Mas se tenho reservas nessas interpretações “escritas”, não deixo de louvar o seu estudo iconográfico, designadamente na comparação que ele faz com os retratos conhecidos de algumas das personagens que ali pretende ver retratadas. Estou a considerar nesta linha de pensamento aqueles que ele pretende (no painel dos cavaleiros) serem Carlos, o Temerário e seus primos Adolfo de Clèves e Ravenstein, casado com D. Beatriz de Coimbra e por tanto genro do infante D. Pedro, e o seu filho Filipe, neto do duque de Coimbra. O famoso nariz (não tanto como o de Cleópatra…) de Adolfo é um “identificador” notável deste príncipe. Outro tanto se poderia dizer do famoso “judeu”, supostamente tido como tal, até no distintivo que dizem que ostenta e que afinal aparece nos exames periciais como uma simples aspa, a chamada cruz do apóstolo Santo André. Tratar-se-á com muita probabilidade do cronista da Borgonha, militar, escritor e diplomata Olivier de la Marche, se a memória não me atraiçoa.
Quanto à questão levantada pelo confrade José Maria Ferreira, de a personagem pretensamente tida pelo infante D. Henrique poder ser o seu cunhado, Filipe III, o Bom, Duque de Borgonha - o Grande Duque do Ocidente, como também era conhecido, também já o li, só que não consigo precisar onde. Contudo, não o creio, para mais se se tiver em conta que a dama em traje de viúva era a infanta de Portugal e duquesa de Borgonha D. Isabel. Claro que não seria impossível que, mesmo já felecido, se representasse o seu marido, mas não seria muito lógico. Uma coisa, porém, é certa, mesmo que essa personagem fosse Henrique, o Navegador, não o retratem assim, de chapeirão, como o fazem em todo e qualquer monumento que lhe é dedicado. Mesmo para aqueles que acreditam na mítica “Escola de Sagres”, que nunca terá existido, pelo menos nesse sentido estrito da sua denominação (a verdadeira escola era o mar, aonde as descobertas se fizeram ao sabor da experiência - aí sim, fomos Grandes), mesmo para esses que nela acreditam, dizia eu, é preciso muita boa vontade para imaginar D. Henrique a passear-se pelos rochedos do promontório Sacrum, ou do vizinho cabo de S. Vicente, de chapeirão flamengo ... sob aqueles ventinhos agradáveis da zona … e mais não digo.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro José Filipe Menéndez,
Atendo-me, por agora, à relíquia: o meu cunhado demonstrou-me que era um occipital. A análise foi feita tendo como base um crânio humano. Há que atender à morfologia do osso.
Foram feitas, por computador, simulações de várias posições do dito occipital. Uma delas encaixava perfeitamente na figura inscrita nos Painéis.
De qualquer das formas: agradeço-lhe que me diga onde é que Belard da Fonseca afirmou, de forma peremptória, que se tratava de um parietal.
Meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE:A Relíquia do Políptico de S. Vicente de Fora
Caro Camisão Soares
Como tive o cuidado de referir antes, as impressões (já nem sequer digo afirmações, pela carga assertiva que a palavra pode transmitir) que deixei foram feitas de memória, por não ter comigo os volumes de O MISTÉRIO DOS PAINÉIS. Daí que me possa ter equivocado quanto ao osso do crânio referido pelo Belard da Fonseca. Aliás, mesmo que assim não fosse, seria rematada tolice minha entrar em polémica com quem de direito, como é o caso consagrado do seu cunhado.
O que lhe posso prometer é, quando daqui a uma ou duas semanas for à Figueira, procurar a referência sobre a relíquia e a sua identificação óssea, que mesmo no caso de se referir a um parietal, eu me limito a transcrevê-la, sem qualquer juízo de valor sobre a mesma, no que toca à anatomia.
Sem outro assunto, apresento-lhe os meus melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE:A Relíquia do Políptico de S. Vicente de Fora
Caro José Filipe Menéndez,
Confesso que não os consultei, no entanto parece-me ter lido alguma coisa a esse respeito. Mas, realmente, só verificando.
Quanto à descrição anatómica: o meu cunhado, efectivamente, descreve com minúcia o osso, encontrando especificidades próprias dum occipital: como, p.e., as suas cavidades.
Agradeço-lhe a gentileza. Terei todo o prazer em lê-la e procurar interpretá-la.
Meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE:A Relíquia do Políptico de S. Vicente de Fora
Caro Artur
Anexo a parte do site do António Salvador Marques (paineis.org), que certamente conhece, sobre a chamada relíquia, onde chamo a sua atenção para o 3º periodo:
"UMA RELÍQUIA SEM CORRESPONDÊNCIA ANATÓMICA
Uma figura de vermelho mostra sobre um pano verde um objecto estranhamente impreciso, mas de significação imediata: uma relíquia bem visível, e contudo problemática. O problema reside aqui em localizar a função do que parece ser um fragmento da anatomia humana pelo contexto, mas não se assemelha a qualquer osso ou víscera normal. A identificação com um possível osso craniano explicaria o aspecto rígido e achatado, mas o desenho das suturas do crânio humano é muito diferente dos compridos filamentos que se vêm na relíquia do painel e a regularidade destes últimos impede a hipótese de identificação com tecidos residuais aderindo a um osso. O aspecto da relíquia presta-se a uma tal latitude de interpretações que já chegou a ser considerada como um simples pedaço de pano, hipótese que não é pior nem melhor que qualquer outra tentativa de compreensão literal.
O que nos interessa aqui salientar é que o objecto, pela forma cerimoniosa como é exibido sobre um pano ornamental, não poderia deixar de ser considerado como uma relíquia, e o verdadeiro problema que surge é o paralelismo de uma relíquia presumivelmente cristã e de um livro hebraico, tão próximos e exibidos de uma forma tão semelhante na direcção do observador. Ainda que a figura negra não fosse judaica, a forma como se mostra, lado a lado, uma relíquia e um livro ilegível aparentemente com um valor semelhante, seria, pela sua invulgaridade, mais um indício de presença da charada. "
Cumprimentos
Clemente
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RE:A Relíquia do Políptico de S. Vicente de Fora
Caro Clemente,
Obrigado pela sua intervenção. Tocou numa questão fundamental!
Os ditos "filamentos" são uma estrutura dentada, tipo sutura. Uma coisa é a observação, visualização de um objecto, outra é a sua representação. Em qualquer pintura existe um cunho pessoal, e este é sempre subjectivo: daí a "regularidade".
É inegável, caro confrade, que hoje em dia as modernas tecnologias conseguem operar maravilhas. A digitalização computorizada, p.e., permite aumentar o tamanho das coisas: com o efeito de zoom.
Renovados cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Zé Maria,
Seguindo esse raciocínio, o que lhe oferece dizer?
Melhores cumprimentos
Artur Cmisão Soares
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RE:A Relíquia do Políptico de S. Vicente de Fora
Caro José Filipe Menendéz,
Já encontrou a referência? Em caso afirmativo, agradeço o favor de ma tgranscrever.
Ao seu dispor.
Renovados cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur Camisão Soares
Se de facto o meu raciocínio estiver certo e tendo em conta o local onde os paineis se encontravam, assim como a posição que esta figura assumiu perante a morte de D. Pedro, só poderão os mesmos estar relacionados com o culto do Espirito Santo.
Cumprimentos
Zé Maria
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Zé Maria,
Hum..! O traje condiz e a ligação com a Ordem de Cristo é um factor a ter em conta!? Obrigado pela sua resposta.
Renovados cumprimentos
Artur João
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RE:A Relíquia do Políptico de S. Vicente de Fora
Onde se lê Menéndez deve-se ler Menéndez
Onde se lê tgranscrever deve-se ler transcrever
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RE: O Mistério dos Painéis
Caro Camisão Soares
Peço-lhe desculpa por não ter respondido há mais tempo. De facto estive, no fim de semana, na minha casa da Figueira e reli algumas passagens de "O Mistério dos Painéis", tendo mesmo trazido o 5.º e último volume, mas os afazeres diários impediram-me de me debruçar com atenção sobre este assunto.
Este último volume, primorosa e exaustivamente documentado, particularmente no que diz respeito à vasta iconografia aí reunida sobre os príncipes da Casa de Avis, mormente do ramo da Casa de Coimbra, está elucidativamente sub-intitulado:
A primeira parte - OS PRÍNCIPES
A segunda parte - ÚLTIMAS PÁGINAS
É nesta 2.ª parte que, entre outros assuntos e conclusões, trata de:
“AS RELÍQUIAS DE SANTOS NAS CRÓNICAS FRADESCAS”~, no capítulo III, “UM POUCO DE ANATOMIA…”, no capítulo IV e
“O TÚMULO DE SANTO ANTÓNIO EM PÁDUA E «A PARTE DO CASCO AINDA COM CERCILHO» OFERECIDA AO INFANTE D. PEDRO”, no capítulo V.
Ao todo, são cerca de 65 páginas (da 93 à 156) que me eximo agora de transcrever. Aliás, nem mesmo depois, dado o aparato de santos e suas relíquias, descritos no capítulo III, não nos interessarem directamente à questão vertente e precisa da relíquia do «Painel da Relíquia» que está, essa sim, tratada no capítulo seguinte.
Dado o adiantado da hora (e das minhas dores de estômago) peço-lhe uma vez mais desculpa de não continuar a exposição que, em breve, retomarei.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: O Mistério dos Painéis
Caríssimo Menéndez,
Já acordado (ando a dormir pouco), estou a ler a sua mensagem. Ó meu caro confrade, por quem sois, eu é que lhe agradeço!
Espero que as suas dores de estômago já tenham passado. Eu espero.
Melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: O Mistério dos Painéis - a relíquia
Caro Camisão Soares
Obrigado pelas suas palavras.
Retomando e continuando o nosso assunto sobre o Políptico do Museu das Janelas Verdes. Assim designado penso não haver ninguém que possa o contestar, porque de facto está ali, como uma das maiores, senão a maior (pelo menos para mim é) obra da pintura portuguesa.
Continuo, justamente, com a transcrição do CAPÍTULO IV do vol. V da obra notável (e isto quer se partilhe ou não das suas interpretações) do Dr. António Belard da Fonseca. Como atrás deixei escrito, intitulou-o este distinto investigador “UM POUCO DE ANATOMIA…”
“Apreciemos, agora, a relíquia dos «Painéis» sob o aspecto puramente anatómico.”
“Aquilo que vemos no «Painel da Relíquia», apresentado pela personagem ajoelhada (fig. 141) em primeiro plano, mostra duas partes: uma côncava, mais ou menos quadrangular, com muitos e fundos recortes em alguns dos seus lados, mas com feitio perfeitamente definido; a outra, mais extensa e estreita, pouco recortada e de cor mais clara.”
“A primeira parece ser um osso; a outra, uma pele seca, pergaminhácea. É pena que os «vicentistas», quando afirmavam tratar-se de um «osso do crâneo» de S. Vicente (da tal cabeça inteira, conforme vimos) (1), não se tivessem dado, ao menos, ao trabalho de descobrir qual era essa parte óssea pintada na tábua; e que os médicos, interessados por coisas de Arte e partilhando tal opinião, não tivessem feito o seu estudo anatómico.”
Penso que neste particular se estava a referir ao ilustre Reynaldo dos Santos. De facto, é sempre muito difícil a um investigador “generalista”, seja em que domínio for, querer abarcar na sua obra tudo sobre esse domínio, sem correr riscos de imprecisões ou de omissões. Não estou a denegrir esta outra qualquer personalidade. Reynaldo dos Santos foi também, ele próprio, um dos grandes vultos da Ciência e da Cultura portuguesas. O que estou a dizer, isso sim, é que ao pretender-se abarcar tudo de uma determinada área da ciência ou da cultura, não se pode fazê-lo em profundidade. Ou se é especialista, ou se é generalista, não as duas coisas ao mesmo tempo, mesmo contrariando uma das altas funções de enquadramento do “meu” Grupo Empresarial, designada de “especialista-generalista”. Estou também a pensar no Sanches de Baena e no seu vasto “Archivo Heráldico Genealógico” que, como obra de fôlego, não deixa de ter imprecisões e omissões. Não tanto por culpa exclusiva dele, mas pela impossibilidade física e temporal de investigação e de confirmação daquilo – muito - que meritoriamente recolheu. É por esta mesma razão que lancei aquele tópico de “A verdadeira varonia de HFSP”, em que ele não se enganou no que transcreveu, mas não examinou nem investigou a veracidade das fontes…como eu o fiz, nesse caso particular dos Sousa Prego.
Retomando o fio à meada, continua Belard da Fonseca dizendo:
“Cremos que isso resultou de olharem ao todo da “relíquia” – cujo feitio lhes causava estranheza, por não haver no crânio qualquer osso com tão esquisito formato –, não a decompondo nas duas partes que realmente a constituem. Por outro lado, há dois motivos, ainda, que devem ter contribuído para essa confusão: os recortes que apresenta na parte mais próxima do observador e o prolongamento da parte mais afastada.”
“Afinal, ambas essas coisas anormais, e que estabeleceriam a dúvida sobre a natureza dessa partícula óssea, são fàcilmente [dantes os adjectivos eram acentuados] explicáveis. Uma fotografia, antes do restauro (fig. 142), e uma radiografia (fig. 143) permitem determinar o seu verdadeiro contorno, pois os recortes que apresenta na frente não existem na realidade, porque resultam: o maior, quase em ângulo recto, da ocultação da parte do osso pela saliência do polegar da mão esquerda da personagem, por baixo do pano verde onde assenta a relíquia, e as outras dos restantes dedos.”
(1) – Referia-se à descrição manuscrita de 1690, transcrita e publicada por D. Frei Manuel do Cenáculo (1782-1814) a págs. 75 e 76 deste 5.º vol., depois retomada a págs 138 e139, sobre a exumação realizada em 1690 do corpo do S. Vicente «inteiro, incorrupto e perfeito…» na Sé de Lisboa, na presença do seu arcebispo D. Luís de Sousa, e do deão António de Vasconcelos, entre outras pessoas. Descrição essa, publicada por aquele eminente franciscano, presidente da Junta de Providência Literária, presidente da Real Mesa Censória, entre outras instituições, bispo de Beja e arcebispo de Évora – uma das maiores figuras da Cultura e Humanismo dos séc.s XVIII e XIX. Claro está que esta descrição, do douto Cenáculo, pôs por terra (ainda que sem publicitação maior) os 5 (cinco) braços de S. Vicente existentes ao longo do país, em Santa Cruz de Coimbra -1, na Sé de Braga -1, na Sé do Porto-1, fora os dois “cruzados, o direito sobre o esquerdo, na Sé de Lisboa”.
Por agora permito-me (e permita-me) ficar por aqui, nesta já longa transcrição, que depois retomarei a sua continuação.
Votos de um bom fim de semana,
José Filipe Menéndez
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RE: O Mistério dos Painéis - a relíquia
Caros Mesteyrais virtuais:
quis postar mensagem para esta temática do Políptico das Janelas Verdes e ela foi-se-me, desapareceu-me da vista e eis senão quando - olhem-me o topete...- fui dar com ela "armada" em tópico...
E que se chama " arma segura pela ponta"...
Ora, gostava de saber qual a simbólica do gesto do personagem do penúltimo painel, que soerguendo uma espada, a segura pela ponta com ambas as mãos!!!
Alguém conhece e pode indicar iconografia ou descrição de cena idêntica? Iluminura, pintura?
Muito saudar!!!
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RE: O Mistério dos Painéis - a relíquia
Caro Menéndez,
Muito lhe agradeço os dados enviados, são, na realidade, valiosos. Temos que situar o Prof. Dr. Reynaldo dos Santos na sua época: apesar do seu enorme valor, não era um anatomista, logo, a perspectiva de interpretação careceu de rigor científico anatómico. Actualmente, com novas tecnologias e metodologia de observação pode-se ser mais assertivo na identificação.
Mostrei os seus dados ao meu cunhado João e ele pediu-me para lhe transmitir o desejo de trocar informações consigo, no que concerne à bibliografia que possui, a qual nos merece o maior respeito.
Passo a palavra ao meu cunhado, se não se importa. Nestas cousas manda "o saber de experiência feito" e não o conhecimento de "antanho".
Prezado Menéndez:
O meu nome é João Goyri O’Neill e estou a aproveitar a oportunidade para, usando o “user” do meu cunhado Artur, cumprimentá-lo respeitosamente e contar-lhe o episódio que me levou a estudar o assunto: a relíquia.
Estava eu a conversar com o Arq. Tudella, no meu gabinete, acerca do seu estudo sobre os painéis e ele perguntou-me qual era a minha interpretação da relíquia, enfim… o que sabia acerca dela.
Tentei recordar-me do que tinha visto quando observei os painéis "in tempori", à data da minha juventude, e tudo o que tinha lido sobre o assunto.
Como não me pareceu suficiente, fui novamente ao Museu de Arte Antiga no intuito de observar com maior acuidade o painel da relíquia.
O representante da Conservadora, que nos acompanhou nesta visita de estudo, facultou-me a possibilidade de poder mandar fotografar o painel da relíquia, utilizando equipamento digital de alta definição.
O trabalho posterior de comparação e tratamento de imagens é que me permitiu identificar a representação do osso através da definição dos vários acidentes anatómicos que contém, e que sem os aumentos realizados (sem distorções) não seriam facilmente identificados.
Foi um bom exemplo da diferença entre ver e observar. Aliás, uma atitude cientifica que inúmeras vezes realço aos meus alunos de medicina.
Gostaria de poder conversar consigo acerca deste assunto, se lhe aprouver. E ainda se o desejar, terei o maior prazer de lhe enviar por E-mail parte do dvd onde está publicada a palestra proferida sobre o assunto na I Jornada de Anatomia em Maio de 2006.
Com os melhores cumprimentos
J. Goyri O'Neill
P.S. Aceite os meus melhores cumprimentos, um abraço
Artur João
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RE: O Mistério dos Painéis - a relíquia
Caro Camisão Soares
E também, desde este momento, Caro Professor Doutor João O’Neill.
Antes de mais, sou eu que agradeço esta oportunidade que, passados muitos anos de ter lido esta obra, me trouxe de novo o prazer de, parcialmente, a reler e o ensejo de discorrer sobre algumas ideias e considerandos nela contidos. Repito, o que já lá para trás deixei dito, que não sou, nem de perto nem de longe, perito nesta matéria. Simples estudioso que leu esta obra e alguns outros artigos sobre o Políptico das Janelas Verdes – “tout court”. Ainda assim, terei todo o interesse em contribuir – indirectamente com a investigação do Dr. Belard da Fonseca - para um aprofundar do estudo deste Painel da Relíquia.
Posto este comentário, à laia de “introdução” a mais este mail, retomo a transcrição da obra citada:
«É bom não esquecer que a «relíquia», côncava, está metida na concavidade dessa mão, tal como a reproduzimos (fig. 144), utilizando para o efeito um osso de crânio humano, colocado numa mão esquerda e sobre um pedaço de tecido. Esclarecido este ponto, diremos que o excessivo prolongamento também é aparente, pois, como se vê nas fotografias (figs. 144 e 145), um osso quase quadrangular toma esse aspecto se for colocado na mesma posição da relíquia do políptico.»
«Folheemos, agora, um livro de «Anatomia Descritiva» (55).»
«Lemos nele que:»
««Le crâne (casque) est une boîte osseuse, composée de huit os, c’est-à-dire de huit pièces distinctes et séparables après le développement complet du squelette. Ce sont, sur la ligne médiane et dt d’arrière en avant, l’occipital, le sphénoid, l’ethmoide et le frontal; ces quatre os sont impairs. Les autres sont pairs, et situés sur les parties latérales: ce sont les pariétaux et les temporaux.»»
«Ora se compararmos, sucessivamente, os vários ossos do crânio (figs. 146 a 152), ou sejam: o «occipital», o «frontal», o «esfenóide», o etmóide» o «temporal» e o «parietal», com a relíquia do painel (fig. 153), verificamos logo que o contorno deste só pode aproximar-se do último osso mencionado (fig. 151-A).»
«Efectivamente, as únicas diferenças que existem entre a relíquia do quadro e um parietal humano provêm, apenas, de vermos a primeira em posição quase horizontal e a outra na vertical, perdendo por isso aquela, na pintura, um pouco do seu formato quadrangular.»
«Vejamos, pois, se a descrição anatómica do «parietal» se harmoniza com a «relíquia» do políptico.»
««Les parietaux présent deux faces, quatres bords et quatre angles.» (56)»
«Deixemos a face externa – que, por ser convexa, não pode interessar ao nosso caso – e passemos à»
««Face interne ou encéphalique. Concave, parsemée d’éminences mamillaires et d’impressions digitales, cette face est parcourue par des gouttières rameuses, analogues aux nervures d’une feuille de figuier, qui vienne aboutir, l’une à l’angle antérieur inférieur, les autres, au nombre de deux au moins, au bord inférieur de l’os; elles répondent aux ramifications de l’artére méningée moyenne. A sa partie moyenne, cette face presente une concavité: c’est la fosse pariétale que correspond à la bosse du même nom.»»
«Ao fazermos esta leitura do livro de medicina, pensámos que não se poderia descrever melhor o osso do «Painel da Relíquia».
E por aqui me fico por agora, dado o adiantado da hora. Tenho pena de não poder digitar as figs. 154 e 155 (que ainda não mencionei) pela evidência que ressalta entre o parietal direito e a parte do casco, mais a porção de pele.
Amanhã pergunto ao meu filho (é ele o expert de multimédia) se me pode digitalizar no scanner as referidas imagens.
Acrescento que, sem incómodo maior, terei todo o prazer em receber por mail a palestra do senhor professor, embora correndo o risco de, se for muito técnica, me perder na terminologia.
O meu email é: filipe.menéndez@sapo.pt
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro Menéndez,
Mais uma vez lhe venho agradecer o importante contributo. De facto, fundadas razões existem para se ter chegado a diferente conclusão relativamente ao osso representado. Claro está, que neste particular não se podem colocar em questão méritos alheios: independentemente de não se concordar, têm que se ter, em boa conta, princípios basilares de conduta: como são, p.e., a probidade e todo o esforço dispendido!
Se for possível, a digitalização irá ser muito esclarecedora.
Meus melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro Menéndez
Agradeço a sua mensagem.
A digitalização do texto e imagens será do maior interesse, pois muito ainda esta oculto na representação e toda a informação acrescida será preciosa.
Acerca do livro de anatomia a que se refere deve ser o Tratado de Anatomia de Testut . Este tratado foi durante muitos decénios a melhor obra de estudo anatómico
O facto de ter sido referido, o parietal como sendo o osso que é representado no painel, não nos surpreendeu, pois é um osso plano, rectangular e com uma face endocraneana concava e portanto potencialmente adaptável. Como calculará, foi uma das estruturas que equacionei como provável, mas os acidentes anatómicos que se podem identificar na dita face endocraneana, tais como: fossa cerebral, fossa cerebelosa, seio longitudinal superior, seio lateral, protuberância occipital interior (e outros) , foram elementos decisórios para inferir uma outra identificação.
Todos os elementos que possa juntar para melhor esclarecimento e documentação são bem vindos.
O rigor cientifico é um axioma que não pode ser esquecido, nem vilipendiado.
Com os melhores cumprimentos, renovo os agradecimentos pelo prestimoso auxilio
J, Goyri O’Neill
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Camisão Soares e João O’Neill
Lamento não me poder alargar, hoje, em transcrições ou comentários, dado o facto da minha mulher ter de estar a enviar programas de LA’s para as colegas da faculdade, em cima da dead line.
Ainda assim, queria dizer que me passou em claro, no meu último mail, a elucidação dos pés de página que indiquei, a saber:
(55) «Dr. J. Cruveilher – Traité d’Anatomie Descriptive – 4ème édition, Paris, 1862, vol. I, pág. 76.»
(56) Idem, ibidem, pág 96.
Por outro lado, o meu filhote já digitalizou as duas figuras que me parecem ser as mais elucidativas sobre o assunto vertente das nossas trocas de mailes. Só que este canal de comunicação não suporta esses ficheiros, pelo que agradecia que me indicassem um email para o fazer.
Sem outro assunto de momento, apresento-lhes os meus melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caríssimo Menéndez,
Contingências, meu confrade. Não tem problema algum, não se preocupe com isso.
As notas de página são fundamentais. Muito obrigado pela elucidação.
Quanto à digitalização, faça o favor de transmitir ao seu filho os nossos agradecimentos pela gentileza. Vou-lhe indicar dois emails, um meu e outro do meu cunhado.
O meu: arturcamisao@gmail.com
O do João: goyrioneill@sapo.pt
Renovados cumprimentos, ao seu dispor,
Artur Camisão Soares
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades
Camisão Soares e João O'Neill
Já enviei conteúdo com o fic. prometido para os V/respectivos mailes.
Um abraço,
José Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Confrade Menéndez,
Já recebi o seu mail e respondi. Os meus profundos agradecimentos a si, e ao seu filho.
Um abraço,
Artur Camisão Soares
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades,
Informo-vos que já foi solicitada aos devidos organismos a necessária autorização para a recolha de ADN. O processo é complicado, pois de um Santo se trata, e envolve um trabalho interdisciplinar e pluridisciplinar a nível internacional . Será moroso, disso ninguém o duvide, mas se Deus quiser trará resultados: os quais, terão que ser cientificamente validados.
Agradece-se mais contributos, se possível.
Renovados cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro Menéndez,
Permita-me salientar o seu valioso contributo para uma questão que se pretende, na medida do possível, clarificadora: o mais que for possível. Solicito, também, a intervenção de outros confrades que queiram dar os seus contributos. Não nos move qualquer "espírito sectário"; era o que mais faltava...!
Um abraço,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades
Camisão Soares e João O'Neill
Embora já ontem tenha tido a oportunidade de cumprimentar, noutro tópico, o estimado Confrade Artur Camisão Soares, alargo esses mesmos cumprimentos e votos de um Feliz 2007 ao Professor João O’Neill.
Sr. Professor, se me permite, só uma pergunta relativa à sua palestra sobre este mesmo assunto. Chegou a enviar-ma? Ou, no caso afirmativo, será que eu, por qualquer dificuldade, não a recepcionei. É que tive problemas idênticos com os mailes, contendo ficheiros anexos, do nosso Confrade Dr. Miguel Gorjão-Henriques. Agradeço que me diga qualquer coisa, para eu não passar por indelicado.
O meu endereço correcto é: filipe.menendez@sapo.pt
Penso que, sem querer, indiquei o meu menendez com assento no 2.º «e», que efectivamente tenho no nome, mas não no endereço do email.
Posto isto, retomo agora a transcrição da obra do Belard da Fonseca, interrompida em meados do mês passado, com o último parágrafo transcrito:
«Ao fazermos esta leitura do livro de medicina, pensámos que não se poderia descrever melhor o osso do «Painel da Relíquia»».
«Na verdade, apresenta ele um formato quadrangular (deformado, um pouco, pela perspectiva e pelas partes ocultas pelos dedos da mão da personagem que o segura, por baixo do pano) com duas faces, quatro bordos e quatro ângulos.»
«A sua face interna – porque dum parietal direito se trata, realmente – apresenta, mesmo na pintura da tábua (que não foi feita, por certo, com o rigor das estampas dos tratados de Anatomia), o aspecto côncavo, com eminências, com as goteiras (sulcos da artéria meníngea média), com a aparência de nervuras de folha de figueira, na descrição descrita no livro, e, também, com a concavidade, mais pronunciada, da fossa parietal.»
Para melhor demonstração, apresentamos, ainda, em dois desenhos (figs. 154 e 155), respectivamente, a «relíquia», com todos os seus contornos e designações anatómicas, e um crânio, que se presume transparente, de forma a poder ver-se a mesma colocada no sítio competente.»
«O não ajustamento completo deve-se, como já disse, à deformação visual da perspectiva do quadro, uma vez que esse osso se apresenta aí horizontal, e vertical na caveira (fig. 155).»
«Mas o que é o prolongamento, espécie de pele, que se vê na «relíquia», além do seu bordo reentrante?»
«A sua explicação também não é difícil, se recordarmos a maneira como os vários autores citados, descrevem aquela que, em 1428, fora oferecida ao Infante D. Pedro, em Pádua, pela Senhoria de Veneza.»
«De facto, não se limitam eles a referir que o príncipe português trouxe para Portugal, após essa viagem pelas cidades italianas, «uma parte do casco», mas acrescentam «ainda com cercilio».»
««Cercilio ou circilo», como encontramos nesses escritores – que os modernos dicionários registam, apenas, na forma «cercilho», mas que Moraes (57) ainda menciona como «cercilho» e «cercílio» - é:
««Corôa de religiosos, que só deixam um circulo estreito de cabello em roda, sendo portanto muito grande: o cercilho dos franciscanos, dos beneditinos… «Cercilho do pergaminho: as extremidades ásperas mais grossas e irregulares, que não são boas para escrever n’ellas.».»
«Em qualquer dos sentidos, portanto, porção de pele.»
«No nosso caso, «a parte do casco ainda com cercílio, do nosso português Santo António», seria um osso do crânio desse glorioso Taumaturgo franciscano, com o coiro cabeludo ainda colado.»
«Essa pele deveria ser, porém, maior do que a partícula óssea, motivo por que, vendo-se esta pelo lado de dentro, côncavo, ainda se distingue na pintura a continuação dela que o reveste pelo lado exterior, convexo, na forma representada na relíquia do retábulo.»
«E o próprio feitio de tal pele, conforme se depreende dos desenhos (figs. 154 e 155), na curva perfeita que apresenta, em baixo e à esquerda, deixa supor que se trata, realmente, da parte que contornaria a inserção da orelha. Na «relíquia» do painel distinguem-se, também, uns vincos bastante definidos, os quais devem corresponder, tratando-se dum «parietal», às «gouttières rameuses, analogues aux nervures d’une feuille de figuier.».»
«Estes sulcos do referido osso acham-se: um, no ângulo anterior inferior; os outros ou dois outros no seu bordo inferior, condizendo com as ramificações da artéria meníngea média. Ora, examinando a «relíquia» da tábua (fig. 153) e o traçado dessa artéria (fig. 156), verificamos que, mesmo neste aspecto, a pintura se ajusta à descrição anatómica.»
«Concluímos, por isso, que a tão discutida «relíquia» é um parietal direito do crânio de Santo António, aquele mesmo que foi trazido de Pádua pelo Infante D. Pedro, com a pele coloda.»
«Se fosse necessária, ainda, uma contraprova, poderíamos observar que é perfeita a coincidência do texto do livro do «ex.Judeu», existente no mesmo painel, na parte em que se refere ao voto feito pelo Cardeal D. Jaime a Santo António e à graça deste obtida como sua consequência.»
«Daí, portanto, a figuração dessa relíquia antonina, e não de qualquer outra, no chamado «Painel da Relíquia» (fig. 157), precisamente naquela tábua, onde outra personagem, logo atrás, em segundo plano e em íntima ligação com ela, nos apresenta o livro explicativo do assunto ou intenção de todo o políptico.»
«Como representar, realmente, melhor um «voto a S. António, em pintura, do que mostrando a relíquia do próprio Santo, trazida de Pádua pelo Infante D. Pedro, cuja trasladação para a Igreja de Santa Maria, na Batalha, se pretendia obter através dele?»
Em jeito de conclusão, por agora, lembro que o texto do livro atrás mencionado, apresentado por aquele que eu, seguindo BF, penso ser Olivier de la Marche, se refere (na perspectiva de BF) à intenção, feita promessa, (no caso da intercessão favorável de Santo António) de se dar sepultura condigna ao Infante D. Pedro.
E que melhor ocasião para de D. Afonso V assim proceder e reparar as ofensas, feitas ao Duque de Coimbra e antigo regente, seu tio e sogro, que a ocasião feliz do nascimento do seu herdeiro varão – o príncipe D. João.
Continuarei oportunamente esta transcrição a que, gostosamente, me comprometi.
Quanto ao seu oferecimento sobre as minhas indagações dos O’Neill, antepassados paternos da minha mulher, muito lhe agradeço, caro Camisão Soares.
Se não vir qualquer inconveniente nisso, abrirei um novo tópico em que darei as – poucas - informações que tenho sobre essa ligação.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades
Camisão Soares e João O'Neill
Embora já ontem tenha tido a oportunidade de cumprimentar, noutro tópico, o estimado Confrade Artur Camisão Soares, alargo esses mesmos cumprimentos e votos de um Feliz 2007 ao Professor João O’Neill.
Sr. Professor, se me permite, só uma pergunta relativa à sua palestra sobre este mesmo assunto. Chegou a enviar-ma? Ou, no caso afirmativo, será que eu, por qualquer dificuldade, não a recepcionei. É que tive problemas idênticos com os mailes, contendo ficheiros anexos, do nosso Confrade Dr. Miguel Gorjão-Henriques. Agradeço que me diga qualquer coisa, para eu não passar por indelicado.
O meu endereço correcto é: filipe.menendez@sapo.pt
Penso que, sem querer, indiquei o meu menendez com assento no 2.º «e», que efectivamente tenho no nome, mas não no endereço do email.
Posto isto, retomo agora a transcrição da obra do Belard da Fonseca, interrompida em meados do mês passado, com o último parágrafo transcrito:
«Ao fazermos esta leitura do livro de medicina, pensámos que não se poderia descrever melhor o osso do «Painel da Relíquia»».
«Na verdade, apresenta ele um formato quadrangular (deformado, um pouco, pela perspectiva e pelas partes ocultas pelos dedos da mão da personagem que o segura, por baixo do pano) com duas faces, quatro bordos e quatro ângulos.»
«A sua face interna – porque dum parietal direito se trata, realmente – apresenta, mesmo na pintura da tábua (que não foi feita, por certo, com o rigor das estampas dos tratados de Anatomia), o aspecto côncavo, com eminências, com as goteiras (sulcos da artéria meníngea média), com a aparência de nervuras de folha de figueira, na descrição descrita no livro, e, também, com a concavidade, mais pronunciada, da fossa parietal.»
Para melhor demonstração, apresentamos, ainda, em dois desenhos (figs. 154 e 155), respectivamente, a «relíquia», com todos os seus contornos e designações anatómicas, e um crânio, que se presume transparente, de forma a poder ver-se a mesma colocada no sítio competente.»
«O não ajustamento completo deve-se, como já disse, à deformação visual da perspectiva do quadro, uma vez que esse osso se apresenta aí horizontal, e vertical na caveira (fig. 155).»
«Mas o que é o prolongamento, espécie de pele, que se vê na «relíquia», além do seu bordo reentrante?»
«A sua explicação também não é difícil, se recordarmos a maneira como os vários autores citados, descrevem aquela que, em 1428, fora oferecida ao Infante D. Pedro, em Pádua, pela Senhoria de Veneza.»
«De facto, não se limitam eles a referir que o príncipe português trouxe para Portugal, após essa viagem pelas cidades italianas, «uma parte do casco», mas acrescentam «ainda com cercilio».»
««Cercilio ou circilo», como encontramos nesses escritores – que os modernos dicionários registam, apenas, na forma «cercilho», mas que Moraes (57) ainda menciona como «cercilho» e «cercílio» - é:
««Corôa de religiosos, que só deixam um circulo estreito de cabello em roda, sendo portanto muito grande: o cercilho dos franciscanos, dos beneditinos… «Cercilho do pergaminho: as extremidades ásperas mais grossas e irregulares, que não são boas para escrever n’ellas.».»
«Em qualquer dos sentidos, portanto, porção de pele.»
«No nosso caso, «a parte do casco ainda com cercílio, do nosso português Santo António», seria um osso do crânio desse glorioso Taumaturgo franciscano, com o coiro cabeludo ainda colado.»
«Essa pele deveria ser, porém, maior do que a partícula óssea, motivo por que, vendo-se esta pelo lado de dentro, côncavo, ainda se distingue na pintura a continuação dela que o reveste pelo lado exterior, convexo, na forma representada na relíquia do retábulo.»
«E o próprio feitio de tal pele, conforme se depreende dos desenhos (figs. 154 e 155), na curva perfeita que apresenta, em baixo e à esquerda, deixa supor que se trata, realmente, da parte que contornaria a inserção da orelha. Na «relíquia» do painel distinguem-se, também, uns vincos bastante definidos, os quais devem corresponder, tratando-se dum «parietal», às «gouttières rameuses, analogues aux nervures d’une feuille de figuier.».»
«Estes sulcos do referido osso acham-se: um, no ângulo anterior inferior; os outros ou dois outros no seu bordo inferior, condizendo com as ramificações da artéria meníngea média. Ora, examinando a «relíquia» da tábua (fig. 153) e o traçado dessa artéria (fig. 156), verificamos que, mesmo neste aspecto, a pintura se ajusta à descrição anatómica.»
«Concluímos, por isso, que a tão discutida «relíquia» é um parietal direito do crânio de Santo António, aquele mesmo que foi trazido de Pádua pelo Infante D. Pedro, com a pele coloda.»
«Se fosse necessária, ainda, uma contraprova, poderíamos observar que é perfeita a coincidência do texto do livro do «ex.Judeu», existente no mesmo painel, na parte em que se refere ao voto feito pelo Cardeal D. Jaime a Santo António e à graça deste obtida como sua consequência.»
«Daí, portanto, a figuração dessa relíquia antonina, e não de qualquer outra, no chamado «Painel da Relíquia» (fig. 157), precisamente naquela tábua, onde outra personagem, logo atrás, em segundo plano e em íntima ligação com ela, nos apresenta o livro explicativo do assunto ou intenção de todo o políptico.»
«Como representar, realmente, melhor um «voto a S. António, em pintura, do que mostrando a relíquia do próprio Santo, trazida de Pádua pelo Infante D. Pedro, cuja trasladação para a Igreja de Santa Maria, na Batalha, se pretendia obter através dele?»
Em jeito de conclusão, por agora, lembro que o texto do livro atrás mencionado, apresentado por aquele que eu, seguindo BF, penso ser Olivier de la Marche, se refere (na perspectiva de BF) à intenção, feita promessa, (no caso da intercessão favorável de Santo António) de se dar sepultura condigna ao Infante D. Pedro.
E que melhor ocasião para de D. Afonso V assim proceder e reparar as ofensas, feitas ao Duque de Coimbra e antigo regente, seu tio e sogro, que a ocasião feliz do nascimento do seu herdeiro varão – o príncipe D. João.
Continuarei oportunamente esta transcrição a que, gostosamente, me comprometi.
Quanto ao seu oferecimento sobre as minhas indagações dos O’Neill, antepassados paternos da minha mulher, muito lhe agradeço, caro Camisão Soares.
Se não vir qualquer inconveniente nisso, abrirei um novo tópico em que darei as – poucas - informações que tenho sobre essa ligação.
Melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades
Peço-vos desculpa, mas por qualquer lapso a mensagem seguiu em duplicado.
Um abraço,
Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades
Peço-vos desculpa, mas por qualquer lapso a mensagem seguiu em duplicado.
Um abraço,
Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro Menéndez,
Notámos que esse pequeno "desfazamento" no seu e-mail. Julgo que o meu cunhado tentou enviar um e-mail, mas vou confirmar. Tenho, aliás, aprazada uma reunião para daqui a poucos dias.
Pois..., muito me conta, meu confrade. Em Itália estão à espera que algumas "démarches", feitas em Portugal, tragam resultados positivos. Esperemos, já que há questões melindrosas: é preciso paciência.
Relativamente aos O'Neill, antepassados de sua esposa: esteja completamente à vontade.
Um abraço,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Menéndez,
Posso-lhe adiantar que o projecto está ser feito em colaboração com a Universidade de Florença, e sob os auspícios da "UNESCO".
Um abraço,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro José Filipe Menéndez
Parabéns pelo seu trabalho em prol da Verdade. Poder-se-a dizer que entrou com o pé direito no Novo Ano. Força, continue, será sempre de enaltecer o esforço despendido com tamanha causa!
Quanto aos O´Neill, antepassados de sua mulher, têm algo a ver com os O´Neill de Bramão com ascendência na Vila de Panoyas?
Os meus melhores cumprimentos
Zé Maria
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro José Maria Ferreira
Muito obrigado pelas suas simpáticas palavras.
Como antes disse, espero continuar oportunamente essa transcrição que, muito me apraz, possa de algum modo contribuir para mais uma achega à história da obra prima da pintura portuguesa, da sua mensagem, de algumas das suas personagens e dos seus autores.
Sem desprimor para nínguem que sobre ela escreveu, rendo particular homenagem ao Dr. Belard da Fonseca, que consagrou uma boa parte da sua vida de investigador (para lá de jurista e causídico) à sua pesquisa e solução.
Quanto à sua pergunta sobre os O'Neill, não lhe sei responder. O pouco que sei deixei-o, ainda há pouco, escrito no tópico que abri sobre essa mesma questão.
Os meus melhores cumprimentos,
José Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades
Camisão Soares e João O'Neill
Retomando e concluindo a transcrição do Capítulo IV do 5.º vol. De “O MISTÉRIO DOS PAINÉIS”, intitulado «UM POUCO DE ANATOMIA…», como lá mais para trás tive ocasião de indicar, prossigo esta achega a que gostosamente meti mãos.
Assim, termina Belard da Fonseca este capítulo, dizendo:
«Devemos salientar, por último, que, partindo-se apenas de tal relíquia, histórica e anatòmicamente identificada, como já demonstrámos, se podem afastar por completo, as velhas e indocumentadas «identificações» da figura central do retábulo, como S. Vicente ou o Infante Santo.»
«É que, num e noutro caso, existiam então no nosso País relíquias conhecidas, quer do corpo daquele, na Sé de Lisboa, quer as vísceras deste, na Batalha, e, no entanto, não se procurou, por qualquer forma, representá-las ou sugeri-las no «Painel da Relíquia», e sim a do grande Taumaturgo português que, só no caso especial de D. Jaime, aí poderia ter lugar, por incompreensível e deslocada quanto aos outros.»
Prossegue BF o seu raciocínio, enumerando e discorrendo sobre as várias referências de escritores portugueses à oferta da relíquia daquele que no século se chamou Fernando de Bulhões.
Fernando de Bulhões (y Taveira Azevedo, que eu não acredito que alguma vez tenha usado antes de tomar ordens) e que, entre a cristandade, é mais conhecido por Santo António de Pádua. Isto, por muito que nos custe a nós portugueses. Quando muito, o mais que tenho visto, por essa Europa fora, é a referência a Lisboa como o seu local de nascimento, mas a designação consagrada fora do universo luso-brasileiro é a de Pádua. Para mim, que não sou muito dado a bairrismos, é me indiferente. Se tenho ocasião de o mencionar e precisar, a algum turista ou devoto vizinho, elucido-o sobre a naturalidade e nacionalidade dessa figura universal.
Lisboa ? Pádua? São apenas duas vertentes da sua vida. O alfa e ómega da sua efémera passagem terrena, mas eterna para aqueles crentes que são seus fiéis devotos, como em minha casa nos prezamos de ser.
Numa próxima oportunidade transcrevo, então, as observações que BF fez no capítulo V – «O TÚMULO DE SANTO ANTÓNIO EM PÁDUA E «A PARTE DO CASCO AINDA COM CERCILHO» OFERECIDA AO INFANTE D. PEDRO».
Por aqui me fico por agora.
Um abraço,
José Filipe Menéndez
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro Menéndez,
Informações importantes, sem dúvida, aquelas que presta. Concorde-se, ou não com Belard da Fonseca, teve o mérito de fazer um exaustivo estudo. E o mérito tem sempre que ser reconhecido!
A relíquia, que bem pode funcionar como "arquétipo", é na realidade intrigante. O mesmo se dirá do Santo a que se alude: será que se pode falar de Santo António..?
As suas observações são pertinentes, ainda para mais quando a "Santidade" é universal. Mas, foi português, e é bom que assim tenha sido: é motivo de orgulho. Por que não?
Não se infira com o que acima disse, que sou exclusivista, de maneira alguma. O seu trabalho em Pádua foi notável.
Aguardo, pois, mais notícias suas.
Aproveito para lhe dizer que amanhã vou estar com o meu cunhado para a dita reunião. Depois lhe transmitirei o que apurei.
Uma coisa importante: não me esqueci dos "O'Neill", de sua esposa.
Um abraço,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur João
Só para lhe dizer que não me esqueci de continuar e concluir este assunto com a transcrição prometida.
A verdade é que tenho andado por outras "pinturas" mais heráldicas aqui no GENEA.
Um abraço,
José Filipe
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro José Filipe,
Esteja à vontade.
Tenho lido, com interesse, as suas intervenções no que respeita às "pinturas" herádicas.
Um abraço,
Artur João
P.S. Pode-me fornecer mais elementos concernentes aos "O'Neill" de sua esposa?
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur João
Tudo bem consigo e com os seus?
Retomando as nossas "conversas" continuo, finalmente, a transcrição prometida com as observações que BF fez no capítulo V – «O TÚMULO DE SANTO ANTÓNIO EM PÁDUA E «A PARTE DO CASCO AINDA COM CERCILHO» OFERECIDA AO INFANTE D. PEDRO».
Dizia ele:
«Excluídas as relíquias do capítulo antecedente: umas, por posteriores à execução do políptico; outras, por respeitarem a cabeças inteiras; outras, ainda, por estranhas ao assunto do retábulo; e todas elas, por não corresponderem, de qualquer forma, à representada nos «Painéis» - restou-nos, como vimos, a «parte de casco ainda com cercilho», trazida de Pádua pelo Infante D. Pedro.»
«Detenhamo-nos, por isso, mais um pouco, na sua apreciação.»
«No nosso primeiro livro (58) não nos alongámos em considerações sobre a mesma, porque nos pareceu que o caso ficaria sobejamente esclarecido e que ninguém viria pôr em dúvida o acerto da sua identificação.»
«Devia ser ela, nesses meados do século XV, pela grande categoria da pessoa que atrouxe para Portugal, pela extraordinária projecção de Santo António no mundo cristão, pela sua ligação especial com o País e, designadamente, com a cidade de Lisboa, onde nasceu, a mais notável e veneranda relíquia existente nos nossos conventos e igrejas.»
«E tudo isso, somado à sua própria configuração na tábua do políptico, parecia suficiente para, desde logo, se considerar o problema como resolvido.»
«Mas não sucedeu assim, pois alguns críticos, teimosos ou despeitados, persistem ainda nas suas fantasias...»
«Procuraremos, por tal motivo, esgotar o assunto. São muitas as referências dos escritores a essa relíquia»
«Já mencionámos estas passagens de várias obras:»
«De Frei Luís de Sousa (59).»
««...e de Itália passando por Pádua trouxe algumas relíquias do nosso Portuguez Santo António, que deu à sua Igreja de Lisboa.»»
«De Eduardo Freire de Oliveira (60)»
««A «Reliquea» era sem dúvida «uma parte do casco ainda com cercillio do nosso portuguez Santo Antonio, que D. Pedro, duque de Coimbra, 4.º filho de D. João I, trouxe de Pádua em 1428.»»
«De João Bautista de Castro (61)»
««Na Igreja e Casa do mesmo Santo António fe guarda em cofre de prata dourado hum pedaço do casco ainda com cabelo de circilo do Santo, que o Infante D. Pedro, filho del Rey D. João I alcançou de Padua.»»
«Do Dr. Levy Jordão (62)»
««Entre as preciosidades que por várias vezes foram dadas à Casa não podemos deixar de mencionar: o cofre de prata dourada com um pedaço de casco, ainda com cabelo do circilo, alcançado pelo infante D. Pedro, filho de D. João I.»»
«(58) Obra citada, págs. 54 e 55.»
«(59) História de S. Domingos - 3.ª ed., vol. II, pág. 270.»
«(60) Elementos para a História do Município de Lisboa - 1887, tomo II, pág. 550.»
«(61) Mappa de Portugal - 1763, tomo II, págs. 190 e 200.»
«(62) Historia da Real Casa de Santo António - Lisboa, 1857, pág. 15.»
E com mais esta transcrição por aqui fico hoje.
Só, a terminar, lamento que entre "Os Grandes Portugueses" não veja o Infante D. Pedro, para mim o maior da Ínclita Geração, o mais culto dos irmãos, o mais "europeu" e aquele que maior sentido de Estado tinha.
E ... mesmo o nosso grande Taumaturgo (será que a maioria sabe o que é e quem é) apenas apareçe (ainda assim) em 13.ª posição. Também é verdade que se aqueles que o sabem, fizerem como eu que não gosto de dar dinheiro de mão beija da à PT...
Um abraço,
José Filipe
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro José Filipe,
Um pouco constipado, de resto tudo bem. Muito obrigado!
O confrade tem sido inexcedível.
Quanto ao que diz sobre os "Grandes Portugueses": o Infante D. Pedro para além de culto tinha uma visão estratégica inovadora. Não hesito em dizer que sem ele dificilmente se tinham iniciado os "Descobrimentos".
Um abraço,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur João
Prossigo a transcrição com as observações que BF fez no capítulo V – «O TÚMULO DE SANTO ANTÓNIO EM PÁDUA E «A PARTE DO CASCO AINDA COM CERCILHO» OFERECIDA AO INFANTE D. PEDRO», no ponto em que a interrompi.
Escrevia ele:
«Podemos agora acrescentar as seguintes:»
«De J. Soares da Silva (63).»
««De Itália veyo a Alemanha (e então trouxe de Padua as Relíquias do glorioso Santo António, as quais deu à Igreja de Lisboa).»»
«Do Abade Castro e Sousa (64).»
««Da cidade de Padua trouxe uma parte do casco, ainda com cabello, do cercilio do Thaumaturgo Portuguez Santo António de Lisboa, o qual se guardava na sua Real Casa de Lisboa, em cofre de prata dourado, até ao terramoto, e incendio de 1755, que soffreo tambem a referida casa.»»
«Deixámos intencionalmente para o fim a obra de maior interesse, por conter a descrição da Igreja de Santo António, a menção das suas relíquias e épocas da vinda das mesmas para Portugal.»
«É que, como alguns dos autores atrás citados se referem vagamente a «relíquias» desse Santo, isso prestava-se talvez a novas confusões...»
«Trata-se do livro de Frei manoel da esperança (65), onde se lê:»
««O interior do templo efperta a deuação co a vifta defeus famofos milagres, pintados em muitos quadros.
Ardem hoje diante da fua fanta imagem nove alampadas de prata, venerando juntamente fuas fagradas reliquias, mettidas em hum Sacrario no lado do evangelho: a faber parte do cafco em cofre tambem de prata, & parte d'hum dedo em cuftodia de ouro; aquela, que trouxe a efte reino o Infante D. Pedro, filho d'el-rei D. João I, efta que deu a rainha D. Margarida, mulher de Felippe IV de Caftela.»»
......................................................................................................................
««Temos mais em Portugal parte de hu braço, que alcançou da Senhoria de Veneza el-Rei D. Sebaftião se saudofa memoria.»»
«Portanto, a única relíquia de Santo António, existente em Lisboa no século xv, era a «a parte do casco», visto as outras terem sido doadas à sua igreja dessa cidade nos séculos seguintes.»
«Pareceu-nos, porém, que teríamos de completar, para perfeito esclarecimento do caso, estes elementos colhidos em escritores portugueses, com outros a obter em Itália.»
«Ora existe, realmente, em Pádua, o documento comprovativo da oferta ao infante D. pedro, em 1428, dessa relíquia de santo António. O Prof. Paolo Sambini, no seu artigo «Il dono d'uma reliquia de S. António a Pietro Principe del Portogallo» (66), publica esse documento de 13 de Abril de 1428, existente no «Archivio di Stato di Padova (67). Antecede a siua transcrição com as seguintes considerações, que se reproduzem:»
««Il principe é a padova, visita il corpo e reliquie del Santo: quello nell'arca marmorea «in loco« dei frati minori, questa nella sacristia dello stesso convento; all'arca prega e fa celebrare Messe. Per riguardo a questa devozione, i superiori del convento col consenso dei rettori della cittá e dei provveditori e officiali dell'arca donano al principe portoghese una preziosa reliquia: una parte della cute e della tonsura coi capelli del gloriosissimo confessore S Antonio dell'ordine dei minori.» (68)»
«O texto do referido documento´é em latim, no entanto, deve-se a um distinto historiógrafo português, o Dr. Francisco Leite de Faria (69), no seu interessante e valioso trabalho acerca das viagens do «Príncipe das sete partidas», a sua divulgação em Portugal e uma tradução na nossa Língua.»
«(63) Memorias de D. João I, tomo I, pág. 377.»
«(64) Resumo Histórico da Vida, Acções , Morte e Jazigo do Infante D. Pedro, duque de Coimbra - Lisboa, 1843, pág. 10.»
«(65) Historia Serafica da ordem dos frades Minores de S. Francisco na Provincia de portugal - Lisboa, 1655 - Primeira Parte, pág. 348.»
«(66) Na Rivista Antoniana - Il Santo, Anno I - Fasc. 2 - Padova, 1961, págs. 91.»
«(67) Archivio notarile, 523, cc. 249 250.»
«(68) Obra citada, pág. 91.»
«(69) A visita do infante D. pedro a Pádua e algumas edições do folheto que descreve as suas imaginárias viagens - Separata de Studia - Lisboa, Jan.-Jul., 1964.»
E por aqui me fico por hoje.
Votos de um bom fim de semana.
Com amizade,
José Filipe
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur João
Como não li o texto antes de o enviar, alguns nomes própios, designadamente do insigne infante D. Pedro, ficaram escritos a minúsculas. É que o meu teclado é um pouco falso na tecla do referido accionamento de maiúsculas.
Um abraço,
Zá Filipe
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro Zé Filipe,
Imagine que estiva a semana inteira com febre, tonturas, e má disposição...! A GRIPE atacou. Só há poucas horas é que perdi o "raio" das tonturas, caramba.
Evidentemente que o conteúdo é que importa e sob este aspecto o confrade esmera-se.
Logo mais, vou-lhe enviar um email privado com algumas questões particulares.
Um abraço amigo,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caríssimo Zé Filipe,
Boa tarde. Como tem passado?
Estou a contactá-lo, por este meio, porque tive que "formatar"(há alguns dias) o computador. Precisava que me fizesse o favor de me reencaminhar várias mensagens relativas à problemática dos "Painéis". Envie-me, por favor, um e-mail.
Um abraço amigo,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caros Confrades,
Venho indagar se há algo de novo. Interessa-me saber, em particular, se existe mais algima descrição anatómica da "relíquia".
Com os meus melhores cumprimentos.
Artur Camisão Soares
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Prezado Artur João
Como tem passado o meu Amigo e todos os seus?
Peço-lhe imensa desculpa por só agora me ter dado conta da sua mensagem, já de Dezembro, para mim.
Diga-me, por favor, quais os conteúdos que pretende que amanhã ou, o mais tardar, no domingo reencaminho o que desejar.
Espero retomar para meados da próxima semana as minhas pesquisas na TT. A ver se nos encontramos por lá, já que por minha culpa tenho andado muito arredado dos jantares da APG no Clube dos Empresários.
Um abraço amigo,
José Filipe
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Estimado Zé Filipe,
Ultimamente tenho estado bem, obrigado. Os meus familiares encontram-se de boa saúde, felizmente.
Claro que está perdoado.
Agradeço-lhe que me envie, por favor, o que diz respeito a descrições feitas por "homens das ciências exactas": nomeadamente a feita pelo Professor Doutor Reynaldo dos Santos.
Terei todo o prazer em me encontrar consigo na TT.
Um abraço amigo,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur João
Não tenho qualquer problema em enviar-lhe o que me pede. Mas, ao acabar de fazer a opção copiar do meu ficheiro sobre os painéis, lembrei-me de procurar aqui neste seu tópico, e conclui que é a mesma que lhe enviei em Janeiro de 2007. Esse conteúdo é sobretudo uma trancrição da obra do Dr. Belard da Fonseca. Não tenho, que me lembre, nenhuma obra do Reynaldo dos Santos, para além dos "Oito Séculos de Arte Portuguesa".
Como atrás disse, posso copiar os conteúdos anterirores e enviar-lhos, mas eles são os mesmos que por aqui estão neste tópico.
Diga-me de sua justiça.
Um abraço,
Zé Filipe
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Meu Caro Zé Filipe,
Estive a verificar alguns "backups" e, afinal, tenho dados referentes a uma mensagem de 12/12/2006: com duas figuras(crânio de perfil e parietal direito), e respectiva descrição. De Janeiro de 2007 não possuo mensagens com este assunto, pelo que agradeço que me reconfirme a data.
À sua disposição.
Um abraço,
Artur João
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caríssimos Confrades,
Muito bom dia!
Pretendo obter a comunicação feita pelo Prof. Doutor José Manuel Ferreira Coelho no "Elos Clube de Tavira"(No dia 27 de Março de 2011, no Hotel Porta Nova, Tavira). Numa lição lá dada afirmou que a "Relíquia" era um occipital...e descreveu-a anatómicamente. A esta conclusão já se tinha chegado, como é consabido, pelo que gostaria de saber o que "existe de novo"...!?
Com os meus melhores cumprimentos,
Artur Camisão Soares
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur
Desconheço o teor da comunicação proferida pelo Prof. Doutor José Manuel Ferreira Coelho nesse dia, mas penso que deverá estar de acordo com um capítulo (?) sobre esse assunto publicado no seu livro de 2010:
Portugal nos Séculos XIII-XIV-XV - Reflexões Históricas
José Manuel Martins Ferreira Coelho
Editora: Editora Mar de Letras
ISBN 9789728379636 | 272 págs.
Cumprimentos
Clemente
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Clemente,
Julgo que sim. Pode-me fazer o favor de reproduzir o que vem aí escrito? Agradeço-lhe muito.
Melhores cumprimentos,
Artur
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur
Não disponho do livro
Recordo de o ter desfolhado numa livraria e que dois pontos me chamaram a atenção: essa descrição da "relíquia" e a existência de algumas "torres de vigia" existentes junto à ria Formosa no concelho de Tavira, que faziam lembrar a misteriosa torre de Newport existente em Rhode Island/EUA.
Apesar de ser um entusiasta dos Painéis e seus mistérios, não adquiri o livro porque penso a descrição da relíquia aí incluída vinha na linha do publicado nos livros de Belard da Fonseca e aqui transcritos pelo confrade JFMenéndez.
A referência que fez no seu post a Tavira e à relíquia despertou-me, o que me levou a pesquisar por “José Manuel Ferreira Coelho”, e a encontrar o tal livro que referi anteriormente e que reconheci logo pela capa.
Cumprimentos
Clemente
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Clemente,
Agradeço a sua resposta. Um facto importante: que eu saiba...só uma pessoa, e anos antes..., a descreveu como um "occpital". Estou a falar do meu cunhado João 0'Neill; vou consultar a obra que me indicou.
Renovados cumprimentos,
Artur
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur Camisão
Seguindo o meu raciocinio o que se oferece dizer sobre o Diácono a figura principal dos painéis???
Saudações fraternas
Zé Maria
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur Camisão
Seguindo o meu raciocinio o que se oferece dizer sobre o Diácono a figura principal dos painéis???
Esse Diácono terá a ver alguma coisa com aquele Diácono que se iniciou na Guerra Civil da Catalunha, como Pombinha da Paz. É que esse Diácono enviava muitos tapeçarias e quadros da Catalunha para a Igreja do Espírito Santo de Alfama e Mosteiro de S. Vicente!!! É que Antoni de Sadurni não se fartava de bordar pelo amor que ele tinha a Portugal.. e pelos descendentes dos Colom(bos) da Casa Urgel.
http://es.wikipedia.org/wiki/Antoni_Sadurn%C3%AD
Ou não tivesse o Diácono as suas raízes na Catalunha, a terra de São Vicente!!!
Poder-se-a dizer que o Diácono reencarnou no São Vicente!!!
Poder-se-a dizer que esse Diácono foi se iniciar em Cuba na Catalunha???
Espero seguir o meu raciocínio...
Saudações fraternas
Zé Maria
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Senhor José Maria Ferreira
É evidente...não!?
Afinal, Cristóvão Colombo. é para além de Portugal, como UNO, a figura Principal da História,
E já agora, que andam ás voltas com os Painéis, olhem também para as Tapeçarias....e devolvam o rosto, o chapéu e o protagonismo incontornável, ao Rei Dom Afonso V.
Melhores Cumprimentos
Maria da Fonte
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Cara Maria da Fonte
Este Diácono de Cuba de Aragão era não só influenciado pelo chapelão borgonhês como pela Casa Lencastre de Inglaterra, como Casas Reais de Aragão, da Sicília e Portugal. E havia um seu embaixador que fazia a ligação entre estas casas, era o seu criado Pedro Vasques de Saavedra!!!
Porque este Diácono era primo de Eduardo IV de Inglaterra, primo de D. João II e Fernando de Aragão, e também primo de Pedro de Aragão, e sobrinho de Filipe de Borgonha e primo de Carlos, O Temerário, assim como sobrinho do Rei da Sicília ao qual o seu pai Infante D. Fernando aspirava suceder-lhe no trono!!!
Porque este Diácono que partiu de Portugal, para iniciar o seu serviço a Deus em Aragão, terra dos nossos primeiros reis e também terra de São Vicente, o Santo que foi o grande impulsionador pela introdução do Culto do Espírito Santo na Casa Real Portuguesa!!!
Como tal, este Diácono que se iniciou em Cuba de Aragão, gostava de mandar bordar casulas e dalmáticas com as armas não só de Portugal, como casulas com as armas da Sicília, da Catalunha, da Inglaterra e de Valencia, para oferecer à Igreja do Espirito Santo de Alfama!!!
Este Diácono era um servo de Deus, ele próprio disse ao Mundo que foi um enviado de Deus, por isso proclamou o advento pelo Mundo!!
Este Diácono era um Príncipe, um Infante de Portugal!!!
E o povo, o clero e a nobreza de Portugal, adoravam-no!!!
http://paineis.org/PAINEL_Infante.htm
http://paineis.org/PAINEL_Arcebispo.htm
E a mensagem que o Diácono quis deixar ao Mundo, é aquela mesma que o Diácono de São Vicente tem no livro que ostenta na sua mão!!!
"...Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu.
Eu vo-lo disse agora antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.
Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o Príncipe deste mundo, e nada tem em mim;
Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui…"
Vere dignum et justum est, É verdadeiramente digno e justo,
aequum et salutare, nos tibi equitável e salutar que nós Vos
semper, et ubique gratias demos graças sempre e em todo lugar:
agere: Domine sancte, Pater Senhor Santo, Pai
omnipotens, aeterne Deus. Todo-Poderoso, Deus eterno,
Qui cum unigenito Filio tuo, Que com Vosso Filho Unigênito
et Spiritu Sancto, unus es e o Espírito Santo sois um só
Deus, unus es Dominus: non Deus, um só Senhor; não
in unius singularitate em uma Pessoa singular,
personae, sed in unius mas na
Trinitate substantiae. Quod Trindade de uma só substância, pois
enim de tua gloria, revelante o que de Vossa Glória Vós revelastes
te, credimus, hoc de Filio cremos também de Vosso Filho
tuo, hoc de Spiritu sancto, e do Espírito Santo
sine differentia discretionis sem nenhuma diferença.
sentimus. Ut in confessione Ao confessarmos
verae, sempiternaeque a verdadeira e eterna
Deitatis, et in personis Divindade, a propriedade nas Pessoas,
proprietas, et in essentia a unidade na essência
unitas, et in majestate e a igualdade na majestade
adoretur aequalitas. Quam nós adoramos. A Quem
laudant Angeli, atque louvam os Anjos e
Archangeli, Cherubim quoque os Arcanjos, os Querubins e
ac Seraphim: qui non cessant os Serafins, que não cessam
clamare quotidie, una voce de clamar todos os dias, em uma só voz
Sanctus, Sanctus, Santo, Santo,
Sanctus, Dominus Deus Santo, Senhor Deus
Sabaoth. Pleni sunt coeli et dos Exércitos. Estão cheios o Céu e
terra gloria tua. Hosanna in a Terra de Vossa glória. Hosana
excelsis. Benedictus qui nas alturas. Bendito seja o que
venit in nomine Domini. vem em nome do Senhor.
E o Diácono foi Cristo que veio segunda vez sobre toda a Terra, usando o pseudónimo de Cristóvão Colombo!!!
Saudações fraternas
Zé Maria
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RE: Nuno Gonçalves- Painéis de S. Vicente de Fora
Cara Maria da Fonte
Este Diácono de Cuba de Aragão era não só influenciado pelo chapeirão burgonhês como pela casa Lencastre de Inglaterra como da Sícilia e Portugal. E havia um seu embaixador que fazia a ligação entre estas casas, era Pedro Vasques de Saavedra!!!
Porque este Diácono era primo de Eduardo IV de Inglaterra, primo de D. João II e Fernando de Aragão e sobrinho de Filipe de Borgonha e primo de Carlos, O Temerário, assim como sobrinho do Rei da Sicilia ao qual o seu pai Infante D. Fernando aspirava ao trono!!!
Porque este Diácono que partiu de Portugal, para iniciar o seu serviço a Deus em Aragão, terra dos nossos primeiros reis e também terra de São Vicente, este mesmo Santo que foi o grande impulsionador pela introdução do Culto do Espírito Santo na Casa Real Portuguesa!!!
Como tal este Diácono que se iniciou em Cuba de Aragão, gostava de mandar bordar casulas e dalmáticas com as armas não só de Portugal, como casúlas com as armas da Sicilia, da Catalunha e da Inglaterra e de Valencia, para oferecer à Igreja do Espirito Santo de Alfama!!!
Este Diácono era um servo de Deus, ele proprio disse ao Mundo que foi um enviado de Deus, por isso proclamou o advento pelo Mundo!!
Este Diácono era um Príncipe, um Infante de Portugal!!!
E o povo, o clero e a nobreza de Portugal, adoravam-no!!!
http://paineis.org/PAINEL_Infante.htm
http://paineis.org/PAINEL_Arcebispo.htm
E a mensagem que o Diácono quis deixar ao Mundo, é aquela mesma que o Diácono de São Vicente tem no livro que ostenta na sua mão!!!
"...Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu.
Eu vo-lo disse agora antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.
Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o Príncipe deste mundo, e nada tem em mim;
Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui…"
Vere dignum et justum est..........., É verdadeiramente digno e justo,
aequum et salutare, nos tibi........ equitável e salutar que nós Vos
semper, et ubique gratias............ demos graças sempre e em todo lugar:
agere: Domine sancte, Pater....... Senhor Santo, Pai
omnipotens, aeterne Deus........... Todo-Poderoso, Deus eterno,
Qui cum unigenito Filio tuo,........... Que com Vosso Filho Unigênito
et Spiritu Sancto, unus es............. e o Espírito Santo sois um só
Deus, unus es Dominus: non....... Deus, um só Senhor; não
in unius singularitate..................... em uma Pessoa singular,
personae, sed in unius................. mas na
Trinitate substantiae. Quod........... Trindade de uma só substância, pois
enim de tua gloria, revelante........ o que de Vossa Glória Vós revelastes
te, credimus, hoc de Filio............. cremos também de Vosso Filho
tuo, hoc de Spiritu sancto,............ e do Espírito Santo
sine differentia discretionis............ sem nenhuma diferença.
sentimus. Ut in confessione.......... Ao confessarmos
verae, sempiternaeque................ a verdadeira e eterna
Deitatis, et in personis................. Divindade, a propriedade nas Pessoas,
proprietas, et in essentia............. a unidade na essência
unitas, et in majestate................ e a igualdade na majestade
adoretur aequalitas. Quam.......... nós adoramos. A Quem
laudant Angeli, atque.................. louvam os Anjos e
Archangeli, Cherubim quoque....... os Arcanjos, os Querubins e
ac Seraphim: qui non cessant...... os Serafins, que não cessam
clamare quotidie, una voce ......... de clamar todos os dias, em uma só voz
Sanctus, Sanctus, ....................... Santo, Santo,
Sanctus, Dominus Deus............... Santo, Senhor Deus
Sabaoth. Pleni sunt coeli et ......... dos Exércitos. Estão cheios o Céu e
terra gloria tua. Hosanna in.......... a Terra de Vossa glória. Hosana
excelsis. Benedictus qui................ nas alturas. Bendito seja o que
venit in nomine Domini.................. vem em nome do Senhor.
Ele foi Cristo que veio segunda vez sobre toda a Terra, usando o pseudónimo de Cristóvão Colombo, que aportou em Portugal depois duma batalha naval travada ao largo de São Vicente!!!
Saudações fraternas
Zé Maria
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Artur
Já passou um ano e meio desde que trocámos a última mensagem.
Este período corresponde igualmente ao tempo em que tenho estado envolvido, embora não a 100%, na elaboração de um estudo no qual defendo que os Painéis foram elaborados em memória do infante D. Pedro, regente de Portugal.
Tenho consciência que esta perspectiva possa causar polémica, mas o que se pretende é abrir uma nova via de investigação que possa contribuir, um pouco mais, para a resolução do enigma que está por detrás desta magnifica pintura.
Espera-se que o livro esteja disponível em breve.
Entretanto pode consultar o meu blogue (clemente-baeta.blogspot.com) onde encontrará mais detalhes.
Cumprimentos
Clemente
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Se o "tio alemão" não me está a pregar alguma partida, há vários anos que vi essa tese em Alfredo Pinheiro Marques.
A. Luciano
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro A. Luciano
Se bem me recordo o que o Alfredo Pinheiro Marques defendia, por alturas das polémicas relacionadas com o livro de Jorge Filipe Ameida "O pintor Nuno Gonçalves" (penso que em 2003) era que o infante D. Pedro contribui decisivamente para a realização dos Painéis durante a sua regência (1439-1448), concordando assim com a data de execução da pintura sugerida por JFA (1445)
Desconheço que Alfredo P. Marques tenha publicado qualquer tese, só me recordo da sua posição vinda a público nos jornais, em especial num de Coimbra.
O que eu defendo é que os Painéis representam uma reabilitação da memória do duque de Coimbra ocorrida mais tarde (1464-1467)
Cumprimentos
Clemente
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Provavelmente tem razão.
Pinheiro Marques não publicou nenhuma tese sobre os Painéis mas referiu o assunto num livro quer li há anos mas creio ser posterior a 2003. O assunto nunca me interessou e, talvez por isso, não retive pormenores.
Sem nada prometer, se tiver tempo e oportunidade - não tenho os meus livros todos à mão e nada está organizado - verei o que lá consta.
A. Luciano
P.S. - Tentar reabilitar a memória do Infante D. Pedro é "crime" quase tão grave como tentar reabilitar a memória do Infante D. Miguel. Prepare-se para ataques descabelados ou talvez um total silêncio, e perca desde já qualquer ideia de ver o assunto discutido no Centro Cultural de Belém.
A.L.
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Tem toda a razão no que escreve no seu post scriptum.
Sei que este ponto de vista vai contra a tese oficiosa, muito bem suportada por ilustres historiadores de arte, e como tal será muito dificil alterar as ideias associadas a essa tese.
Mas como esta reconhece que os mistérios/enigmas dos Painéis ainda não estão totalmente descobertos, pode ser que aceitem como provável um dos muitos aspectos que exponho, alguns dos quais totalmente inéditos.
Não pretendo a organização de qualquer debate ou colóquio sobre este assunto (vejam-se as polémicas levantadas quando da publicação do livro de Jorge Filipe Almeida e o marketing que este autor desenvolveu para tudo ficar exactamente como estava antes de 2000/2003).
Pretendo apenas expôr a minha honesta e humilde posição (não me sentiria bem comigo próprio se o não fizesse). Não viso qualquer lucro e já ficaria satisfeito se apenas um dos pormenores que exponho no livro suscitasse desenvolvimentos posteriores por um outro investigador.
Clemente
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RE: A Relíquia do Painéis de S. Vicente de Fora
Caro Clemente
Constato que em breve irá sair mais um livro sobre os painéis de S. Vicente. É um tema que me interessa e acredito que ainda não está tudo desvendado. A posição oficial também não é, parece-me, categórica.
Aguardo com expectativa a saída do se livro. Esta publicação está prevista para quando e qual a editora?Porque não cria um tópico sob o título do livro.
Cumprimentos
danib
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