Calendário Gregoriano
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Calendário Gregoriano
Caros Confrades,
Com a adopção do Calendário Gregoriano em 1582, que penso ter sido imediatamente adoptado nos países católicos, o 1º de Janeiro passou a ser considerado o primeiro dia do ano. O que eu gostaria de saber é se quando vemos referências a datas compreendidas entre 1 de Janeiro e 25 de Março (Dia da Anunciação e primeiro dia do ano no Calendário Juliano) de anos anteriores a 1582 essas datas são as originais no Calendário Juliano ou se já estão convertidas de acordo com o Calendário Gregoriano.
Cumprimentos
Alexandre Burmester
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RE: Calendário Gregoriano
Caro Alexandre Burmester:
Não sei se entendi bem o que pergunta.
Contudo, na "web" há um "site" que tem um conversor de datas do Calendário Gregoriano para o Juliano.
Aí se diz mais o seguinte:
"Calendar dates — year, month, and day — are more problematic. Various calendar systems have been in use at different times and places around the world. This application deals with only two: the Gregorian calendar, now used universally for civil purposes, and the Julian calendar, its predecessor in the western world. As used here, the two calendars have identical month names and number of days in each month, and differ only in the rule for leap years. The Julian calendar has a leap year every fourth year, while the Gregorian calendar has a leap year every fourth year except century years not exactly divisible by 400.
This application assumes that the changeover from the Julian calendar to the Gregorian calendar occurred in October of 1582, according to the scheme instituted by Pope Gregory XIII. Specifically, for dates on or before 4 October 1582, the Julian calendar is used; for dates on or after 15 October 1582, the Gregorian calendar is used. Thus, there is a ten-day gap in calendar dates, but no discontinuity in Julian dates or days of the week: 4 October 1582 (Julian) is a Thursday, which begins at JD 2299159.5; and 15 October 1582 (Gregorian) is a Friday, which begins at JD 2299160.5. The omission of ten days of calendar dates was necessitated by the astronomical error built up by the Julian calendar over its many centuries of use, due to its too-frequent leap years."
Se não encontrar o site - e caso esteja interessado -- envio-lhe o endereço por e-mail.
Um abraço do
João de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Calendário Gregoriano
Meu Caro
Será abusar se lhe pedir tambem o site do calendário para mop22645@mail.telepac.pt ?
No reinado de D. João I tambem houve mudança de calendário. Na "genealogia corrente para leigos como é o meu caso" as datas de nascimentos, mortes, etc anteriores a esta alteração já costumam estar corrigidas ?
Obrigado Eugenio Medina
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RE: Calendário Gregoriano
Caro Eugénio Medina:
Enviei-lhe um e-mail mas, por lapso, seguiu sem assunto.
O remetente é jpcmt.
Cumprimentos.
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RE: Calendário Gregoriano
Caro João de Castro e Mello Trovisqueira,
Muito obrigado pela sua amável ajuda.
A explicação que transcreve é perfeitamente clara, mas refere-se aparentemente ao método de apresentação de datas utilizado por um programa informático para ultrapassar a questão da mudança de calendário.
Mas eu pergunto: em documentos posteriores à entrada em vigor do Calendário Gregoriano, que referem datas de épocas em que vigorava o Calendário Juliano, estas últimas datas encontram-se convertidas à datação gregoriana ou estão na sua forma original? Admito que ocorram ambas as hipóteses, mas qual a mais usual?
Desde já agradeço uma sua possível ajuda.
Um abraço do
Alexandre Burmester
PS Já agora, agradecia a indicação do site para
o meu email aburma1arrobayahoopontocopontouk
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RE: Calendário Gregoriano
Caro Alexandre Burmester:
Como calcula, não é possível dar uma resposta peremptória ao que me pergunta. Tudo depende da fonte ou do autor. No meu fraco entendimento sobre estas questões astrais, parece-me, no entanto, que as diferenças não serão muito significativas, situando-se -- quando existem -- ao nível de dias.
Experimentei algumas datas no tal conversor, e as divergências que encontrei, são referentes aos dias da semana (e.g. 5ª, em vez de 3ª feira). Estarei certo?
O endereço do site segue por e-mail.
Um abraço,
João
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RE: Calendário Gregoriano
Caro Alexandre Burmester
O tema do nosso Calendário é apaixonante e gerador de muitas e pertinentes dúvidas.Eu tenho-as, mas tentarei ajudar com o pouco que sei.
O Calendário Gregoriano(CG) sai duma recomendação do nosso conhecido Concílio de Trento, e é instituído para resolver o avanço de cerca de 1o dias que já se verificava, em 1582.Avanço em relação a quê?
Em 325 DC sob o Papa Silvestre I realizou-se o Concílio de Nicea, tendo nesse ano , o equinócio da Primavera caído a cerca de 20 de Março, o que implicou que a comemoração da Páscoa, nesse ano,estivesse de acordo com o descrito no Novo Testamento.Sendo a data do equinócio da Primavera muito importante para a definição do calendário religioso - Páscoa, Pentecostes....- havendo um deslize, tudo se alteraria, pois, p. ex., o domingo de Páscoa cristão que é sempre aquele a seguir à 1ªlua cheia, depois do equinócio, deslizaria, e não estaria de acordo com o que nos é dito nos Livros.
Então os astrónomos encarregados pelo Papa de estudar o assunto, verificaram que o CJ introduzia 1 dia de erro, a mais, cada 128 anos.Quer dizer que em 1582 a data do equinócio estava errada,pois o dia já não durava o mesmo que a noite, como em 325DC. Para acertar, saltaram-se os 10 dias, aprox.= (1582-325)/128, de calendário.
E que regras se estabeleceram para diferenciar os dois calendários?
Sob o Calendário Juliano(CJ) todos os anos divisíveis por 4 eram bissextos.Com a correcção introduzida pelo CG, não basta que os anos sejam divisíveis por 4 para serem bissextos,tê-lo-ão que ser também, por 100 e 400 , em simultâneo.Assim 1600 e 2000, foram bissextos, mas 1700, 1800 e 1900 não o foram.
Há assim um ajuste na duração anual, que leva a que no CG,o ano tenha 365,2425 dias contra os 365,25 do CJ, o que dá o tal 1 dia em cada 128 anos.
Portugal, assim como Itália, Espanha e Polónia, adoptaram de imediato as alterações emanadas do Pontifex maximum, i.e., deitaram-se na noite de 4 de Outubro e acordaram na manhã de 15 de Outubro!Quer isto dizer que, em Portugal ou Espanha, p.ex. 8 de Março de 1498,portanto em época do CJ, deve ser visto hoje como 8 de Março de 1498,sem correcção alguma, apesar do erro que já se verificava na altura.
O ajuste introduzido pelo CG foi feito, com vigor a partir de 4 Out.1582 e o calendário continuou,na data indicada pelo Papa, embora com outro nome e sujeito novas regras.
Respondi à sua dúvida?
Outros países introduziram a mudança em outras alturas.P.ex.Inglaterra, só o fez em 2 de Setembro de 1752, e Rússia em 1918, daí que revolução bolchevique de Outubro(deles)1917, tenha sido já em Novembro do CG.Acho que as Igrejas ortodoxas - russa, grega...- ainda usam hoje, o CJ.
Penso, portanto, que só relativamente a países que não adoptaram de imediato a norma de Gregório XIII, será necessário olhar duas vezes e saber de que data estamos a falar, embora pense que, se p.ex. um livro inglês, de hoje, falar duma data de 1540 já se refira a ela, adaptada ao CG.Com os documentos ingleses da época, será necessáriamente diferente.
Cumprimentos
José Maria Simões dos Santos
PS:Sites interessantes
(...)
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RE: Calendário Gregoriano
Caro Alexandre Burmester
No exemplo que referi para o livro inglês, queria dizer 1640, e não 1540.
Faltou-me também dizer que, o Calendário Juliano já contemplava os doze mêses tal como hoje existem, de Janeiro a Dezembro, ou seja, do primeiro ao último.
Cumprimentos
José Maria Simões dos Santos
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RE: Calendário Gregoriano
Caro José Maria Simões dos Santos
Permita-me uma ligeira correção. Quando diz que "não basta que os anos sejam divisíveis por 4 para serem bissextos,tê-lo-ão que ser também, por 100 e 400 , em simultâneo" deveria dizer que "não basta que os anos sejam divisíveis por 4 para serem bissextos, aqueles que são divisiveis por por 100 tê-lo-ão que ser também por 400".
Cumprimentos
João Ary
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RE: Calendário Gregoriano
Caro José Maria Simões dos Santos,
Interessantíssima e verdadeiramente exaustiva a explicação que aqui deixou.
Fiquei bem esclarecido, mas uma dúvida permanece: dado que no Calendário Juliano o ano começava a 25 de Março (e agradecia me corrigisse neste ponto, se eu estiver errado), quando vemos referência a, por exemplo, 12 de Março de 1480, trata-se de facto de 1480 ou de 1481?
Desde já lhe agradeço o possível esclarecimento.
Cumprimentos
Alexandre Burmester
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RE: Calendário Gregoriano
Caríssimos confrades,
Se me permitem, deixo-vos uma pequena lembrança. Trata-se dum tópico meu: Medidas do Tempo. Já lá vão dois anos e alguns dias...!
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Rebuscando a minha, pequena, biblioteca fui encontrar uma obra interessantísssima. Trata-se das "Taboas de Chronologia e Geographia Historica" de J. P. Oliveira Martins (1ª edição, 1884); este opúsculo ficou-me como herança, entre outros livros e bens, pela morte de meu tio, materno, João Afonso Viana da Costa * 8.09.1931 + 19.07.1993. Licenciado em Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa e formado pelo Seminário Maior dos Olivais, leccionou História, Filosofia e Introdução á Política: em liceus com o "Pedro Nunes" ou o "Passos Manuel".
Gostaria de prestar uma saudosa homenagem a meu tio, pessoa sábia, singular e controversa. Muito me ensinou...!
Bom, voltando ao tópico proposto, passarei á transcrição, ipsis verbis, de um excerto da obra citada (Introduçao, Theoria da Historia Universal, pág. 40-42):
« Em todas as ephocas se sentiu a necessidade d'uma medida do tempo que fôsse para os calendarios como as medidas itinerarias são para as de extensão. Houve o pé, a toesa, a vara, o palmo, e ha hoje o metro; mas, além e acima d'estes contaram-se a milha, o stadio, a legua, finalmente o Kilometro. Assim é com as medidas do tempo: cada povo teve, tem o seu calendario- e os esclarecimentos relativos aos calendarios e éras conhecidas, U.C. dos romanos (ab urbe condita), olympiadas dos gregos, hegira dos arabes, éra da creação do mundo, calendario dos judeus, éra do nascimento de Christo commum aos povos europeus, correcção gregoriana, éra de Cesar ou hispanica etc. vão nos lugares respectivos do texto- mas, não só os povos herdeiros de uma longa historia como os chinezes e egipcios, mas tambem os europeus desde que começaram a relacionar a sua historia com as estranhas, dando lugar á noção de historia universal, sentiram a necessidade pratica duma medida mais extensa para denominar os largos periodos afastados.
Nós temos o seculo; os egipcios tinham o periodo sothiaco, determinado pelo ano vago de 365 dias que fazia coincidir cada dia do seu anno civil com o começo de cada estação astronomica e que n'um espaço de 1461 anos vagos o trazia ao dia inicial. Contavam por cyclos dinasticos; na China conta-se tambem por tabuas dynasticas combinadas com cyclos, o seculo sinico.
Até aqui porém encontramos sómente a manifestação de um denominador maior, mais vasto, para medir extensões de tempo para as quaes a unidade ordinaria é exigua. Com o apparecimento das religiões proselyticas, superiores às nações, independentes das fronteiras, surgiram porém éras commums, abrangendo em si variados povos, desprezando a medição baseada nos fastos particulares nacionaes: taes são a égira para os musulmanos e o nascimento de Christo para nós outros europeus. E quando os progressos do saber nos levaram a reconhecer a necessidade de um metro universal, de um denominador commum ao qual se reduzissem todas as éras particulares dos povos relancionando-as e aos seus fastos entre si reinava a éra de Christo entre nós, e adoptou-se espontaneamente o contar positiva e negativamente: A.D. (Anno Domini) e A.C. (Antes de Christo) depois e antes de Christo.
São obvios os inconvenientes, as confusões, as causas de erro, que vém de adoptar assim para éra um acontecimento, além de incerto na sua data (e isso se resolveu convencionalmente), intercalado na série dos tempos, usando duma data ora positiva ora negativa, para a reducção das éras particulares nacionaes a um denominador comum.
Quer-se v.g. saber quanto tempo durou a republica desde a expulsão dos Tarquinios (A.C. 510) até á batalha de Accio (A.C. 31) e diminue-se 31 de 510; da mesma fórma se há-de deduzir 800 de 1805 se se quizer saber a duração do santo imperio romano desde a coroação de Carlos Magno até á paz de Presburgo. Se porém se procura a duração do império romano desde a batalha de Acccio (A.C. 31) até ao desthronamento de Augustulo (A.D. 476) ha que adicionar 476 não a 31, mas somente a 30, obtendo a somma de 506 annos, pois se deve ter em vista a transição da éra negativa para a positiva.
É este o inconveniente que reconheceu e desfez Scaliger, ao tempo (1582) em que se levava a effeito a correcção gregoriana, inventando o periodo a que chamou juliano. Esse periodo, de 7980 annos commums é o producto da multiplicação de 19x28x15 (cyclos lunar e solar e da indicção arbitrariamente introduzida na chancellaria bysantina) e d'ahi na romana. O anno A.D. 1 corresponde ao 4714 do periodo juliano.
Sem ter sido aceite geralmente, e apenas usado pelos chronologos, o periodo juliano, reduzindo a uma unica éra as éras positiva e negativa, A.C. e A.D., é um incontestavel progresso, todavia o numero 7980 é o producto da multiplicação de quantidades arbitrarias. Laplace julgou obviar a este suposto inconveniente propondo a adopção de uma éra astronomica de 4089 annos, antes da vulgar, data que dizia exprimir a coincidencia do perigeu do sol com o equinocio da primavera. Essa éra, nem pelos chronologos foi adoptada; e com efeito, ainda quando a verificação das éras astronomicas fosse possivel e não estivesse dependente dos aperfeiçoamentos da teoria e das taboas- que utilidade pratica ha em datar os factos d'este ou d'aquelle momento da evolução dos astros?
Um éra arbitraria tem o mesmo valor pratico de uma éra astronómica- ainda quando fosse possivel determina-la definitivamente. O periodo juliano evita o grande inconveniente da éra christã positiva e negativa, e, se tem um defeito, é de fazer coincidir o anno 1 da éra vulgar com o numero 4714 em vez de um numero redondo, 10001 por exemplo como propoz Cournot. A adopção deste alvitre, reduzindo a unidades positivas todas as datas e dando-lhes uma equivalencia evidente com a éra vulgar, seria o ultimo progresso no methodo de contar os tempos ».
Em continuação, apresento uma tabela comparativa(pág.43):
-----------------ERA----VULGAR--Periodo Juliano----ERA DE C0URNOT
Era das
Olimpyadas-------A.C.----776---------3938--------------9225
Fundação
de
Roma(Varrão)------"------753---------3961-------------9248
Tomada de
Babylónia
por Cyro --------"------538---------4176-------------9463
Expulsão
dos
Tarquinios
(U.C. 245)--------"------510---------4204-------------9491
Invasão da
Pérsia por
Alexandre---------"------329---------4385-------------9672
Batalha de
Accio (U.C. 723)--"-------31---------4683-------------9970
Era de
Christo----------A.D.------1---------4714------------10001
Queda do
Império do
Occidente.
(U.C. 1229)-------"-------476--------5189------------10476
Sagração
de
Carlos Magno.-----"-------800--------5513------------10800
Batalha de
Aljubarrota-------"------1385--------6098------------11385
Invenção da
imprensa----------"------1450--------6163------------11450
Tomada de
Constantinopla
pelos turcos------"------1453--------6166------------11453
Descoberta da
América por
Colombo-----------"------1492--------6205------------11492
Descoberta da
India por
Vasco da Gama-----"------1498--------6211------------11498
Descoberta do
Brazil por
Pedro Álvares
Cabral------------"------1500--------6213------------11500
Protesto de
Luthero-----------"------1517--------6230------------11517
Batalha de
Alcacerquibir-----"------1578--------6291------------11578
Paz de
Westphalia--------"------1648--------6361------------11648
Independencia
dos
Estados-Unidos----"------1776--------6489------------11776
Proclamação da
primeira repu
lica francesa-----"------1792--------6505------------11792
Fim do imperio
romano(germani
co)---------------"------1805--------6518------------11805
Batalha de
Waterloo----------"------1815--------6528------------11815
Um abraço
Artur João
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RE: Período Juliano
Meu Caro Artur:
Parece útil esclarecer aqui que o Período Juliano nada tem a ver com o Calendário Juliano.
Como muito bem diz na sua nota, foi Joseph Justus Scaliger (1540-1609) que resolveu dar um número positivo a cada ano,para não se peocupar com anos "Antes de Cristo" ou "Depois de Cristo". Não é certo onde foi buscar a designação, mas alguns alvitram que ao nome de seu pai, Julius Cesar Scaliger.
Um abraço do,
João de Castro e Mello Trovisqueira
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RE: Calendário Gregoriano
Caro Alexandre Burmester
Com o Calendário Juliano o ano começa a 1 de Janeiro, o que já vinha desde 45AC.
De forma muito sucinta, e focado na sua dúvida, deixo a seguir uma ideia sobre a evolução do Calendário Romano, que é a base do nosso actual.A palavra calendário vem de calendas - o 1º dia do mês - , e o primeiro Calendário liga-se à data fundação de Roma(ab urbe condita- AUC), em 753AC.
1.Rómulo, ca.753AC
Ano com 10 mêses, começando em Março, daí os nomes Setembro(mês 7), Outubro(8), Novembro(9) e Dezembro(10), além de Quintillis(mês 5) e Sextillis(mês 6), que eram os nomes dos actuais Julho(de Júlio Cesar, desde 44AC) e Agosto( de Augusto, desde 8AC), hoje ambos com 31 dias, apesar de um a seguir ao outro, porque Augusto não quis ficar atrás da grandeza de Júlio C., ou seja, com o "seu mês" a ter menos um dia!Agosto tinha 30 dias no primitivo CJ.
2.Numa Pompílio, ca.713AC
Fez-lhe uma reforma, e juntou dois mêses aos 10 anteriores -Janeiro no início e Fevereiro no fim -, além de incluir um mês intercalar , cada dois anos, chamado Mercedonius, para fazer ajustes.
3.Decemvirs,ca. 452AC
Trocou a ordem dos mêses, e colocou Fevereiro a seguir a Janeiro.
O ciclo dos mêses regia-se pela lua , e os anos diziam-se lunares.
Continuou o uso de um mês intercalar gerido, muitas vezes,de acordo com as conveniências políticas reinantes.
Com todas as alterações havidas anteriormente, chega-se ao tempo de Júlio César,com uma grande desadaptação entre o que era o ano civil e as respectivas estações.Diz-se que os mêses de Inverno já caíam no Outono!
4.Júlio César, 46AC
Julio César interveio então, abolindo o ano lunar e o mês intercalar, e regulou o ano pelo sol- ano solar, tal como hoje temos - fixando a duração média do ano em 365,25 dias(anos de 365 dias, e de 366 cada 4 anos).O novo ano entrou em vigôr no dia 1 de Janeiro de 45AC.
Os mêses tinham em dias:
Janeiro-31, Fevereiro-29(30), M-31, A-30,M-31,J-30,J-31,A-30,S-31,O-30, N-31 e D-30.
Com a alteração de Augusto, em 8AC, roubando um dia a Fevereiro, ficou-se com o número de dias/mês , tal como ainda hoje temos:
Janeiro-31, F-28(29),M-31,A-30,M-31,J-30,J-31, A-31,S-30,O-31,N-30 e D-31.
Por curiosidade o termo bissexto surge pela seguinte razão: nos anos bissextos, o dia adicional era incluído entre o 24 e 25 de Fevereiro.Como 25 de Fev. era o sexto dia das calendas de Março(o 1º de Março vinha 6 dias depois de 25 Fev.,em anos bissextos)o dia introduzido, era um segundo sexto dia das calendas de Março, ou seja, bisava, daí o bissexto.
O monge Dionísio Exíguo, em ca. 523DC,e por intervenção papal, propôs a contagem dos anos com base na Era de Cristo, consistindo a proposta em que a Era começasse a 1 de Janeiro de 754 AUC(754 anos após a fundação de Roma) ou seja, em 1 de Janeiro de 1DC(uma semana após o que ele supunha ter sido a data do nascimento de Cristo).Sabemos hoje que Cristo nasceu, supostamente, entre 7-4AC, pois o acontecimento deu-se no reinado de Herodes e este morreu em 4AC!!
De qualquer modo, hoje estamos a 26 de Fevereiro da Era de Cristo de 2004, tal como Dionísio Exíguo definiu.
Desde já, agradeço correcções a eventuais erros.O tema é fascinante , embora propício aos ditos, mas em termos genealógicos penso que não introduz grandes confusões, ressalvando dar a César, o que é de César, ou seja, os seus 38 anos adicionais , quando falamos da sua Era.
Cumprimentos
José Maria Simões dos Santos
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