Novo Livro sobre os Painéis de S. Vicente de Fora

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Novo Livro sobre os Painéis de S. Vicente de Fora

#349057 | Clemente | 08 ago 2014 19:34

Dá-se conhecimento do nosso novo livro "Os Painéis de S. Vicente de Fora - Novos Documentos, Novas Revelações" disponível em:

http://www.bubok.pt/livros/8607/Os-Paineis-de-S-Vicente-de-Fora--Novos-Documentos-Novas-Revelacoes

Cumprimentos

Clemente

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Novo Livro sobre os Painéis de S. Vicente de Fora

#349149 | Clemente | 11 ago 2014 14:09 | Em resposta a: #349057

Caros Confrades

No seguinte link poderão ler as primeiras páginas deste estudo:

http://pt.scribd.com/doc/236471702/Os-Paineis-de-S-Vicente-Novos-Documentos-Novas-Revelacoes

Recordo a disponibilidade gratuita do nosso estudo anterior :

http://www.bubok.pt/livros/6423/Os-Paineis-em-Memoria-do-Infante-D-Pedro-Um-Estudo

Cumprimentos

Clemente

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Painéis de S. Vicente de Fora - Novos Documentos, Novas Revelações

#349935 | Clemente | 05 set 2014 10:40 | Em resposta a: #349057

Recordatória...

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3º estudo sobre os Painéis de S. Vicente de Fora

#366843 | Clemente | 08 mar 2016 15:41 | Em resposta a: #349057

Caros Confrades

Este terceiro volume "As Envolvências dos Painéis", conclui o estudo global que realizámos aos chamados Painéis de S. Vicente de Fora.

Tal como nas obras anteriores, também aqui introduzimos novas abordagens e conclusões inéditas:
- ligação do Políptico a outras pinturas e pintores que de alguma forma terão influenciado a sua execução e o seu aspecto final
- propostas de identificação para três personagens, uma das quais geralmente conhecida pelo Infante D. Henrique
- apresentação de três documentos inéditos nesta temática
- análise da tese fernandina

Quando há cinco anos enveredámos por esta investigação, estávamos muito longe de imaginar a distância que iríamos percorrer e os diversos caminhos que iríamos trilhar na procura dos significados, enigmas e mistérios contidos nos Painéis.

Disponível em: http://www.bubok.pt/livros/10019/As-Envolvencias-dos-Paineis

Cumprimentos
Clemente

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Novo Livro sobre os Painéis de S. Vicente de Fora

#366850 | joaoggralves2 | 08 mar 2016 22:35 | Em resposta a: #366843

Caro Clemente,

Não li o seu livro, mas gostaria de comentar o assunto.

A forma como se tem tratado a questão dos painés, mesmo na comunidade dos historiadores de arte, é de uma gritante falta de rigor, falta de bom senso e completa leviandade. A maioria dos autores que se pronunciam sobre o assunto têm a pretensão de resolver todos os mistérios que o envolvem, de responder a todas as perguntas e dúvidas, acabando por se envolver numa interminável espiral de suposições sem qualquer sustentação. Haja alguma humildade!

Parece que agora todos duvidam da identificação do homem do chapeirão, apresentando alternativas mal fundamentadas e que se enquadram pior que a tese clássica. Esta figura, que já teve todas as identidades possíveis e imaginárias, a ser uma personagem histórica, continua aproximar-se mais do infante D. Henrique do que de qualquer outra. Ver ali uma representação de D. Duarte, tese quase aceite hoje em dia, não têm qualquer fundamento. O chapeirão é contemporâneo de D. Henrique e não de D. Duarte, estando este rei "morto e enterrado" e completamente fora do contexto em que o painel foi executado (1465-1470). O argumento das descrições físicas das crónicas é pouco sólido e manifestamente insuficiente. É preciso muito mais para se alterar uma iconografia tão difundida como a do infante.

Passar para a identificação de todas as outras personagens torna-se ridículo pois são poucas as evidências de que se tratem de personagens históricas e porque não existe uma explicação cabal que se imponha de forma clara. As duas personagens em que é mais seguro adiantar-se uma identificação são a do jovem e a do fidalgo ajoelhado do painel do Infante, que poderão corresponder a D. João II e a D. Afonso V. Quanto às outras, poderão elaborar-se tantas teorias quantas as personagens históricas conhecidas (contemporâneas ou não). Esquecem-se os autores que quanto mais intrincada a explicação, de mais fundamentos carece.

Não comentarei sequer a simbologia. Poderá ser interessante um estudo deste tipo após não restarem dúvidas sobre as personagens e a natureza da invocação, mas é impensável que sirvam de prova para o que quer que seja.

Cumprimentos,
João Guilherme

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Novo Livro sobre os Painéis de S. Vicente de Fora

#366861 | Clemente | 09 mar 2016 14:41 | Em resposta a: #366850

Caro João

Recomendo a leitura dos meus livros sobre esta temática. O primeiro encontra-se totalmente disponível e gratuito em: http://clemente-baeta.blogspot.pt/

Conforme poderá constatar, não afirmo que descobri o verdadeiro significado dos Painéis, mas apenas que pretendo contribuir com outras hipóteses de interpretação, que me parecem razoáveis, para além da teoria oficial.

Segui esta lógica nos dois livros seguintes. No entanto reconheço que em duas ou três situações apresentei propostas um pouco temerárias, mas tem sido assim que o conhecimento humano tem evoluído.

Quanto à dúvida na identificação do homem do chapeirão, recordo que esta questão não é de agora. Já em 1960 o investigador António Belard da Fonseca tinha posto em causa a identificação desta personagem no seu livro "Dom Henrique? Dom Duarte? Dom Pedro?", mas não foi levado a sério talvez por não ser historiador de arte. Aliás o mesmo aconteceu com o conteúdo dos seus cinco volumes, "O Mistério dos Painéis", que publicou ao longo de dez anos (1957-1967)!

No entanto, em 1988, quando o historiador de arte Dalgoberto Markl defende claramente, no seu livro "O Retábulo de S. Vicente da Sé de Lisboa e os Documentos", que aquela figura é D. Duarte, já os académicos e os "media" passaram a aceitar essa possibilidade. Veja-se a título de curiosidade onde as imagens do infante D. Henrique, existentes numa moeda comemorativa de 200 esc. emitida em 1994 e na nota de 10.000 esc. de 1996, já se apresentam sem o característico chapeirão.

Neste meu último livro dedico três capitulos à análise desta figura, e concluo, através do cruzamento sucessivo de diversas fontes (pinturas, crónicas, pintores, livros...) que esta personagem poderá ser D. Duarte.

Recorde-se que antes da descoberta da iluminura do códice de Paris (a «Crónica dos Feitos da Guiné» o infante D. Henrique era sempre representado com umas grandes barbas e aparentemente com mais idade. Esta representação era baseada na sua estátua que existe no pórtico sul do mosteiro dos Jerónimos datada de cerca de 1510.

O facto daquela iluminura, cuja imagem é basicamente o inverso da figura dos Painéis, conter uma versão de divisa (talant de biẽ faire) semelhante à do infante (talant de bien fere), terá estado na origem desta confusão, como observou Belard da Fonseca.

Defendo que se trata de uma assinatura de posse, tal como hoje temos o hábito de assinar os livros que compramos ou que nos são ofertados, de um livro que tinha originalmente a divisa do autor, que o novo dono transformou, na medida do possível, em algo semelhante à sua divisa (talant de bien fere). Esta folha isolada com a iluminura, foi depois inserida num conjunto de documentos que alguém batizou como a «Crónica dos Feitos da Guiné»

Neste último livro demonstro como foi possível fazer a esta transformação/evolução de divisas.

O chapeirão é não só contemporâneo do infante D. Henrique, mas também de D. Duarte (veja-se, p.ex., a iluminura introdutória das Chroniques de Hainaut de 1448). Contudo, quando os Painéis foram executados (1464-67) essa moda já estava fora de uso. O que se quis monstrar, com esse pormenor, era que essa personagem era a mais antiga do conjunto de figuras presentes no Políptico.

E teremos que ficar por aqui, dado o tamanho que este post já tem.

Cumprimentos

Clemente

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#366868 | joaoggralves2 | 09 mar 2016 16:42 | Em resposta a: #366861

Caro Clemente,

Precisamente! O chapeirão aparece nas iluminuras e na pintura da Flandres em fins dos anos de 1440 e inícios de 1450. D. Duarte morreu em 1438, não sendo admissível, em minha opinião, atribuir-lhe aquele tipo de traje. Concordo no entanto com o desfasamento temporal dessa personagem relativamente às restantes nos painéis, o que pode sugerir que Nuno Gonçalves viu a iluminura do códice de Paris, ou um original desaparecido que lhe tenha servido de base.

Dagoberto Markl alonga-se enormemente na discussão da suposta alteração das divisas, o que sendo possível, parece totalmente improvável. Markl cai no erro que ele próprio aponta nos outros investigadores - elaboram teorias que sirvam uma conclusão previamente determinada. O resultado é um tremendo viés. A tese infante D. Henrique é a mais simples e intuitiva, não caindo em nenhuma contradição nem exigindo especial dose de "fé". A iluminura da crónica da guiné, a cronologia e as modas da época apoiam-na inteiramente. É possível que seja D. Duarte em vez do infante? É possivel, mas muito menos provável, tendo em conta os dados que temos disponíveis.

São incontáveis os exemplos de falsa iconografia na nossa história. Estou convicto que este não é um desses casos.

Cumprimentos,
João Guilherme

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Painéis de São Vicente de Fora

#366877 | saintclair | 09 mar 2016 21:49 | Em resposta a: #366868

-
" Na ausência de registos escritos que as expliquem, as cenas pintadas nos painéis vão sendo objeto de diversas interpretações.
Jorge Filipe de Almeida julga ter encontrado no botim da criança representado no “painel do infante” as iniciais de Nuno Gonçalves e a data de 1445. Tal faria recuar um quarto de século a criação da obra. E diz mais Jorge de Almeida: os painéis não representariam S. Vicente a abençoar a partida dos guerreiros, mas as exéquias simbólicas do Infante D. Fernando, morto em cativeiro, em Marrocos. Era preciso fazer o luto pelo Infante que o império nascente abandonara. Essa hipótese remete-nos para Almada Negreiros, que pensou ser D. Fernando o "santo" representado nas tábuas centrais."
http://decaedela.blogspot.pt/2015/10/os-paineis-de-s_27.html
Sc.

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#366878 | joaoggralves2 | 09 mar 2016 22:36 | Em resposta a: #366877

Caro Saintclair,

É incrível o que se consegue ler em meia dúzia de sarrabiscos, basta alguma imaginação e lemos o que quisermos. Essa hipótese já foi descartada por inúmeros motivos, incluindo, salvo erro, a datação dendrocronológica da tábua. Porém, o argumento mais fácil de apreciar e comprovar diz respeito, mais uma vez, às modas. A maioria dos chapéus e alguns cortes de cabelo das personagens são posteriores a 1460, por comparação com a pintura europeia contemporânea. Salvo a improvável hipótese de os quadros terem sofrido alterações significativas posteriores, não é admissível que sejam anteriores à década referida. Com isto a ideia da representação de D. Fernando perde alguma viabilidade. Mais uma vez, fiquemo-nos pelo mais simples e evidente, até termos termos provas em contrário: o políptico é de invocação a S. Vicente.

João Guilherme

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Painéis São Vicente na Sé Lisboa

#366892 | saintclair | 10 mar 2016 14:35 | Em resposta a: #366878

Caro João;
Muito foi escrito,continuo na análise.
À procura da verdade:
"A saída dos painéis do sótão do Mosteiro de S. Vicente de Fora terá causado alguma incomodidade imediata, já que subitamente a pintura quinhentista portuguesa passava quase do zero ao infinito, com a notável cena retratada por Nuno Gonçalves. Parece que os painéis foram descobertos em 1882 por um entalhador Leandro Braga, quando estavam a ser usados como plataformas de andaimes em obras no mosteiro... essa terá sido a "primeira redescoberta" oficial, por ter sido atestada por Columbano Bordalo Pinheiro. Mesmo assim caiu no esquecimento, e terá sido uma "farpa" de Ramalho Ortigão que voltou a trazer os painéis a assunto público em 1895, mas só em 1909 foi autorizada a saída para o Museu de Arte Antiga e o restauro de Luciano Freire.
Desde essa altura os painéis acabaram por fazer parte do imaginário pródigo de especulação, havendo mesmo a tese de que Salazar teria procurado inserir o seu retrato num personagem dos painéis.
Não foi longe desse espírito imaginativo que coloquei a hipótese de retratarem um episódio marcante - a morte do filho de D. João II...
A tese habitual colocava os painéis em 1470-80, encaixando alguns detalhes importantes, que Dagoberto Markl enumerava como impossibilidades de uma datação anterior, em 1445, conforme se pretendeu entretanto admitir. Essa datação de 1470-80 tinha um problema complicado, pois a imagem do Infante D. Henrique aparecia claramente nos painéis, e este teria morrido em 1460... havia ainda assim quem argumentasse que não se tratava do Infante D. Henrique - algo meio ridículo dada a semelhança quase fotográfica entre as duas representações.
Apesar disso, tudo apontava para uma data posterior a 1470, desde os trajos a outros detalhes que pude ler nas críticas de Dagoberto Markl, e que tornam a tese de 1445 facilmente refutável.
Essa tese teria como argumento adicional uma datação dendocronológica... colocando as tábuas num tempo aproximado, com a dúvida inerente ao processo, e não menos óbvia possibilidade da pintura não ter ocorrido exactamente sobre madeira acabada de recolher.
De qualquer forma, o mais engraçado acaba por ser a tentativa de justificar os personagens... onde basicamente tudo é possível. Acho que cada cara já deve ter tido pelo menos umas dez possibilidades de ser fulano X ou fulano Y... e não havendo possibilidade de contraditório, tudo encaixa, especialmente recheando o contexto de figuras menores.
O funeral "simbólico" do Infante Santo em 1445 até seria uma possibilidade plausível, não houvessem tantos problemas, e apenas cito um que me parece colocar um ponto final sobre essa hipótese - as figuras reais em primeiro plano (no 3º painel, chamado Painel do Infante) não podem ser Isabel de Coimbra e o D. Afonso V... por uma simples razão... D. Afonso V teria em 1445 não mais que 14 anos."
https://www.youtube.com/watch?v=_lJxhlJmyYM
http://paineis.org/C00.htm
Cumprimentos
Sc.

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#366893 | Clemente | 10 mar 2016 14:52 | Em resposta a: #366878

Caro João

Defendo que a figura do santo é S. João Evangelista, ver os meus argumentos expostos incluídos no 1º volume que pode ler aqui:

http://clemente-baeta.blogspot.pt/2014/09/13-figura-santificada.html

e que têm continuação no 2º volume espalhados por diversos capítulos:

1. S. João Evangelista e a vara
12. A tese vicentina
13. A iconografia de S. Vicente
20. O outro relato de D. Rodrigo da Cunha
21. A contribuição do inventário de 1821

Cumprimentos
Clemente

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#366895 | joaoggralves2 | 10 mar 2016 15:22 | Em resposta a: #366892

Caro Saintclair,

Não podia estar mais de acordo com o que é dito neste texto. No entanto, o seu autor, depois destas palavras sábias, elabora aquela que pode ser a tese mais estapafúrdia sobre os painéis, avançando-os para o fim do reinado de D. João II! Chega a comparar um falso retrato de D. Manuel com personagens dos painés encontrando ali semelhanças esclarecedoras... e ainda consegue dizer quem está morto em quem está vivo a partir da posição das mãos em prece!

Parece que não lêem os próprios preâmbulos...

Cumprimentos,
João Guilherme

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#366897 | joaoggralves2 | 10 mar 2016 15:39 | Em resposta a: #366893

Caro Clemente,

Estes trabalhos sobre os painéis ganhariam credibilidade se se pronunciassem sobre aspetos mais específicos e conjeturassem sobre o mínimo de assuntos possível e sobre os quais se tem mais certezas.

Perco a vontade de ler o seu livro quando diz, por exemplo, que deslindou o nome Jouffroy naqueles caracteres estranhos que outros concluiram não quererem dizer absolutamente nada. Uma questão: traduziu aquele nome antes ou depois de conhecer a figura histórica a ele associada? O viés é, mais uma vez, tremendo.

Vou espreitar a questão do S. João Evangelista.

Cumprimentos,
João Guilherme

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#366901 | Clemente | 10 mar 2016 17:38 | Em resposta a: #366897

Caro João

Primeiro identifiquei essa figura através de uma série de indicios sugeridos nos trabalhos de Belard da Fonseca que apontava que a mesma fosse oriunda da Borgonha. Este autor defendeu que se tratava do cronista Olivier de la Marche. Depois associei a palavra que este autor tinha cifrado, e para a qual esta figura aponta com o seu dedo indicador da mão direita, que nos levou a uma figura histórica que esteve em Portugal em 1438/1439 e ao mesmo explica os “gatafunhos” que são exibidos no livro e a expressão zangada que exibe.

Não é por outros não concordarem com esta leitura, que eu também não vou concordar.
Neste caso, só não vê quem não quer ver. Tanto a teoria oficial como a tese fernandina não têm interesse em aceitar este nome nos Painéis, porque o mesmo destrói completamente os seus pontos de vista.


Cumprimentos
Clemente

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#366902 | Clemente | 10 mar 2016 17:39 | Em resposta a: #366868

Caro João

Tem razão, confundi as datas da morte de D. Duarte, em vez de 1438 estava a considerar 1448. Foi um lapso da minha parte.

No entanto, em dois retratos de Jan van Eyck do início da década de 30 do sec. XV, poderá observar já o formato do chapeirão: Portrait of a Goldsmith (1430, Museu Nacional de Budapeste) e Portrait of a Young Man (1432, National Gallery, Londres). Numa obra de Rogier van der Weyden, datada de 1437, essa forma já é mais clara: repare no personagem de negro colocado à direita do caixão na pintura The Exhumation of St. Hubert (National Gallery, Londres).

Este pormenor também não é fundamental na minha perspectiva, porque se podem apresentar muitos exemplos nos quais os artistas retratam figuras do passado vestidas à moda da época em que as pintam, salvaguardando, contudo, os rostos dos mesmos.

Defendo que a iluminura do códice de Paris é uma cópia dos Painéis ou de um outro retrato que tenha desaparecido. Repare que o “pendente” do chapeirão da figura da iluminura cai no ombro esquerdo, enquanto noutros retratos este elemento desce pelo lado direito.

Quanto ao cruzamento de diversas fontes, que mencionei anteriormente e que desenvolvi em três capítulos para suportar a hipótese da figura ser D. Duarte, é muito difícil expô-los aqui de um modo sintético e ainda por cima sem o recurso a imagens de suporte.

Cumprimentos
Clemente

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Painéis de S. Vicente de Fora

#366920 | saintclair | 11 mar 2016 11:26 | Em resposta a: #366902

-
"Este sítio WWW destina-se a apresentar Painéis de S. Vicente de Fora - Modo de Utilização, uma tese interpretativa das enigmáticas pinturas do séc. XV do Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, sem qualquer intuito comercial ou lucrativo, proporcionando o visionamento de imagens necessárias à ilustração da referida tese.
As digitalizações a que o autor procedeu baseiam-se em imagens de proveniências várias (incluindo o seu próprio arquivo fotográfico), com a convicção de estarem, ou no domínio público, ou abertas à reprodução electrónica de baixa resolução sem finalidade comercial ou lucrativa.
O autor procurou indicar, sempre que possível, as entidades detentoras de todos os objectos museológicos, nacionais ou estrangeiros, aqui digitalizados em imagens de baixa resolução adequada aos seus fins, mas insuficiente para impressão comercialmente viável, e agradece a comunicação de qualquer lapso ou omissão.
As imagens dos Painéis de S. Vicente de Fora e restantes obras do núcleo do séc. XV do Museu Nacional de Arte Antiga usadas quer como imagens de base, quer como suportes para alterações conceptuais das pinturas (explicadas no texto acompanhante) incluem documentação gráfica de vários tipos publicada em Nuno Gonçalves - novos documentos, Instituto Português de Museus / Reproscan, Lisboa 1994 (fotografia, radiografia e reflectografia de José Pessoa; desenhos dos contornos subjacentes às pinturas de Ignace Vandevivere), bem como outra documentação fotográfica disponível através do Instituto Português de Museus - Divisão de Documentação Fotográfica."
http://paineis.org/INDICE.htm
Sc.

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#366924 | joaoggralves2 | 11 mar 2016 14:54 | Em resposta a: #366902

Caro Clemente,

Esses chapeirões que indicou são algo diferentes do que usa o homem do políptico. Há também outra variante no mesmo estilo na Itália dos anos de 1470, senão veja o quadro intitulado “Portrait of a Young Man”, de Boticcelli, da Galeria Palatina do Palazzo Pitti, em Florença ou inúmeros outros retratos com a mesma designação, de Bellini. Chapeirões exatamente iguais aos do dito infante, na dimensão, no pendente e no remate, só os encontro nas representações de Filipe III da Borgonha, quer a óleo, quer em iluminura, que datam de cerca de 1450. No entanto este duque aparece sempre vestindo a chamada moda da “cintura X”, o que não acontece com o infante, que veste uma opa. Estamos pois condicionados pela escassez dos exemplos, bem como pela possibilidade de se tratar de um retrato póstumo, mas ainda assim mantenho a opinião que o vestuário aponta para a tese infante, sendo mais difícil de conciliar com a tese D. Duarte.
É muito interessante o detalhe do lado de onde pende o chapeirão e concordo que é um bom argumento, embora não definitivo, para considerar a iluminura uma cópia invertida.
Mas em relação à questão das divisas, é preciso muita “fé” para aceitar a alteração parcial das letras que Markl sugeriu… parece algo digno de romance obscurantista pseudo-histórico. A possibilidade de ser uma “assinatura de posse”, como diz, parece menos complicada de aceitar. Continuo no entanto completamente convicto que a tese oficial ainda é a que tem mais força e que não deve ser abandonada à luz dos dados de que dispomos atualmente.

Quanto aos gatafunhos, não se assemelham a nenhuma grafia usada em documentos oficiais coevos nem é claro para mim que se leia lá o que quer que seja, nem com a ajuda de dicionários paleográficos.

Algumas teorias chegam a um nível tal que parece até que Nuno Gonçalves andou a montar um enigma intrincado de propósito para queimar a cabeça aos investigadores do século XX e XXI!

Cumprimentos,
João Guilherme

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#367020 | Clemente | 15 mar 2016 12:21 | Em resposta a: #366924

Caro João

Regressando ao nome “J. YOFRIDI” (tradução latina de Jean Jouffroy), que visualizo na folha dobrada do livro aberto do painel da Relíquia, há que ter em atenção que se trata de uma área muito pequena, que eventualmente terá sofrido repintes e restauros ao longo dos séculos que poderão ter alterado pontualmente o formato original das letras.

No entanto são perfeitamente identificáveis as letras “O”, “F” e “R”. Ver as figuras 42 e 43 do seguinte link:

http://clemente-baeta.blogspot.pt/2014/09/8-o-livro-e-o-orador.html

A letra “J.” está ligeiramente distorcida, pelas razões que apontei atrás, sendo ainda visível o ponto junto ao “J”. Quanto ao Y nota-se que está demasiadamente aberto. Os “I” são exactamente iguais aos que o Infante D. Henrique utilizava na sua assinatura “I. d. a.” (Infante dom anrique), retirando-se o enquadramento à volta destas letras. Ver esta assinatura nesta carta:

http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4643610

Temos assim legíveis os seguintes caracteres: J. Y O F R I .. I

Não percebemos, assim, a dificuldade em decifrar este nome!

Quanto a Nuno Gonçalves, não há nehuma prova de que tenha sido ele o pintor dos Painéis. Contudo os indícios apontam neste sentido. Mas também poderiamos incluir João Eanes, um outro pintor do rei contemporâneo à execução do Políptico. Neste caso não deixa de ser estranha a forma curta e seca, como foi despedido por D. Afonso V do importante cargo de pintor das obras da cidade. Defendo que se trata de uma obra conjunta destes pintores.

Penso que os simbolismos e mensagens camufladas presentes, nomeadamente no painel da Relíquia, de crítica ao rei terá estado no despedimento de João Eanes, quando o soberano percebeu o seu verdadeiro significado.

Estas camuflagens foram bastante utilizadas na pintura deste período. Ver Leonarda da Vinci, Miguel Ângelo, Rafael, Jheronimus Bosch, etc.

Cumprimentos

Clemente

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#367092 | joaoggralves2 | 16 mar 2016 22:34 | Em resposta a: #367020

Caro Clemente,

A tradução de Belard da Fonseca é ridícula já que, com aqueles caracteres indefinidos, se pode ler o que se quiser. É de notar que não há nenhum caracter igual, salvo pontualmente alguns que são parecidos (pretensos R's, I's...). Qualquer interessado em Genealogia sabe um pouco de paleografia... não me parece que nenhum perito apoiaria aquela criativa tradução. Quanto ao nome que lá vê inscrito, serve de fraca base a toda uma argumentação que depois desenvolve, perdendo-se nela própria e distanciando-se do essencial do tema. Vitor Serrão chama a isto de painelografia, dizendo que ilustra perfeitamente como não fazer história de arte.

As camuflagens de que fala têm um significado quando devidamente contextualizadas. Não é de esperar que o pintor responda através de enigmas às dúvidas de quem olha para a sua obra passados cinco séculos.

Cumprimentos,
João Guilherme

Cumprimentos,
João Guilherme

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Painéis de Nuno Gonçalves à luz da razão

#367109 | saintclair | 17 mar 2016 10:56 | Em resposta a: #367092

-
http://paineisnunogoncalves.org/Index.html
Sc.

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#367121 | Clemente | 17 mar 2016 12:28 | Em resposta a: #367092

Caro João

Constato que é um defensor da teoria oficial e, como tal, utiliza os seus habituais argumentos. Já efectuei este tipo de debates com autores que publicaram estudos segundo a “teoria vicentina”, assim como com outros que defendem as “teorias alternativas”. Em comum, têm a defesa da sua dama e não cedência de um milímetro nas suas posições…No fundo trata-se de um diálogo de surdos.

Recorrendo ao termo que utilizou na sua última mensagem também acho ridícula a posição de quem defende, sem quaisquer reticências, que a figura do santo é S. Vicente.

Nunca, nem antes nem depois da execução dos Painéis, este santo foi representado com esta iconografia. Faltam, na perspectiva portuguesa, a barca com os corvos e a palma simbólica do martírio ou, admitindo influências ibéricas, a corda atada a uma mó ou a cruz em forma de X.

Porque é que S. Vicente não foi reproduzido de acordo com a iconografia já instituída nessa época? Ou então, admitindo que de facto seja este o santo, porque é que o seu modelo não serviu de padrão daí em diante? Mas não, continuou-se a representá-lo segundo o modelo tradicional. Veja-se, a título de exemplo, a sua escultura presente no pórtico ocidental do mosteiro dos Jerónimos. Lá estão presentes, nesta imagem datada de cerca de 1510 e financiada oficialmente, como díriamos hoje, por fundos públicos, a nau com os corvos e a palma do martírio.

Mais ridículos ainda são os milagres atribuídos a S. Vicente que esses autores vislumbram nos Painéis e a que recorrem, como que a tentar fortalecer e a reconhecer as fracas provas que apresentam para a figura deste santo! Esses milagres, por serem menores, nunca foram ilustrados. Para além disso, atendendo à descrição que fazem e por muita boa vontade que tenhamos, os mesmos não são nada perceptíveis! Isto contradiz o cânone segundo o qual as imagens dos santos devem ser facilmente identificadas pelos crentes no acto de adoração.

A finalizar, uma referência ao(s) pintor(es) do Políptico. As camuflagens que falo, e que vejo nesta pintura estão, sem dúvida, enquadradas no contexto e significado que atribuo a esta obra. Estas mesmas mensagens foram, na minha perspectiva, indicadas e sugeridas por um dos patrocinadores dos Painéis: a infanta D. Isabel, duquesa da Borgonha e tia de D. Afonso V (o outro doador). Foi um modo muito subtil de D. Isabel perpetuar o acto ignóbil que o soberano exerceu contra o infante D. Pedro e sua família.

Mas tudo isto pode ler, se quiser, na versão completa do meu 1º livro “Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro”, disponível em:

http://clemente-baeta.blogspot.pt/

e nos contributos dos 2º “Os Painéis de S. Vicente de Fora - Novos Documentos, Novas Revelações” e 3º “As Envolvências dos Painéis” volumes:

http://www.bubok.pt/buscar/clemente-baeta

Cumprimentos

Clemente

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Novo Livro sobre os Painéis de S. Vicente de Fora

#367128 | joaoggralves2 | 17 mar 2016 15:38 | Em resposta a: #367121

Caro Clemente,

Limito-me a ter algum espírito crítico sobre o muito que se escreve sobre os painéis, discutindo apenas sobre os assuntos que domino melhor, dentro das minhas naturais limitações de leigo. Tenho pena que alguns contributos mais rigorosos e pertinentes que estudos como o seu têm, se percam no meio de tanta efabulação. Prolongam uma discussão que é desonesta por dar mais importância a suposições do que a factos. Não admira por isso que muitos achem que a questão dos painés se tornou uma discussão superflua e inútil.

Não sou por isso a favor de nenhuma das teses em particular, mas sim de conclusões honestas e lógicas, baseadas em factos, e que se resignem com o muito que não é possível saber neste momento. Quando se pretende juntar todas as pontas soltas para chegar a uma conclusão brilhante, todo o raciocínio fica enviesado pela meta a chegar. Foi isso que aconteceu com a teoria da devoção ao Infante Santo e com muitas outras.

Não vi ainda com detalhe a sua proposta alternativa relativamente ao santo invocado, pelo que não me pronunciarei sobre esse assunto.

Em relação à Duquesa D. Isabel, a menos que tenha dados concretos, não vejo como possa ter sido patrocinadora, muito menos retratada, se estava há mais de 30 anos na Borgonha. A ideia de que tenha sido esta personagem a fazer as ditas indicações não tem cabimento nem me parece que seja possível de comprovar.

Cumprimentos
João Guilherme

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#367134 | Clemente | 17 mar 2016 18:09 | Em resposta a: #367128

Caro João

Agradeço o seu esclarecimento relativamente à posição neutral que assume quanto ao significado dos Painéis.

A duquesa D. Isabel sempre teve, apesar de nunca mais ter regressado a Portugal, uma grande proximidade com a sua família, nomeadamente com os seus irmãos Duarte, Pedro e Fernando. Estas relações encontram-se desenvolvidas ao longo dos meus estudos e seriam muito complicadas aqui desenvolver.

No entanto saliento alguns factos. A morte de D. Pedro às mãos de D. Afonso V, e o tratamento indigno que este deu aos restos mortais do tio, levou a duquesa a protestar energicamente enviando para o efeito o seu embaixador Jean Jouffroy à corte portuguesa. Recolheu na Flandres os filhos de D. Pedro, João, Beatriz, a quem proporcionou casamentos de nível, e Jaime, que lançou numa significativa carreira eclesiástica. Tentou junto do papado a canonização de D. Fernando. D. Duarte manifesta a saudade que sente pela irmã no “Leal Conselheiro”.

D. Isabel ofereceu ainda uma pintura de Rogier van der Weyden que seria colocada junto aos túmlos dos seus pais no mosteiro da Batalha, contribui com fundos para o magnifico túmulo do sobrinho Jaime, na cidade de Florença. Terá oferecido o conhecido “Livro de Horas de Duarte”, guardado actualmente na Torre do Tombo e o túmulo do seu irmão Afonso, que morreu com terna idade, localizado na Sé de Braga, etc. etc.

Aliás os duques da Borgonha (D. Isabel e Filipe, o Bom) eram nesta época os príncipes mais faustosos da Europa, de onde se salienta o seu papel de mecenas no ramo das artes (pintura, escultura, literatura). Por isso era natural a sua contribuição para a realização de um políptico onde se evoca a memória de um familiar próximo.

Repare-se que a duquesa pode ter chamado à sua presença o pintor, que estaria em Portugal, para a retratar e para lhe dar as indicações de algo que pretendia que figurasse nos Painéis. O desenho subjacente à figura da Duquesa, segundo o estudo laboratorial de 1994, prova que já existia um esboço prévio que foi transposto para a tábua. Por outro dado a contribuição de D. Afonso V ia no sentido da evocação da sua “mui prezada e amada esposa”, mais evidente no painel dito do Infante.

Defendo, nos meus 3 estudos e através de alguns indícios, que o(s) pintor(es) tiveram a sua formação na oficina de Rogier van der Weyden, pintor este muito próximo desses duques.

Mas isto já é entrar por outro caminho.

Segundo afirma ainda não leu a totalidade do texto “on-line” do meu livro. Assim é dificil perceber o contexto global que desenvolvo na minha tese, que foi ainda acrescentada e completada nas obras seguintes. Penso que este pormenor é fundamental para apresentar uma argumentação mais sólida, ou então, considerar que estas minhas concepções são simplesmente irrealistas.

Cumprimentos
Clemente

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#367174 | saintclair | 18 mar 2016 21:57 | Em resposta a: #367134

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https://imagens5.publico.pt/imagens.aspx/1037695?tp=UH&db=IMAGENS&w=1440&act=resize

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