A família Robalo e a herança Judaica.

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A família Robalo e a herança Judaica.

#349719 | Robaloheritage | 29 ago 2014 21:45

Um grande bem-haja a todos, desde de já me apresento, o meu nome é João Paulo Morais Robalo e desde muito pequeno que a história da minha família me intriga. Sempre quis saber sobre as suas origens. O nome Robalo por si mesmo já é bastante peculiar e raro no nosso Portugal e sempre me fascinou, obvio que quando era mais novo sempre havia alguém que na escola achava o nome motivo de uma boa gargalhada, houve momentos que o odiei mas agora acho que poderá ser mais importante e valioso do que alguma vez pensei.

Bom, corre uma lenda que haveria uma Judiaria em Penamacor (de onde veio a família do meu avô paterno) e que muitos desses Judeus foram forçados pela Inquisição a escolher novos nomes devido à sua "conversão", existe até uma lista desses mesmo nomes online entre eles encontrei "Roballo" (dois L's) e ainda o nome da família da minha avó (Lisboeta) "Correa".

A ideia de ser descendente do povo Hebreu agrada-me imenso especialmente devido às minhas crenças e fé, se alguém conseguir encontrar uma ponte entre os Robalos e o povo escolhido de Deus eu ficaria agradecido.

Obrigado.

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#349723 | virgilio32 | 30 ago 2014 10:48 | Em resposta a: #349719

Não sei se hà relação mais Robalo é comum na região de Penamacor e Sabugal (nome do presidente da camera actual). Tambèm tenho alguns "Robalo" na minha arvore.

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#349727 | abivar | 30 ago 2014 12:36 | Em resposta a: #349719

Caro confrade,

A família Robalo é conhecida na Beira onde existem casas com pedras de armas desta família (em Monsanto, por exemplo). O apelido foi usado em diversas famílias da nobreza dessa província.

Os judeus que se converteram ao cristianismo em Portugal à época da expulsão dos que recusaram a conversão tiveram direito de adoptar quaisquer apelidos portugueses, por mais ilustres que fossem, privilégio que se estendia a todos os recém convertidos à Fé católica, como os hindus ou os escravos africanos; teoricamente quem usurpasse um apelido a que não tinha direito estava sujeito às sanções da lei mas os convertidos tinham esse direito e usaram-no extensamente. A ideia era diluir e não distinguir, pelo que simplesmente pelo apelido é impossível saber se determinada pessoa é ou não descendente de convertidos do judaísmo, hinduísmo ou paganismo pela linha de onde lhe provém esse nome. Só uma investigação paciente permitirá por vezes concluir que determinada linha de ascendência conduz a um convertido e em alguns casos podemos ter a sorte de contar com investigações prévias pelas quais se saiba que em determinada freguesia, por exemplo, determinada linhagem tem ascendentes cristãos-novos porque tal terá sido apurado em processos da Inquisição, por exemplo. Mas mesmo nesses casos não é raro encontrar discussões acerca de famílias da mesma região e com o mesmo apelido mas em que um ramo é considerado cristão-novo e outro cristão-velho... O mesmo se diga acerca do apelido Correia ou Corrêa (estas variantes ortográficas, como Robalo e Roballo, não têm em geral qualquer significado linhagístico, tratando-se apenas de hábitos ortográficos variáveis; por vezes no mesmo documento encontra-se versões distintas do mesmo nome); tanto pode indicar que se descende da linhagem nobre homónima como pode resultar de adopção no quadro de uma conversão num caso como os acima referidos, etc.

Com os melhores cumprimentos,

António Bivar

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#389108 | fehorn@gmail.com | 07 fev 2018 05:26 | Em resposta a: #349723

Os meus...
9° avós: "Joam Lopes Roballo (Nasc. aprox.1695) e Domingas Nunes" (Pais de Manuel)

8° avós: "Manuel Roballo (Nasc. aprox.1717 em Sabugal, Guarda)
e Catherina Nunes" (Provavelmente prima)

7° avô: "Modesto Leal Nunes"
Médico do então rei de Portugal D. José I. (Nasc. 1747, Filho de Manuel)

Acredito que eram judeus também, por serem médicos, casarem com consaguineos e levarem o nome da mãe...

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#389109 | fehorn@gmail.com | 07 fev 2018 05:31 | Em resposta a: #349727

Boa noite Antonio,


Na minha árvore os Roballo eram médicos, casavam entre primos, levavam o nome da mãe...
Os meus...nesse caso as evidências moldam bastante a origem judaica...não?

9° avós: "Joam Lopes Roballo (Nasc. aprox.1695) e Domingas Nunes" (Pais de Manuel)

8° avós: "Manuel Roballo (Nasc. aprox.1717 em Sabugal, Guarda)
e Catherina Nunes" (Provavelmente prima)

7° avô: "Modesto Leal Nunes"
Médico do então rei de Portugal D. José I. (Nasc. 1747, Filho de Manuel)

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#389114 | abivar | 07 fev 2018 09:20 | Em resposta a: #389109

Caro confrade,

Não me parece que qualquer dessas características permita só por si concluir uma ascendência judaica para esses seus antepassados. A consanguinidade é muito frequente em meios pequenos, quer por razões geográficas quer sociais quer mesmo profissionais (povoações pequenas e/ou isoladas, elites locais ou nacionais, corpos profissionais, etc.); certamente também ocorreu entre famílias com tradições cristãs-novas mas também em muitos outros casos por muitos outros motivos. O uso do apelido materno ou de uma avó ou de qualquer outra antepassada é muito frequente em Portugal pelas mais variadas razões e não é de maneira nenhuma uma característica específica de famílias com alguma origem cristã-nova. É verdade que houve médicos conhecidos que eram cristãos-novos, mas não conheço nenhum estudo que permita concluir que houvesse uma tal correlação entre ser médico e ser cristão-novo que se pudesse logo concluir com muita probabilidade que um médico, só por o ser, teria ascendência judaica. Em qualquer caso não me parece que as outras duas características que aponta permitam reforçar essa eventual ligação entre a profissão e a origem cristã-nova que poderá ter alguma razão de ser em locais específicos. Só um conhecimento mais profundo das histórias familiares da região de onde provêm os seus antepassados permitirá suportar alguma conjectura de ascendências judaicas comprovadas, para além da noção geral de que em Portugal há sempre alguma probabilidade de por alguma via alguém ter ascendentes cristãos-novos, tanto maior quanto mais recente for a época em que essa pessoa viveu.

Com os melhores cumprimentos,

António Bivar

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#389115 | GP Porto | 07 fev 2018 10:35 | Em resposta a: #389114

Caro confrade António Bivar,

Não quero desviar o tópico deste post, mas gostaria de partilhar, se me permite, um comentário acerca do que escreveu. Não sou genealogista nem historiador, mas tal como muitos dos membros do Geneall, sou investigador por carolice, para tentar saber um pouco mais acerca dos meus antepassados directos; curiosamente o que deu início a esta maravilhosa saga foi, tal como o confrade Robalo, uma história obscura que existia na minha família acerca da hipotética origem Judaica da mesma.
Concordo plenamente com os seus comentários acerca dos apelidos e a origem cristã-nova; tenho vindo a ver em vários posts, e mesmo noutros contextos fora do geneall, quem assuma a sua ascendência Judaica por ter um determinado apelido. Um dos exemplos são os apelidos de árvores de fruto; já ouvi muita gente dizer que todos os apelidos desta família - os Pereira, os Laranjeira, os Pessegueiro, os Macieira, etc. - são de origem Judaica; ou se alguém viu um Lopes num auto de fé, e se tem esse apelido, é porque é descendente de cristãos-novos. Contudo, e como o confrade comenta, descobrir as origens implica um trabalho de investigação acerca dos familiares que vai além do apelido. Contudo, tenho dois exemplos caricatos acerca desta questão dos apelidos que gostaria de partilhar:
O primeiro é ter encontrado no Alentejo um apelido caricato; Marranito. Ora, o nome parece indiciar que o primeiro a apresentar este apelido, seria então quase de certeza marrano. Mas se a ideia seria a miscigenação e evitar ser-se destacado do resto da população, este apelido não deveria ter já desaparecido porque não seria passado para as gerações seguintes?
O outro exemplo é o apelido Samuda. Tenho um antepassado directo que se casou com uma mulher de apelido Samuda, apelido esse que, segundo o que pude apurar, está ligado à comunidade Judaica Inglesa, já que 2 irmãos Samuda de origem Portuguesa foram industriais na área do ferro, tendo um deles na sua pedra tumular a inscrição - "o primeiro engenheiro Judeu de Inglaterra". Se os Samuda eram em princípio cristãos-novos, não deveriam ter abandonado o apelido, de forma a não chamar a atenção?

Agradecia os seus comentários.

Cumprimentos,
GP Porto

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#389116 | fehorn@gmail.com | 07 fev 2018 13:22 | Em resposta a: #389115

Boa tarde GP, interessante seu questionamento.

Provavelmente ele não trocou o nome porque na Inglaterra do séc. XIV os judeus já estavam "estabelecidos", ou seja, ele podia ser judeu, assim como na Holanda.

Respeitosamente,
Fernando Horn.

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#389118 | GP Porto | 07 fev 2018 14:18 | Em resposta a: #389116

Boa tarde caro Fernando Horn,

Obrigado pelo seu comentário. Talvez de facto se sentissem em segurança em Inglaterra, para onde puderam retornar no século XVIII (apesar de existirem estudos que mostram a existência de um grupo de Sefarditas em Inglaterra contemporâneo, pelo menos, de Cromwell). Mas voltamos à questão da integração: Se a ideia dos cristãos-novos em Portugal era a de não se destacarem do resto da população, porque não escolherem apelidos o menos distintivos possíveis? Porque não escolher apenas Rodrigues, Silva ou Santos, e manter apelidos como Samuda, que, como facilmente se pode ver numa rápida pesquisa online no site da torre do tombo, tem várias pessoas associadas a processos da Inquisição?

Cumprimentos,
GP Porto

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#389146 | fehorn@gmail.com | 08 fev 2018 17:05 | Em resposta a: #389118

Boa tarde Porto,

Acredito que existam 2 motivos preponderantes nesta questão.
O primeiro, é que o sobrenome era a única coisa que os identificava entre si, como povo e portanto seria uma perda de identidade ainda maior. Até pra saber com quem seu filho poderia casar ou não (Casamentos consanguíneos). O segundo é que não era tão simples mudar de nome, já vi casos de CN que conseguiram, mas é raro. A igreja tinha um controle absoluto dos registros dos cristãos-novos, muito mais do que dos cristãos velhos.

Abraço!

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#410206 | joaocarloscallixto | 04 dez 2018 08:24 | Em resposta a: #389109

Bom dia. Onde surgem estes antepassados para o médico Modesto Leal Nunes? Tenho um antepassado Modesto Nunes (1747-1837), do Sabugal, com os mesmos pais e avós... Obrigado

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