A passagem da vida para a morte, transcende a própria pessoa, na medida em que é em si um fenómeno com implicações familiares mas também sociais. A divulgação pública de um óbito é um ritual civilizacional.

Na idade média, os obituários foram sendo comuns nas igrejas, para anunciar e recordar o falecimento daqueles que em vida tinham praticado actos beneméritos ou de relevo, chamando a atenção para a falta do ente falecido no seio familiar e na comunidade.

O desenvolvimento da sociedade em número de pessoas, mobilidade e complexidade das relações humanas, foi acompanhado pela invenção e progresso da imprensa na qual, desde o séc. XVIII os fenómenos sociais eram anunciados, e a necrologia passou a ter espaço próprio. A participação da morte pelos familiares chegou a ter relevo jurídico, contando-se como o momento a partir do qual todos aqueles que tinham relações comerciais com o defunto deveriam reequacionar-se quanto a este aspecto. Instalou-se também o hábito de participar nos jornais a morte de de um sócio, de um colega de trabalho, ou de um amigo. Mas coube sempre primordialmente à família o dever de exteriorizar através de um anúncio na imprensa a perda que sofria. Anunciavam-se desde logo as cerimónias públicas fúnebres para quem quisesse participar. As pessoas enlutadas recebiam pêsames durante um mês e tinham mais um mês para agradecê-los. Também se tornou hábito agradecer através da imprensa o acompanhamento destas cerimónias e o recebimento de condolências.

A rádio e a televisão, que na segunda metade do século passado se impuseram como alternativa à divulgação da imprensa escrita, nunca se revestiram da intimidade necessária à necrologia, apenas divulgando os óbitos que se impunham pelo seu relevo noticioso. A maior interactividade que a internet proporciona, veio devolver ao universo da multimédia essa mesma intimidade perdida. A net é agora o espaço em que cabe um serviço noticioso de necrologia.

Os genealogistas têm na necrologia um manancial de registos a que recorrem como fonte para as suas investigações. No Geneall, quem tem acesso ao Geneall Plus, desde sempre que conta com uma relação dos últimos óbitos registados e a recordação diária dos óbitos que nesse dia cumprem mais um ano. A experiência dessa divulgação, aliada à procura que sentimos de um serviço especializado pelos nossos consulentes, levou-nos a pensar em criar um novo sitio comercialmente sustentado.

Para servir como espaço de divulgação necrológica, as edições Guarda-Mor, responsáveis pelo Geneall, passarão a disponibilizar na net um novo site: www.inmemoriam.com.pt

Com inmemoriam.com.pt pretende-se, por um lado, sistematizar e manter actualizada a informação necrológica, colmatando a lacuna que resulta, nos dias de hoje, da uma menor leitura de jornais diários, e consequentemente, dum menor acesso a esta informação. Por outro, constituir uma base de dados de informação com incidência decisiva na área da Genealogia, repescando, além do mais, os jornais dos séculos XIX e XX, de que alguns exemplos estão já acessíveis neste novo site.

12 junho 2012