No “Registo Genealógico das famílias que passaram à Madeira”, que o genealogista e investigador Luiz Peter Clode publicou em 1950 e constituiu uma importante obra de referência para o estudo das famílias daquela ilha, não existe qualquer referência ao apelido Aveiro. E no entanto, esta família - provavelmente originária dessa cidade - está radicada naquela ilha há, pelo menos, 400 anos, mantendo o uso continuado do apelido com a particularidade, pouco comum em Portugal, de o usar apenas precedido de um nome próprio, sem transmitir aos filhos qualquer “composição” com os apelidos dos cônjuges. Só mesmo no final do século XX foi quebrado esse costume pelo ramo da família que traria o apelido para as luzes da ribalta.
No nosso imaginário colectivo não existe a memória de alguém deste apelido que "por obras valerosas" se tenha da lei da morte libertado. Só mesmo o surgimento desse fenómeno galáctico que dá pelo nome de Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro trouxe notoriedade ao apelido da família de quem hoje todos conhecemos os nomes. É mais uma das suas muitas façanhas a juntar a tantas outras que a imprensa desportiva contabiliza em records. Sabe quem, com maior ou menor profundidade, estuda as genealogias da ilha, como os apelidos ali se repetem e são, frequentemente, os mesmos: Telo, Menezes, Perestrelo, Lomelino, Freitas, Camara, Drumond, Escórcio, Vasconcelos. É o resultado evidente e inevitável duma endogamia que não surpreende num espaço delimitado, rodeado de mar por todos os lados. Casam todos entre todos. E são sempre os mesmos, salvo o episódico desembarque de algum forasteiro que aporte gotas de sangue novo ao caldo genético dominante daquelas paragens.
Também estes muitos Aveiros que compõem a frondosa árvore que a nossa investigação veio revelar, se ligaram entre si e também com todas as famílias que atrás referimos. E assim sendo e sem surpresa, facilmente se conclui que o actual grande herói português de relevo mundial, Cristiano Ronaldo, é parente de todos na ilha da Madeira - como todos o são entre si - e é também por isso descendente de todos os primeiros povoadores que ali chegaram a partir de 1420 e, entre eles, da “casta grande” da ilha.
A sua genealogia, que investigámos e está ainda em desenvolvimento, revela a sua ascendência até onde conseguimos chegar através dos registos paroquiais e inclui as cinco bolas, que são, em número, exactamente as mesmas que, entre 2008 e 2017, têm premiado a sua fantástica e incomparável carreira desportiva de que todos, justificadamente, nos orgulhamos.
16 agosto 2018